sexta-feira, dezembro 21, 2007

Blair, o Católico

Agora é oficial, mas há muito já se especulava. Tony Blair converteu-se ao catolicismo nesta sexta-feira em uma cerimônia íntima na presença do Cardeal Cormac Murphy-O'Connor.

A mulher e os filhos do antigo Primeiro-Ministro britânico são católicos, ele é escocês e muitas vezes atendia a serviços da igreja católica com a sua família. Com o fim de seu governo muitos esperavam que finalmente ele apresentasse formalmente sua conversão ao catolicismo.

A chefe da Igreja Anglicana, sabe-se, é a Rainha Elizabeth II. O Arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, delcarou: "Um grande católico do século passado escreveu que a única razão para mover-se de uma família cristã para outra é aproximar-se de Deus. Rezo para que esse seja o resultado da decisão de Tony Blair em sua vida pessoal" .

Blair, que foi responsável por avanços importantes nas negociações entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte sentiu-se livre finalmente para tomar uma decisão pessoal, mas que se tomada no governo, poderia trazer problemas que poderiam afetar o processo de paz.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Bélgica. Finalmente um governo?

Já eram sete felizes meses sem governo, mas a Bélgica insiste em formar um executivo, pelo menos para atender os assuntos mais urgentes.

O governo ainda é provisório e deve funcionar até finais de março e foi articulado pelo Primeiro-Ministro que já deveria ter deixado o governo, Guy Verhofstadt. A coalizão funcionará com cinco partidos.

Mas isto não termina com o impasse entre flamencos, que exigem mais autonomia, e francófonos do sul. A Bélgica, em termos de governo, respira por aparelhos. E isto não é necessariamente uma má notícia.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Putin, a Personalidade do Ano

Pois a Time divulgou hoje sua escolha para a Pesonalidade do Ano de 2007. O Presidente (e provável) futuro Primeiro-Ministro da Rússia, Vladimir Putin, foi o eleito.

A escolha é polêmica, ainda mais considerando que os outros candidatos eram nomes de peso, como Al Gore.

Enfim, Putin foi escolhido pela sua enorme capacidade de fornecer estabilidade para seu país quando este mais necessitava. Vale lembrar, entretanto, o alto custo desta estabilidade, como falta de liberdade de expressão e diria até várias liberdades civis.

Mas se abrir mão das liberdades para obter estabilidade é o que conta, Putin tem o que comemorar, pois aos poucos se torna o novo Czar russo.

Mas prefiro ficar com Hayek e todos os pensadores liberais. Nada justifica a ausência da liberdade. E para terminar, uma pequena frase de Benjamin Franklin, talvez esquecida por aí..

"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança".

terça-feira, dezembro 18, 2007

Sarkozy sendo Sarkozy

Sarkozy assumiu, depois de mais de dois meses de separação de Cecília, que tem uma nova namorada, a bela Carla Bruni, de 39 anos.

Ela é italiana, já foi modelo, escreveu canções, cantou, gravou albuns. Tudo isto é o que menos interessa. O recado de Sarkozy chega a ser de um humor refinado, pois escolheu a parada de Natal na Euro Disney, nos arredores de Paris, para aparecer ao lado dela.

Se vai durar, não há como saber, mas Sarkozy deu o recado, no mesmo momento de timing político perfeito para um movimento que chamou a atenção da mídia. Afinal, era apenas Sarkô sendo Sarkô.

sábado, dezembro 15, 2007

Depois de Paris, Kadhafi na Espanha

(de cidade da Praia, Cabo Verde). Logo que deixei a Espanha fiquei sabendo que o Coronel Muammar Kadhafi estaria pousando em Sevilla para uma série de visitas oficiais. O líder líbio parece estar realmente determinado a construir uma nova imagem perante os líderes ocidentais.

Chegado de Paris, Kadhafi ficará quarto dias na Espanha, começando por Sevilha. Segundo os jornais ABC e El Mundo, de tendência mais conservadora, um encontro com o ex-Presidente de Governo José María Aznar deve ocorrer ainda hoje.

Nos dias restantes, Kadhafi encontra-se com o atual Presidente de Governo, José Luis Rodrigues Zapatero e almoça com o Rei Juan Carlos.

Ainda é muito difícil não ser cético em relação a Kadhafi, entretanto, se seus movimentos são genuínos, ele pode representar uma ponte geopolítica muito importante em relação ao mundo árabe.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

O Futuro do Kosovo passa por Belgrado

(de Tenerife, Espanha). O prazo chegou ao final e nada foi decidido. A idéia reinante em Bruxelas é no sentido que enxergar a União Européia como um mecanismo facilitador para qualquer tipo de acerto. O tema foi discutido no Conselho de Europeu dos Chefes de Governo durante esta semana.

O Kosovo deve ser independente, esta é a minha posição, ou seja, não é possível que o território volte ao domínio sérvio. Esta também é a opinião de muitos analistas e de alguns chefes de Estado, como Nicolas Sarkozy. O Presidente francês deixou claro sua posição em Bruxelas, quando disse que a independência do Kosovo é inevitável.

Para alcançar isso, a UE acenou com a possibilidade de barganhar com Belgadro um acesso rápido da Sérvia para o clube Europeu. Entretanto, mesmo antes de a oferta ser formalmente realizada, o Ministro sérvio de Relações Exteriores, Vuk Jeremic, disse que iria se opor a qualquer oferta neste sentido.

Acredito que a UE deve estar atenta aos reais oferecimentos dos russos para o governo de Belgrado em contrapartida, o que pode aumentar a barganha, já que Moscou deseja deixar a Sérvia como sua área de sua influência.

Os interesses econômicos são importantes, mas o negociadores devem estar cada vez mais atentos as raízes dos povos em questão, sua história e conexões culturais. Resta saber se Belgrado está mais próxima de Bruxelas ou de Moscou.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Dimitri Medvedev. O nome de Putin para governar a Rússia

(de Casablanca, Marrocos). Finalmente Putin escolheu o nome que representará seu grupo político nas eleições de 2 de março. Será Dimitri Medvedev.

Pode-se dizer que o nome do atual vice-primeiro ministro foi recebido com surpresa por uns e com naturalidade por outros. Explico. Especulava-se que Putin buscaria um nome fraco para ocupar a Presidência, enquanto prepararia sua volta – isto facilitaria enormemente o processo. Neste sentido o nome de Medvenev é uma surpresa, pois é um nome forte. Mas se de um lado as coisas são vistas desta forma, de outra, seu nome é encarado também como uma opção natural, já que era um dos dois principais colaboradores de Putin, juntamente com Ivanov.

Medvenev é de S. Petesburgo, ou seja, faz parte do grupo fiel a Putin e tem a mesma origem geográfica que o Presidente. Entretanto, Medvenev nunca fez parte dos quadros da KGB ou da sucessora, FSB, não sendo desta forma um silovoki puro, ou seja, o grupo oriundo dos serviços de inteligência que mantém o controle sobre a Rússia atualmente.

Com 42 anos, Medvenev é um nome com muito mais futuro que passado na política russa. Sua escolha, portanto, mostra o alto grau de confiança que Putin coloca em seu aliado. Naturalmente Medvenev já sugeriu o nome de Putin como Primeiro-Ministro se vencer as eleições. A avalassadora vitória do partido de Putin, “Rússia Unida”, nas eleições mostrou o peso da liderança do atual Presidente, que encabeçou as listas.

Finalmente a política russa começa a tomar os contornos idealizados por Putin. Os movimentos iniciados já fornecem uma idéia mas clara do que virá. Medvenev como Presidente, Putin como Primeiro-Ministro. Este é o caminho que seguirá a Rússia, pelo menos no curto prazo. Uma inversão destes papéis no futuro não pode ser descartada.

sábado, dezembro 08, 2007

Prodi pede voto de confiança na Itália

(de Málaga, Espanha). O governo de Romano Prodi sempre se equilibra de forma perigosa no poder. Desta vez não foi diferente. O Primeiro-Ministro italiano propõe mudanças substanciais na lei de imigração. O ponto polêmico é a possibilidade de expulsão de cidadãos de outros membros da UE que sejam considerados perigosos pela Itália.

