terça-feira, dezembro 03, 2013

Tensão na Ucrânia

O embaixador americano mandou um recado para o Presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych: não usar força contra os manifestantes. Não adiantou. Assim que caiu a noite e os jornalistas se recolheram, a polícia não se intimidou e foi dura com os que ainda permaneciam em protesto contra o governo.

As manifestações fazem parte de mais um capítulo da história entre duas Ucrânias que ainda não se entendem desde que o país se tornou independente por volta de duas décadas atrás. Parte do território, situado ao lado leste do rio Dniper possui uma tendência em favor da Rússia. Do outro lado, pró-Ocidente. Este choque entre duas formas de ver o mundo tem gerado convulsões políticas.

Yanukovych tentou chegar ao poder em 2004, por meio de uma fraude nas eleições nacionais, na sucessão de Leonid Kuchma. Somente a Rússia reconheceu o resultado que levaria seu aliado ao poder. Depois de uma série de manifestações, o eleito Viktor Yushchenko, pró-Ocidente, chegou ao poder. Mas Yanukovych não desistiu e tentou de novo. Desta vez conseguiu. Chegou lá em 2010. Seus opositores, Viktor Yushchenko e Yulia Tymoshenko foram varridos dos salões. Esta última, inclusive está presa.

Yanukovych chegou ao poder com a missão de aproximar a Ucrânia da Rússia. Parte do país, entretanto, deseja uma aproximação com a União Européia e a Otan, coisa que Putin enxerga como uma ameaça. As negociações com Bruxelas prosseguiram. Depois dos acordos realizados, dias antes da formalização, Yanukovych vacilou. Disse, nos bastidores, que sentiu-se abandonado pela UE e sofre uma pressão enorme da Rússia. O povo, que deseja os padrões europeus, revoltou-se e ocupou a capital Kiev em protesto.

Com uma taxa de popularidade de 20%, Yanukovych não pode dar-se ao luxo de muitas aventuras políticas. Se conseguir manter-se no poder, certamente deixará o comando do país em 2015 e diante de uma classe política altamente corrupta, sabe-se lá o que pode acontecer. O Presidente preferiu confiar em Putin e Moscou. Jogou da maneira que se esperava, afinal somente os ingênuos poderiam crer em algo diferente.

Yanukovych fez aquilo para o qual foi eleito: aproximar seu país da Rússia. Não contava que este ato, aliado ao de desistir da União Européia, jogasse a Ucrânia em profunda revolta. Os próximos dias serão crucias - para ele e a Ucrânia.

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