A proposta de Prodi é polêmica, e na minha opinião equivocada. Primeiro porque é populista – uma lei desta calibre não pode basear-se apenas na situação detonada pelos imigrantes romenos. Além do mais expulsar pessoas de seu território não resolve problema algum, apenas pode passar a vaga sensação de que o governo está agindo. O outro motivo é a UE. A lei entra em choque com todos os elementos de integração na qual a União Européia é baseada.

Assim, as medidas foram atacadas tanto pela esquerda como pela direita italiana e Prodi pediu um voto de confiança ao Parlamento. Seu governo somente salvou-se (mais uma vez) da demissão porque os senadores vitalícios novamente salvaram o PM da degola. Foram 160 votos a favor e 158 contra. O processo da confiança foi vencido, mas agora a polêmica lei de imigração vai a votação.

A medida de Prodi pode ser um daqueles elementos que podem levar a deterioração da UE no longo prazo. Se a União deseja continuar a existir, deve se ater aos seus elementos fundamentais e basilares, de outro modo, a engenharia da UE, presente em um continente tão complicado e complexo como o Europeu, estará com os dias contados.

Bruxelas deve ficar com olhos bem abertos e atenta aos movimentos políticos atuais em Roma.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Yulia está de volta

(de Tunis, Tunísia). Yulia Timoshenko está de volta formalmente ao jogo do poder na Ucrânia. Este é um fato muito importante para o Oeste e para aqueles que defendem uma maior aproximação da Ucrânia com a União Européia e Estados Unidos.

Respeitando o resultado das eleições, Viktor Yushenko pediu ao parlamento que aceite o nome da bela Yulia como a nova Primeira-Ministra. É uma segunda chance para o grupo de Yushenko e Yulia, que não resistiu por muito tempo depois da Revolução Laranja.

Yanukovich deixa o poder e as relações com a Rússia devem passar por uma fase delicada. Cabe exclusivamente a Yulia e Yushenko acharem a sintonia fina necessária para que Ucrânia se mova definitivamente ao Ocidente. Talvez seja a mais preciosa e também última chance do grupo laranja.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

CDU reclama comando alemão pleno

(de Dubrovnik, Croácia). A "grande coalizão" que governa a Alemanha tende a dissolver-se em breve. O Congresso da CDU terminou ontem em Hannover com um grande show de Angela Merkel. Ela é, sem dúvida, a grande liderança do partido.

Merkel atacou o SPD, que se move em direção ao socialismo, de acordo com o termo cunhado no último congresso das esquerdas alemãs. As palavras de Merkel, que veio do Leste alemão, foram definitivas e reproduzo aqui porque considero impecáveis:

"O socialismo causou suficientes danos na Alemanha. Não queremos nunca mais o socialismo, não podemos nunca mais nos submeter e perder nossa liberdade. Socialismo democrático é uma contradição em si mesma, não encaixa na mesam lógica. O socialismo sempre acaba em totalitarismo".

Ela foi impecável. Merkel é fabulosa.

sexta-feira, novembro 30, 2007

A Bélgica em Crise

(de Veneza, Itália). A Bélgica ainda não achou uma solução para a crise de identidade que afeta o país. Completamente dividida, a Bélgica está sem governo há mais de 170 dias.

Tudo indica que o vencedor das eleições, Yves Leterme, deve desistir, pois seus esforços de formar um governo estão sendo em vão.

Estive há pouco em Bruxelas e por lá cresce um movimento de orgulho em relação a país, um último esforço daqueles que sentem-se belgas para que o país não termine. Vejam a foto que publico com esta postagem.

Entretanto, o Guy Verhofstadt, o primeiro-ministro que deveria sair continua despachando ordinariamente, enquanto o impasse não se resolve.

A Bélgica segundo uma piada entre os liberais é o melhor exemplo que uma sociedade pode sobreviver muito bem sem governo..

quarta-feira, novembro 28, 2007

Kosovo e Sérvia. Fracassa a tentativa de acordo

(de Viena, Áustria). Acabou em Baden, na Alemanha, a rodada de negociações entre Kosovo e Sérvia, amparados pela mediação internacional, com o objetivo de definir o futuro do Kosovo.

Tudo ficou como estava. A Sérvia propõe ampla autonomia, enquanto o Kosovo não aceita nada menos do que a independência.

Atualmente o Kosovo é administrado pela ONU e depois das eleições ocorridas recentemente, tudo indica que uma decisão de independência unilateral seja declarada. Pelo menos esta é a posição do Primeiro-Ministro Hashim Thaçi.

Se esperava aqui em Viena, onde ocorreram grande parte das negociações, que algo pudesse ser acordado até o prazo final, dia 10 de dezembro, mas depois da reunião fracassada em Baden, decidiu-se que o período de negociações com a mediação atual foi encerrado.

terça-feira, novembro 27, 2007

O futuro da Grécia

(de Viena, Áustria). A Grécia precisa de reformas, especialmente aquelas que podem levar mais liberdade econômica e dar musculatura ao potencial que o possui. Durante os dias que passei em Atenas verifiquei as reações e o território político por onde circula o governo recém reeleito de Costas Karamanlis.

O Primeiro-Ministro lançou-se em um jogo arriscado, assim como vários outros governantes que cederam aos pedidos partidários de antecipação das eleições. O resultado foi que sua base parlamentar saiu arranhada, com a perda de 14 cadeiras no Parlamento. O bloco conservador de Karamanlis agora possui uma estreita margem de 2 votos a favor, em um Parlamento com 300 membros.

Há 30 anos não se enxergava um Parlamento tão equilibrado na Grécia. Isto significa que o principal objetivo de Karamanlis, que residia no avanço das propostas de livre mercado, talvez seja bloqueado pelo grupo alinhado mais a esquerda. Seria uma pena para a Grécia.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Berlusconi prepara sua volta?

(de Atenas, Grécia). Já há alguns dias gostaria de registrar o anúncio de Berlusconi, que deu sinais de sua estratégia de retorno ao poder.

O ex-Primeiro Ministro disse que o sistema bipartidário italiano não funciona mais e que uma reforma política é imperativa na Itália. Assim nasceu seu novo partido, que ainda não tem nome, mas nasce com o sugestivo nome de "O Povo da Liberdade" ou " Partido da Liberdade", como especulamos há alguns meses.

Seria a bela líder dos Círculos pela Liberdade, Michela Vittoria Brambilla um dos trunfos de Berlusconi? Vale a pena ficar atento. A política italiana é mesmo curiosa..

domingo, novembro 18, 2007

O Gabinete de Tusk

(de Varsóvia, Polônia). A capital da Polônia é um lugar admirável. Atacada e ocupada diversas vezes soube manter sua beleza e os poloneses sua alma. A cidade, que recebe fundos da União Européia representa muito a nova Polônia que emergiu com o fim do pesadelo do comunismo. Em Varsósia Donald Tusk tomou posse como o novo Primeiro-Ministro, assim como seu gabinete, que durou duas semanas a mais do se esperava para ser fechado e apresentado.

O gabinete de Tusk difere muito do shadow cabinet que mantinha como líder da oposição. Isto claramente representa o jogo de forças parlamentares que ele representa, mas aqui em Varsóvia se fala muito da força com a qual seu partido, o Plataforma Cívica, apresentou nas eleições, alcançando a maioria da Sejm, câmara baixa do parlamento polonês. Nas últimas eleições, em 2005, o PO havia atraído 2,5 milhões de eleitores. Nesta eleição, além de seus votantes, contou com a atração de mais de 1,5 milhão de novos eleitores, em especial, curiosamente, 500 mil vindos do PiS dos irmãos Kaczyński. Vale lembrar que a eleição teve caráter plebiscitário para o PiS, que jogou suas fichas em uma estratégia equivocada e arriscada.

A primeira boa notícia do governo Tusk é a redução do número de ministérios, de 19 para 17. A segunda é um razoável número de experts independentes, que podem trazer uma formidável renovação em diversas pastas. Vejamos em um primeiro plano a política exterior. O ministro da Defesa, Bogdan Klich (PO) já foi responsável pela relação da Polônia com a Otan e o novo titular da pasta de Relações Exteriores, Radoslaw Sikorski, já serviu na pasta da Defesa durante parte do governo de Kaczyński. A indicação que fica é no sentido de que Tusk será muito pragmático e não pretende comprometer suas boas relações com os Estados Unidos. Uma tendência de mais preocupação com o papel da Polônia frente a UE é esperado, mas de forma dosada, na minha opinião.

Os ministérios das Finanças, Justiça, Educação e Desenvolvimento Regional ficaram com nomes sem ligação com partidos políticos. A tarefa mais difícil, na minha opinião, está nas mãos de Zbigniew Cwiakalki, que substitui Zbigniew Ziobro, foco de discórdia no país, uma vez que tendia a uma postura agressiva, quase intimidatória dos Kaczyńskis. Cwiakalki, um respeitado professor de Direito, deve corrigir isso.

O ministro do Interior, estratégico em todos os países europeus, não poderia ficar longe da influência direta de Tusk. Grzegorz Schtyna, que já foi secretário-geral do PO e amigo pessoal de Tusk assumiu a pasta.

Por fim, uma das mais importantes tarefas, a regulação dos serviços privatizados ficará com um nome do PO, Aleksander Grad.

Percebe-se que Tusk blindou um núcleo central, fundamental na estrutura política, ligando a espinha dorsal do governo ao PO. Deixou uma área gerencial a cargo dos técnicos e deu sinais claros do que pretende fazer em política exterior.

Esta foi a impressão que tive aqui em Varsóvia sobre o que será o novo governo. Hoje a Polônia tem uma direita liberal e moderna. Acredito muito em Tusk e sou um entusiasta das mudanças saudáveis que seu governo pode trazer para a Polônia, para mim, o mais admirável país do antigo Leste Europeu aterrorizado pelo comunismo.

Vamos conferir, analisar e acompanhar as mudanças.

sábado, novembro 17, 2007

Tusk assume na Polônia

(De Viena, Áustria). Na última semana Donald Tusk assumiu de fato as rédeas do governo na Polônia.

O partido de Tusk venceu as eleições contra o Lei e Justiça (PiS), partido dos irmãos Kaczynski, que governaram a Polônia por cerca de três anos. O PO de Tusk elegeu 209 deputados de uma assembléia de 460 e para formar maioria absoluta entrou em acordo com o partido campesino (PSL) que fornece os valiosos 31 deputados necessários para a maioria.

Apesar de Jaroslaw Kaczynski ter deixado o poder, seu irmão segue como Presidente do país e aí está o ponto de atrito que pode trazer problemas.

Os irmãos Kaczynski, em especial Jaroslaw, conduziam a economia da Polônia com sucesso, dentro de altas taxas de crescimento. Entretanto, o problema residia em especial na agenda moral do PiS, que levou a Polônia a certos embates, inclusive internacionais. Os Kaczynski levaram a Polônia a uma espécie de cruzada moral em defesa de valores tradicionais e católicos, uma agenda que continha inclusive ataques, mesmo que verbais, contra homossexuais. Isto irritou os partidos mais liberais, como o Plataforma Cívica, que chega ao poder agora.

Apesar de gostar em certa medida das políticas de cunho econômico do PiS, realmente sua cruzada moral foi além do aceitável. Acredito que as pessoas tenham plena liberdade, limitadas pelas liberdades alheias. O PiS pareceu não entender isso.

A Polônia toma um novo rumo com o Plataforma Cívica. Apesar de divergir de algumas de sua políticas internacionais, acredito que podem acabar com a rebeldia dos Kaczynski, especialmente em relação a Europa. Quanto a aproximação com os Estados Unidos, acredito que o pragmatismo de Tusk pode ser mais forte, abrindo flancos de negociação quanto aos pontos chave, como a implantação do escudo de mísseis na Polônia.

No fundo acredito que é uma boa mudança. Estarei em Varsóvia nos próximos dias para acompanhar os primeiros passos da nova política de Tusk e do Plataforma Cívica. Por enquanto, cabe aos gêmeos Kaczynski, especial ao irmão Lech, que segue na Presidência, um pouco mais de moderação e equilíbrio e respeito pelas liberdades individuais.

sexta-feira, novembro 16, 2007

A volta do Partido Único na Rússia?

De Viena, Áustria. Este cartaz ao lado faz parte da campanha do patido de Valdimir Putin para as eleições parlamentares que ocorrerão em dezembro. Como já disse aqui, a tática anunciada por Putin para manter o poder passa pela Duma.

Proibido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato, Putin anunciou que encabeçará as listas de seu partido para as eleições parlamentares. Isto leva a uma situação inusitada. Com altas taxas de popularidade, Putin será uma locomotiva de atração de votos para seu partido, Rússia Unida. Este fato servirá praticamente para extingüir o pluripartidarismo no país.

A lei eleitoral russa fixa uma cláusula de barreira de 7% para os partidos políticos. Na atual situação, com Putin encabeçando as listas da Rússia Unida (RU), este atingiria 67% dos votos, ou 372 deputados. O único outro partido capaz de ultrapassar a cláusula será o comunista, com 14%. Vale lembrar que a Duma possui 450 deputados.

Portanto, a impossibilidade de um terceiro mandato consecutivo servirá de justificativa para a avassaladora vitória da Rússia Unida, pelas mãos de Putin. Depois de conseguir praticamente o controle total do parlamento, o atual Presidente poderá voltar ao Kremlin.

A disputa presidencial para escolha daquele que esquentará o lugar para a volta de Putin ao poder está equilibrada. Serguei Ivanov tem 25% e Dmitri Medvedev 24%. Mas aposto minhas fichas em um candidato mais fraco, que não faça sombra para a volta de Putin, o atual Primeiro-Ministro Victor Zubkov, que já possui 20% e será catapultado a uma vitória com a ajuda do Presidente, se for escolhido como candidato dos "siloviki".

Dezembro poderá ser o mês da grande virada sonhada por muitos na Rússia, o dia em que o país voltará aos tempos de partido único, praticamente institucionalizando a lei dos "siloviki". Mas como sempre digo, por enquanto, "nyet faktov, tolko versii". A conferir, com extrema atenção. Vale lembrar que observadores internacionais não serão admitidos para acompanhar as eleições.

quinta-feira, novembro 15, 2007

O primeiro grande teste de Sarkozy

De Viena, Áustria. Como prometido pelos sindicatos, finalmente a onda de greves começou na França. O objetivo é frear uma reforma no sistema de previdência proposto pelo governo de Nicolas Sarkozy. Este, entretanto, é o primeiro ato de um processo que deve continuar pelos próximos anos, já que esta é apenas a primeira reforma robusta que Sarkozy pretende passar contra os privilégios de certos grupos na economia francesa. Depois da previdência, virá a grande e profunda reforma, no próxima ano: a trabalhista.

Mas um fato deve ser ressaltado nesta semana de agitações pela França: o apoio recebido pelo seu Presidente. A maioria dos franceses está ao lado de Sarkozy e até os jornais mais identificados com a esquerda, como o Libération, mostram pesquisas que apontam quase 60% de apoio da população em relação as medidas. O apoio certamente é maior do que isso.

Além do mais, Sarkozy não entrou despreparado nesta guerra. Primeiro, vale lembrar, foi eleito pela imensa maioria dos franceses com a promessa de acabar com os resquícios de 1968 e de reformar as arcaicas estruturas paternalistas francesas, que em diversos casos acabam com a inovação, dinamismo e oportunidades. "A França precisa trabalhar mais e melhor", disse Sarkozy na campanha. Sua estratégia está sendo posta em prática.

Vale lembrar também que os protestos já estão cedendo e que a adesão está abaixo do esperado, especialmente perdendo terreno para aqueles que aos poucos voltam ao trabalho. A possibilidade de se criar uma frente única contra Sarkozy perde força, apesar da paralisação de várias universidades, cerca de 1/3. A líder estudantil Julie Coudry, da Confederação Nacional dos Estudantes, que colocou Chirac de joelhos há 18 meses, está ao lado de Sarkozy e contra a paralisação. Pelo visto as chances de uma frente única contra o Presidente se dissipam na medida que o movimento se enfranquece e suas frentes apresentam fissuras.

Mas como disse, tudo isso é um teste. Sarkozy tem reformas muito audaciosas pela frente e estas manifestações servem apenas como um teste para sua rede de apoios que sustentarão o grande passo e a profundas reformas que vem pela frente.

quarta-feira, novembro 14, 2007

SPD precisa se entender na Alemanha

De Viena, Áustria. Pobre do SPD alemão. O partido de esquerda anda destroçado (assim como suas políticas) desde que deixou o comando do país. As perspectivas são cada vez piores, assim como as intenções de voto que recebe nas pesquisas. O partido não soube renovar-se e tampouco fazer diferença positiva na grande coalizão que governa a Alemanha.

Do outro lado, na coalização democrata-liberal-conservadora-cristã, liderada pela CDU e seu habitual parceiro sediado em Munique, o CSU, os ventos parecem ser cada vez mais favoráveis especialmente pela popular administração de Angela Merkel frente ao pais. O CSU enfrenta problemas na Bavária, com Edmund Stoiber, o que já não é novidade, mas a fortaleza que o partido possui na região certamente garante sua sobrevivência tranquila nas esferas de poder. Portanto, com uma administração elogiada, uma presença internacional admirável e uma política interna de sucessos, Merkel tem tudo para conseguir facilmente a reeleição.

Este é o ponto de fricção na Alemanha, as próximas eleições. Com um SPD enfraquecido e um governo (de coalizão com os social democratas) popular pelas mãos de Merkel, tudo leva a crer que a grande aliança que dirige a Alemanha pode romper e CDU/CSU passarem a governar sozinhos a partir de 2009.

O debate está posto porque o Vice-Chanceler social democrata de Merkel, Franz Müntefering, acaba de deixar o governo (para cuidar de sua esposa com um grave problema de saúde) e isto abriu uma guerra de acomodações no SPD. A ala mais a esquerda, representada por Andrea Nahles, deseja controlar mais o governo de Merkel. Entretanto, o novo Vice-Chanceler do SPD, Frank-Walter Steinmeier não pensa da mesma forma, já que seu nome desponta talvez como a única possibilidade (mesmo que remota) de pelo menos manter a coalizão e um naco do poder federal alemão.

Vale a pena acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Merkel é extremamente hábil e entende os prós e contras em ter o SPD como aliado. Entretanto, se o SPD começar a jogar pesado, seu jogo poderá levá-lo para longe de Berlim e das decisões do governo federal.

terça-feira, novembro 13, 2007

Dinamarca: Três vezes Rasmussen!

De Dublin, Irlanda. A centro-direita vence mais uma eleição na Europa. Anders Fogh Rasmussen liquidou a fatura em uma eleição que deveria ocorrer em 2009, mas que foi adiantada para finais deste ano.

Rasmussen é um dos grandes líderes da centro-direita mundial e admiro muito seu governo, que se aproxima muito de minhas convicções políticas. Seu trabalho frente ao partido liberal levou a quebra da hegemônia das esquerdas que governavam o país há anos e sua vitória representa a primeira vez que os liberais ganham três eleições consecutivas.

O parlamento dinamarquês terá maioria formada pela coalizão liderada por Rasmussen, que alcançou 50,5% dos votos. Entretanto fica ums dúvida no sentido de descobrir como o Partido Liberal deseja formar sua coalizão e neste ponto entra o jogo político, onde a senha se chama imigração.

Se a coalizão receber o apoio do Danish People’s Party (DPP), mesmo fora do governo, apenas de forma pontual, estará selando um acordo com um partido que se opõe claramente a qualquer tipo de imigração. Vale lembrar que Rasmussen foi reeleito no embalo de suas políticas liberais que geraram, naturalmente, uma economia próspera e saudável e que já apresenta falta de pessoas que ocupem postos de trabalho - faltam trabalhadores e sobra trabalho na Dinamarca. A única forma conhecida de preencher este vazio no curto prazo é via imigração.

Bem, os desafios são grandes e a bela líder da oposição, a social-democrata Helle Thorning-Schmidt disse que derrotará Rasmussen nas próximas eleições - algo improvável, por dois motivos. Tudo indica que Rasmussen está de malas prontas para Bruxelas e não deve terminar este mandato, além disso, os social-democratas não agregaram votos de forma sensível desta vez. Uma mudança de estratégia é necessária na esquerda dinamarquesa, atropelada pela terceira vez pela coalizão liberal-conservadora. Rasmussen aplicou uma mudança de fundo na política dinamarquesa, aliado a um sucesso administrativo brutal, algo que a esquerda ainda não assimilou.

Portanto, para entender o caminho que seguirá a Dinamarca, é melhor ficar atento aos movimentos e coalizões que devem ser fechadas na formação do terceiro (e provavelmente último) governo de Rasmussen em Copenhague.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Ainda sobre Washington

De Madrid, Espanha. A semana passada, que por coincidências profissionais passei em Washington, foi a semana dos líderes europeus nos Estados Unidos.

Certamente a visita mais comentada foi a de Sarkozy, que comentei em algumas postagens. A visita de Angela Merkel também tem amplo significado, já que o Irã esteve na pauta. Ela esteve no rancho dos Bush, em Crawford, no Texas.

Veremos resultados sobre isso esta semana, no encontro entre Sarkozy e Merkel. Algumas definiçoes importantes podem surgir depois do encontro com Bush.

Uma visita menos comentada foi a do Primeiro-Ministro truco Recep Tayyip Erdoğan. Ele e seu partido são peças fundamentais no xadrez político do Oriente Médio. A Turquia, secular, de maioria islâmica, membro da Otan, faz fronteira com o Iraque e tem sofrido com as açoes do PKK, algo que ainda pretendo tratar neste espaço.

Esta será a semana de acompanhar os movimentos da Turquia e os resultados do encontro entre Merkel e Sarkozy.

domingo, novembro 11, 2007

"¿Por qué no se calla?"

De Madrid, Espanha. Depois da visita histórica realizada a Ceuta e Melilla, o Rei Juan Carlos foi ao Chile participar da reunião de cupúla Iberoamericana, um foro idealizado pelo monarca.

O tom do encontro ficou marcado pela brilhante atitude íntegra do Rei espanhol. Hugo Chávez, que não encontra limite ou bom senso e abusa da molecagem, interrompeu por várias vezes o chefe de governo da Espanha em seu discurso e em uma delas para atacar o ex-presidente Aznar, chamando-o de fascista. Zapareto reagiu e saiu em defesa de Aznar, o que surpreendeu, mas o Rei interrompeu Chávez e foi direto:

"¿Por qué no se calla?"

Quem conhece o Rei Juan Carlos sabe de sua conduta serena e democrática. Chávez tomou um puxão de orelha moral que nunca esquecerá.

Em ato contínuo, o presidente Daniel Ortega, mais uma das marionetes de Chávez, como o cocaleiro-presidente Evo Morales, atacou as empresas espanholas. Era o que faltava. O Rei espanhol levantou-se e deixou a reunião em sinal de protesto.

Juan Carlos atuou como estadista. Acabo de chegar em Madrid e a notícia é capa de todos os jornais, exaltando a atitude do Rei. Digno de um homem de estado que não se apequena frente aos insultos de corruptos pseudo-ditadores de esquerda latino americanos. Ele estava representando todos os espanhóis e evitou que a nação ficasse desmoralizada. Há muito que aprender com os colonizadores.

PS: Aznar ligou para Zapatero e ao Rei Juan Carlos para agradecê-los.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Sarkozy ovacionado em Washington

De Washington, DC, EUA. Sessão conjunta em um Capitólio lotado. 500 parlamentares americanos. 25 interrupções com calorosos aplausos. Este foi o cenário onde Nicolas Sarkozy selou a reconciliação da França com a América.

O Chefe de Estado francês foi cortês, amável e sincero. Falou de sua admiração pela América, do agradecimento eterno que a Franca possui com os Estados Unidos, que libertaram seu país na Segunda Guerra e de que espera que uma parceria madura e histórica seja consolidada, uma relação que começou a indepedência e que deve persistir sempre, afinal França e Estados Unidos defendem a liberdade e a democracia.

Não faltaram temas difíceis, como o retorno da França a Otan, 11 de Setembro, Irã, Kosovo e economia. Os americanos ouviram com atenção. Foram palavras inspiradoras, especialmente no que tange a paz entre Israel e Palestina e a ajuda internacional para que o Líbano tenha um governo soberano e democrático, escolhido por seu próprio povo.

Foi memorável, um acontecimento histórico que no futuro será tratado com a devida importância.

Sarkozy foi ovacionado e retorna a Paris com o principal movimento de sua política externa consolidado.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Rendez-vous com a América

De Washington, DC, EUA. Durante a noite de ontem a Atlas Economic Research Foundation realizava seu Annual Freedom Dinner, no hotel The Willard InterContinental. Distante cerca de 800 metros de nós, na mesma Pennsylvania Ave, Sarkozy era recebido na Casa Branca por George Bush.

A capital americana abriu suas portas para Sarkozy. A imprensa deixou isto muito claro. Aqui em Washington ainda existe um ressentimento pela forma dura e instransigente de Chirac em relação ao Iraque, mas as feridas parecem ter cicatrizado e o atual Presidente francês é o responsável por isto.

Mas isso não significa submissão ou apoio incondicional. Quem viu a postura e a lição que Sarkozy passou na jornalista americana Lesley Stahl do programa "60 Minutes" da CBS não tem dúvida disso. O Presidente francês apresenta-se sobretudo como um bom amigo dos EUA. Defendem os mesmos valores e ideiais e por isso naturalmente convergem em posições políticas comuns.

O fato é que as relações entre França e Estados Unidos estão em outro patamar e o discurso de Sarkozy hoje aqui em Washington certamente deixará isto claro. Vamos acompanhar como será recebido no Capitólio.

terça-feira, novembro 06, 2007

Sarkozy dá lição de agilidade diplomática em Zapatero

De Madrid, Espanha. O Presidente de Governo da Espanha, José Luis Rodrigues Zapatero, não sabia o que dizer. O ministro de Assuntos Exteriores, Miguél Ángel Moratinos, não sabia onde se esconder.

Afinal de contas, quem libertou as aeromoças espanholas no Chade foi o Presidente da França, Nicolas Sarkozy.

Aliás como era de se esperar, enquanto o governo de Madrid não sabia o que dizer nem fazer, enviando um cônsul de Camarões ao Chade para tentar negociar alguma coisa sem qualquer possibilidade de êxito, a França tomou a frente. Sarkozy embarcou no avião presidencial até o Chade e resolveu o assunto pessoalmente. Enquanto Zapatero cruzava os braços, o francês tomou as rédeas da situação.

Aznar, que aprovou a solução de Sarkozy, sentiu-se humilhado pela inoperãncia do governo espanhol em acudir seus nacionais em perigo. A imprensa espanhola também não poupou o atrapalhado governo Zapatero. Inclusive o esquerdista El País, que sempre está ao lado do PSOE, criticou fortemente o governo espanhol, alertando para a cena humilhante de Moratinos tentando "aparecer na foto" da chegada de Sarkozy com as aeromoças espanholas.

Presas há 10 dias acusadas de serem cúmplices da tentativa de uma ONG de levar 103 crianças africanas para a Europa, as aeromoças foram libertadas por Sarkozy, juntamente com três jornalistas franceses. Ainda seis voluntários franceses, diretamente envolvidos, juntamente com três espanhóis da tripulação seguem presos em N'Djamena, capital no Chade.

Mas o trabalho ainda não terminou. Segundo Sarkozy, sua meta é "buscar todos que ainda estejam no Chade, não importa o que tenham feito" e ainda acrescentou: "O papel do chefe de Estado é cuidar de todos os franceses".

Mais uma vez ficou evidente a falta de liderança de um passivo Zapatero e a agilidade eficaz de Sarkozy, que apesar de ser classificado como hiperativo, parece ser um dos poucos líderes mundiais que realmente atuam com a rapidez e segurança esperada de grandes Estadistas.

A França aos poucos retoma seu lugar de direito no mundo, gracas ao seu hiperativo Presidente.

domingo, novembro 04, 2007

Reis espanhóis visitam Ceuta e Melilla

De Madrid, Espanha. D. Juan Carlos I e a Rainha Sofia visitarão as cidades de Ceuta e Melilla no decorrer desta semana. É uma viagem emblemática que mexe com os brios dos marroquinos e suas relações com a Espanha.

As duas cidades, encravadas no limite da África são um entre os vários pontos de discórdia que existem entre Espanha e Marrocos. A visita do Chefe de Estado espanhol tem um significado forte.

As primeiras retaliações já iniciaram com o retorno temporário a Rabat do Embaixador marroquino em Madrid. O governo enxerga a visita como uma afronta. Não deveria, afinal de contas as duas cidades fazem parte da Espanha e inclusive contam com deputados no Congresso.

Ceuta tem raízes ibéricas desde 1415 quando foi conquista por Portugal e desde 1668 faz parte formalmente da Espanha. Melilla depende da Coroa de Castilha desde 1497 e teve suas fronteiras com o Marrocos definidas pelo Tratado de Wad-Ras em 1860.

Mas a polêmica está posta e certamente ocupará o espaço político desta semana na Espanha. Valerá a pena acompanhar as repercussões, afinal, apesar de D. Juan Carlos ter visitado as cidades em 1970, este ainda não era Rei. O último monarca espanhol a visitar Ceuta e Melilla foi Afonso XIII em 1927.

sábado, novembro 03, 2007

O fim da tolerância na Itália

De Madrid, Espanha. Tudo indica que a paciência dos italianos se esgotou. O alvo são os romenos, acusados de cometer uma onda de crimes na Itália. Os imigrantes deste antigo país socialista, que tornou-se pobre e triste durante a ditadura de esquerda de Ceauşescu, já chegam a 500.000.

O governo de Romano Prodi tomou uma decisão drástica, mediante um decreto urgente. A partir de agora, cidadãos membros de países da UE poderão ser expulsos da Itália. A varredura começou pelos romenos: aviões e ônibus já partem em direção a Bucareste cheios de cidadãos daquele país.

O italianos parecem satisfeitos com a medida, mas os romenos honestos sofrem a pressão pelos atos daqueles que danificam sua imagem. Uma equação difícil de resolver, mas já levada adiante por Prodi. A onda de crimes assustou os italianos, mas fica a dúvida sobre se esta é a melhor medida, afinal de contas em que sentido se move a União Européia? Afinal de contas, coisas como essas deveriam ter sido levadas em consideração quando a Romênia foi aceita na União. O Primeiro-Ministro romeno, Calin Tariceanu, já está com viagem marcada para Roma.

Agora acusam os italianos de xenófobos. Certamente os que fazem essas acusações aos italianos não passaram ainda uma temporada em Viena...

Ao fim e ao cabo fica a pergunta: quantas UE's existem dentro da UE? E neste caso, existe realmente uma UE?

quinta-feira, novembro 01, 2007

O massacre de Madrid, sem autoria intelectual

De Turin, Itália. Finalmente o julgamento do massacre de 11 março em Madrid, aquele que matou 191 pessoas, e levou os socialistas ao poder na Espanha, chegou ao fim.

O resultado é decepcionante, muito aquém do que todos esperavam, especialmente as famílias daqueles que padeceram frente a carnificina dos terroristas.

Sempre aprendi, que para descobrir o autor de qualquer ato, mesmo que seja oculto, é preciso perguntar-se quem ganha e quem perde. Está claro quem ganhou e perdeu com o 11-M em Madrid. O ETA tirou a política agressiva anti-terrrorista do Partido Popular do caminho, reorganizando-se e rearmando-se nestes quatro anos de Zapatero. O radicais islâmicos conseguiram que os militares espanhóis deixassem a missão no Iraque. Os socialistas e Zapatero foram alçados ao poder. A Espanha caiu de joelhos, acovardou-se frente ao terrorismo e cedeu a suas chantagens calibradas com bombas, quando elegeu o PSOE.

Muito ocorreu naqueles dias. Os socialistas, abastecido com fontes no serviço de inteligência, recebiam informações mais rapidamente que o Ministério do Interior, e assim conseguiram manipular a opinião pública. Altos dirigentes socialistas, inclusive antigos valetes do partido, foram a uma penitenciária visitar o antigo chefe de inteligência de Felipe González. Repito, muito ocorreu entre 11 e 14 de março de 2004.

Os ataques não tiveram característica suicidas. Eram somente islâmicos? E os encontros entre o ETA e terroristas islâmicos na Argélia antes dos ataques?

O resultado do julgamento, como disse, decepcionou. O primeiro ponto triste está claro: não foi possível determinar a autoria intelectual do atentado - exatamente o ponto fulcral para encontrar algum vestígio do ETA. Mohamed, "o egípcio" não foi condenado por isso. Hassan el Haski e Yousef Belhadj não foram condenados por serem cérebros do atentado. Emilio Suárez Trashorras, Jamal Zougam e Otman el Gnaoui condenados apenas pela materialidade. A pergunta permanece: Quem planejou o atentado?

Vejam a fellicidade dos terroristas na foto, enquanto era lida a sentença. A foto fala por si. Entendo, portanto a indignação de uma das mães das vítimas, que disse: "¿Qué mierda de justicia es ésta?"

Quem quiser entender mais sobre este brutal atentado, sugiro que assista ao vídeo: "11 M - Tras la masacre" no seguinte endereço:
http://documentos.fundacionfaes.info/es/multimedia/show/M00004-00

quarta-feira, outubro 24, 2007

Nacionalistas vencem com folga na Suíça

De Viena, Áustria. Foi maior do que se esperava. As pesquisas davam 27% para a UDC-SVP de Christoph Blocher, mas as urnas foram mais generosas e os suíços depositaram 29% dos votos na turma radical.

Mas a UDC-SVP não apenas venceu as eleições por ampla margem, mas alcançou, vejam só, a maior vitória na política suíça desde 1919. Isto é um indicativo interessante de algo sério que está em curso.

Com a vitória, a UDC-SVP passa a 62 deputados, seis a mais que na última eleição. O Partido Verde cresceu, acresentando cinco cadeiras a mais e chegando a 20 deputados. A soma dos outros partidos, como a Direita Clássica, Democratas-Cristãos e Radicais chegará a 35 deputados. Do outro lado, a maior derrota foi da esquerda, com a perda de nove representantes nas hostes do Partido Socialista, que chegará com 43 deputados.

Esta eleição foi um indicativo. É bom ficar de olho na Suíça. Quem conhece bem o país sabe do que estou falando. Mais do que um caso isolado, a Suíça pode ser uma tendência, uma grave tendência daqueles povos e vizinhos que tem uma queda por um regime, digamos, mais "nacionalista".

Como sempre disse, tão ruim quanto a esquerda radical é a direita radical, afinal de contas, dos dois lados extremos existem supressões de liberdades. No fundo são a mesma coisa, vide Stalin e Hitler, por caminhos opostos chegaram aos mesmos horripilantes e tenebrosos resultados (usando os mesmos meios, diga-se de passagem).

terça-feira, outubro 23, 2007

Novo Rumo na Polônia

De Viena, Áustria. A Polônia terá um novo Primeiro-Ministro. Jaroslaw Kaczynski e seu partido Lei e Justiça foram derrotados nas eleições de domingo.

Isto é uma boa notícia. A melhor é que os poloneses podem escolher entre uma direita conservadora e uma liberal. A mudança desta eleição foi o movimento do eleitorado dos conservadores para os liberais, dentro da direita.

Os irmãos Kaczynski tiveram muitos problemas. Chegaram ao poder com um discurso moralizador, mas exageraram na dose em suas atitudes conservadoras, arrumando inimigos por toda União Européia. Faltou especialmente a Jaroslaw Kaczynski, o gêmeo PM, muita habilidade política. Os aliados foram caindo pouco a pouco até que seu governo foi colocado em xeque. Foi obrigado a antencipar as eleições. Os Kaczynski confundiram o Estado com o governo e vice-versa, um pecado não tolerado em países sérios. Neste ponto os poloneses demonstraram enorme maturidade para os poucos anos de democracia recente.

O partido vitorioso, Plataforma Cívica, surge como uma agremiação de direita mais moderna, aberta, libertária. Procurará uma reconciliação com a Europa, especialmente com a Alemanha (com que os Kaczynski estavam estremecidos) e buscará recolocar a Polônia como um interlocutor ágil, de diálogo e conciliador. Neste ponto será o oposto do antigo governo, que possui uma política populista e de enfrentamento.

Donald Tusk herdará a Polônia em um momento ímpar. Por enquanto as torneiras da União Européia estão jorrando recursos para o país, que possui uma aliança estratégica com os Estados Unidos e voltará a se aproximar de Bruxelas. Se bem conduzido, será um interlocutor importante em ambos lados. O país cresce a taxas extraordinárias e Tusk é a favor da entrada da Polônia na zona Euro.

Em um Parlamento de 460 deputados, o Plataforma Cívica conquistou 209 cadeiras e com a coalizão chegará a maioria absoluta, passando dos 231 deputados necessários. O Lei e Justiça chegará combalido, com 166 deputados. A agenda da Polônia trocou de mãos assim como a cara do país.

O plano dos Kaczynski (eles sempre tem um plano, como costumo dizer) é usar a Presidência de Lech (o gêmeo Presidente) para inviabilizar as reformas de Donald Tusk. Se faltar habilidade, como já ocorreu, pode acontecer o inverso. As eleições para Presidência são em 2010.

Esta é a face brilhante do Parlamentarismo: o país não fica refém de políticos combalidos que se arrastam no poder e arrasam o país.

A Polônia, que já vinha no rumo certo da liberdade econômica, deu uma bela guinada em direção a liberdade individual. Pelo menos é o que parece. Vamos acompanhar.

segunda-feira, outubro 22, 2007

A Consagração de Räikkönen

De Sofia, Búlgaria. A vitória de Kimi Räikkönen e sua consagração como Campeão do Mundo de Fórmula 1 tem um sabor especial. Enquanto toda mídia estava focada no embate entre Alonso e Hamilton, Kimi soube fazer seu trabalho sem erros e chegar ao objetivo maior.

O resultado tem vencedores e vencidos. Alonso foi um pouco dos dois. Explico. Não levou o título, mas também ficou muito feliz por ter contribuido para que a McLaren, seu time, se desse mal. Se o seu triunfo se tornou impossível, nada melhor do que estragar qualquer possibilidade do time de Woking sair vencedor. Alonso teve um carro confiável toda temporada (não quebrou sequer uma vez), ao contrário de Hamilton (o carro falhou no momento crucial). Por vontade própria o espanhol já estaria fora da McLaren, entretanto possui um contrato assinado com a equipe e uma enorme multa a ser paga para sair de lá. Do lado da equipe, não vale a pena manter Alonso. Ele é manhoso, chato, arrogante e chorão. Precisa de atenção exclusiva e todos esforços da equipe para ele. Isto não ocorrerá na McLaren, que possui outro talentoso piloto, Hamilton. O espanhol sabotou o quanto pode a equipe, denunciando a McLaren para a FIA depois de se beneficiar dos dados sigilosos da Ferrari. Sua permanência na equipe é um risco desnecessário que o time teria no próximo ano. Alonso, para o bem da equipe, deve sair. Se ficar, causará danos. Virou um estranho no ninho da McLaren. Flavio Briatore, da Renault, deseja Alonso no seu time, e para isso tenta que a empresa espanhola Telefônica assine com sua equipe e banque Alonso e a multa da McLaren. Agora entende-se porque o espanhol anda alfinetando tanto a McLaren com o fim do campeonato. Quer se livrar da multa.

Hamilton foi vencido pela juventude, o carro e os erros da equipe. Faltou certamente maturidade de correr pelo campeonato e arriscar menos no começo da prova. Seu carro apresentou problemas. Aliando isto a três paradas no box (uma a mais do que os concorrentes) fez com que seu destino estivesse selado. Ao contrário de Alonso, que não foi traído sequer uma vez pelo carro, Hamilton padeceu com erros de estratégia da McLaren, como no Brasil e na China, além de um pneu estourado há poucos GP's, que lhe custou valiosos pontos que acabaram por tirar o campeonato de suas mãos. Seu erro, no momento final foi a falta de maturidade. Mas repito o que já disse aqui. Ali está um homem de caráter, honesto, confiável. Um excepcional piloto que certamente será um grande Campeão.

Massa é um dos grandes nomes da Fórmula 1 e foi uma pena não estar disputando o título. Ao contrário dos outros pilotos, Massa não teve um carro confiável durante o ano. Vi pessoalmente seu carro se arrastar pelos últimos lugares no circuito de Hungaroring enquanto Räikkönen estava entre os primeiros. Seu abandono na Itália foi lamentável. Se tivesse um carro que não tivesse o traído pelo menos nessas duas vezes, teria chegado vivo para disputar o título no Brasil. Então a história seria outra. Massa, ao contrário do que foi dito, não foi o segundo piloto e trabalhou pelo time da mesma forma que Kimi faria em situação oposta.

Räikkönen foi o grande campeão. Fez valer seu apelido de Iceman. Teve tranquilidade e a sorte esteve ao seu lado quando precisou. Fez um campeonato na sombra das McLaren para assumir a ponta somente na última corrida, ou seja, somente quando precisava. O introspectivo e festeiro Kimi mereceu o título pelo seu trabalho, obstinação e paciência. Esperava o título há pelo menos 4 anos. A Ferrari, ao contrário da McLaren (em razão de Alonso) foi um verdadeiro time e isso levou Kimi ao título. O menos badalado e menos visado dos três chegou na frente. Gosto disso.

Foi um grande campeonato e fiquei muito feliz por Kimi. Feliz também pelo título não parar nas mãos sujas de Alonso, que não mostrou estatura moral para ser campeão. Podia ser Massa, podia ser Lewis, mas estes dois grandes pilotos terão muitas oportunidades no próximo ano. Parabéns ao competente Kimi Räikkönen. Além de tudo, para vencer é preciso ter estrela e os Deuses do automobilismo certamete estavam ao seu lado. Finalmente a Fórmula 1 voltou aos bons velhos tempos.

sábado, outubro 20, 2007

Eleições na Suíça

É bom ficar atento ao resultado das eleições suíças de amanhã. O país, que parece ser muito tranqüilo, especialmente em matéria de política, enfrentou uma de suas mais polêmicas campanhas de sua história.

O partido que deve vencer as eleições, segundo as pesquisas, é o UDC-SVP, nacionalista, liderado pelo atual ministro da Justiça e Polícia, Christoph Blocher. Seu partido tem posições duras no que tange a imigração e despertou repulsa de todos os lados pela polêmica campanha em que um cartaz mostrava duas ovelhas brancas expulsando uma negra de seu território. Blocher e seus colegas são fortemente contrários a entrada da Suíça na União Européia - devemos imaginar a razão..

Se confirmada a vitória dos nacionalistas, Blocher pode se tornar Presidente da Suíça em breve, dentro do sistema rotativo que existe por lá.

É curioso como de tempos em tempos surge um nacionalista com forte apoio popular nesta região da Europa. Na vizinha Áustria ocorreu o mesmo, com a coalizão que trouxe Jörg Haider ao protagonismo da política nacional. Quem pensa que a discriminação e xenofobia foram varridas desta parte do mundo com as feridas deixadas pela Segunda Guerra, está muito enganado. A dissimulação ainda é a melhor estratégia usada por aqueles povos que levam pessoas como Haider e Blocher ao poder.

A conferir o resultado das urnas suíças e seus 4,6 milhões de eleitores.

sexta-feira, outubro 19, 2007

O Tratado de Lisboa e o futuro da Uniao Européia

De Viena, Áustria. A bela capital portuguesa empresta seu nome para o Tratado que nasceu para substituir o projeto da falida Constituição Européia, rechaçada por holandeses e franceses. Nasceu finalmente o Tratado de Lisboa, a mais recente e importante peça do concerto Europeu. Mas o que isto quer dizer?

A arquitetura política foi intensa nos últimos dias e os resutados são os vistos: politicamente tangíveis e economicamente caros.

Do lado político foi possível acomodar os novos Estados membros e suas demandas, como as da Polônia, que conta com um governo em plena crise. Ainda na esfera política, alguns países aproveitaram o movimento para literalmente se dar bem. A Itália, por exemplo, desejava mais poder político, enquanto a Áustria desejava incomodar com temas irrelevates e a Bulgária, com questões formais. No final, todos foram atendidos. Agora o Parlamento Europeu passará a ter 750 deputados e a pesada burocracia de Bruxelas passará por uma reformulação (não necessariamente para melhor..). E quem pagará a conta será o cidadão europeu. Esta é a parte economicamente cara.

A Cúpula de Lisboa alinhavou um novo corpo politico para a UE. Cria até que enfim o cargo de Presidente da UE, com mandato de 2 anos e meio, podendo ser renovado uma vez. Também será criado o cargo de Alto Representante para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, que será ao mesmo tempo Vice-Presidente da Comissão Européia. Além disso, mais e mais novos Eurodeputados. Parece que o vício de abrir espaços e mais burocracia para conciliar interesses entre os membros infelizmente ainda está presente nas decisões da UE.

Muito barulho por nada? Talvez. Felizmente o Tratado Constitucional foi sepultado e algo novo, mais tangível, chega em seu lugar com o Tratado de Lisboa. É preciso saber se a nova estrutura funcionará. Será que a União finalmente terá uma única voz, pelo menos no que tange a polítca exterior? Isto é uma incógnita com uma tendência a uma resposta negativa.

A União Européia é uma estrutura política muito mais delicada do que se imagina.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Chega ao fim o casamento de Cecilia e Nicolas Sarkozy

De Viena, Áustria. O Presidente francês está oficialmente solteiro, mas segundo disse Tony Blair, que jantou com Sarkozy ontem, parece estar reagindo muito bem.

Na realidade a separação de Cecilia e Nicolas Sarkozy era uma questão de tempo. A bela e charmosa Primeira-Dama há tempos dava sinais e o Presidente disse que dirigir a França era fácil, difícil era lidar com sua esposa. Entretanto é um fato a enorme paixão que Sarkozy nutre por Cecilia.

As especulações são de que havia um acordo político, que sustentasse sua candidatura ao Elysée. Não acredito. Sarkozy sempre fez de tudo para ter Cecilia ao seu lado e nas últimas semanas tentou incansavelmente, segundo algumas fontes, evitar a separação. Os papéis foram assinados na segunda e daqui há seis semanas deve ser encerrado todo o procedimento.

Os franceses não estão supreendidos. No Le Figaro 81% dos leitores não demostram surpresa com a notícia. Ou seja, era esperado, faltava só combinar a data.

As maiores preocupações são relativas ao estado emocional do Presidente francês, mas como disse Tony Blair, ele deve estar se recuperando bem. Se de um lado Cecilia era uma fonte de equilíbrio para Sarkozy, de outro foi também fonte de incomodação e preocupação. Ao final, certamente ele superará mais essa.

E para coroar a notícia, a sempre bela (e complicada) Cecilia está na capa da Paris Match.

terça-feira, outubro 16, 2007

Ambientalismo Cético

De Amsterdã, Holanda. Para quem ainda não teve a felicidade de ler a obra do professor associado do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Aarhus da Dinamarca, Bjorn Lomborg, "O Ambientalista Cético", existem outras formas de se informar de forma correta sobre as questões ambientais.

Realmente não acredito nas asneiras ambientalistas de Al Gore & Cia. Na semana passada, o Presidente tcheco Vaclav Klaus esteve em nosso instituto aqui em Viena e em grandiosa exposição deixou os amibientalistas sem argumentos. Socialistas travestidos de ambientalistas que buscam na causa uma justificativa para aumentar a regulação, intervenção, impostos e o poder do Estado.

Deixo aqui uma sugestão, na realidade fornecida pelo meu amigo e colunista do Parlata, Rodrigo Constantino. É um vídeo que está no You Tube. Esta sim é uma verdade inconveninete. Segue a indicação nas palavras do próprio Rodrigo:

"Para quem realmente tem interesse em se informar sobre o tema aquecimento global, evitando conclusões precipitadas e dogmáticas sem a devida reflexão, sugiro o documentário The Great Global Warming Swindle, cujo link no YouTube é: http://www.youtube.com/watch?v=1JCVjg7H94s".

segunda-feira, outubro 15, 2007

União das esquerdas na Itália

E finalmente as esquerdas se uniram em um único partido na Itália. A nova agremiação se chama Partido Democrático e já é o partido de sustentacão do governo Prodi no Parlamento.

Entretanto, o novo líder não é o Primeiro-Ministro da Itália. O prefeito de Roma foi escolhido por 76% dos eleitores para liderar a nova força política. Tudo indica que Walter Veltroni poderá concorrer a sucessão de Prodi pelas esquerdas.

Mas é bom não esquecer o outro lado. Os conservadores também articulam a união em um novo partido, forte e grande, como aquele fundado neste final de semana pelo grupo de Prodi.

Seria o começo de um sistema bipartidário na Itália? Só o tempo dirá.

Agora é esperar pelo show de Berlusconi e a bela "La Rossa" Michela Vittoria Brambilla com o Partido da Liberdade.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Al Gore leva o Nobel da Paz

De Bruxelas, Bélgica. O comitê designado pelo parlamento norueguês decidiu hoje, aqui na Europa, dividir o Nobel da Paz deste ano entre Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, e seu presidente, o indiano Rajendra Pachauri.

A justificativa é o tal do suposto aquecimento global.

Gore afirmou que doará a sua parte do prêmio de US$ 1,5 milhão à Aliança para a Proteção do Clima, organização da qual é presidente.

O prêmio para Gore era de se esperar, afinal de contas, em tempos de politicamente correto, é o que se tem feito.

Fica o registro, apesar de não acreditar em Gore, aquecimento global e quaisquer dessas teorias ou balelas politicamente corretas. Por sinal, um juiz da Alta Corte britânica identificou "nove erros científicos" no filme de Gore e outros documentários provam cientificamente que ele estaria errado. Mas como disse, em tempos de politicamente corretos..

quinta-feira, outubro 11, 2007

50 anos de Atlas Shrugged

De Glasgow, Escócia. Atlas Shrugged, um dos livros mais importantes de todos os tempos, chega aos 50 anos. É com muito entusiasmo que esta data é comemorada por todos aqueles que acreditam e valorizam o indivíduo como motor da sociedade e o respeito quanto a liberdade individual como um dos pilares de uma sociedade próspera. A celebração inclui releituras e grupos de estudo e discussão da obra de Ayn Rand, como aquele promovido pelo Ayn Rand Institute, no estado da Carolina do Sul, do qual participei em junho passado.

Ayn Rand, a fabulosa escritora e filósofa, que introduziu os conceitos do objetivismo, morreu em 1982, mas sua teoria está na forma de romance em várias obras, entre elas a fabulosa "The Fountainhead" e "Atlas Shrugged".

Se você, estimado leitor, ainda não teve o prazer de ser apresentado ao universo de Dagny Taggart, Hank Rearden, Howard Roark, Dominique Francon e Gail Wynand, esta é uma ótima oportunidade para iniciar a leitura de qualquer um dos seus livros - todos mexem profundamente com os leitores. Depois é só responder a pergunta: Quem, afinal, é John Galt?

Deixo um trecho de Atlas Shrugged para recordação ou incentivo:

"Você procura escapar da dor. Nós procuramos a conquista da felicidade. Você existe pela razão de escapar da punição. Nós existimos pela razão de conquistar o nosso próprio sustento. Ameaças não nos farão funcionar; o medo não é o nosso incentivo. Não é a morte que nós queremos escapar, mas a vida que nós queremos viver." Atlas Shrugged, 1957.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Sarkozy, Putin e a habilidade política internacional

De Calais, França. Foi um encontro entre dois pesos-pesados da política internacional. O encontro entre Nicolas Sarkozy e Vladimir Putin em Moscou mostra, de forma clara, as duas principais lideranças européias do momento, uma do leste, outra do oeste.

Também é o encontro de duas nações que tem poder real em relação ao Irã e suas perigosas intenções nucleares. Ao fim Sarkozy disse que Putin fez um movimento importante em prol dos esforços ocidentais com o objetivo de dissuadir o regime dos aiatolás em construir armas nucleares. O que realmente Putin fará não ficou claro, mas Sarkozy estava especialmente feliz.

"Super Sarko", como é chamado por aqui, chegou a Moscou depois de receber vários líderes do Leste Europeu em Paris, como autoridades da Ucrânia, Polônia e República Tcheca. Antes de chegar a Rússia, esteve na Bulgária, Polônia e Hungria, país de nascimento de seu pai. Todos esses são países que um dia estiveram sob influência da Rússia, durante o regime socialista. Hoje, todos realizam fortes movimentos em relação ao ocidente, inclusive com a entrada na UE.

A França, que certamente tem interesses comerciais nesses países, pode atropelar os investimentos austríacos na região, que por enquanto se divertem sem concorrência real nos países do Leste. A farra austríaca felizmente pode estar com os dias contados.

Mas voltando a Putin e Sarkozy. O mais curioso foi enxergar um encontro visto com muito ceticismo, ser encerrado com tal entusiasmo. Considerando que temos Putin e Sarkozy como atores deste cenário e que ali não existem ingênuos, mas políticos altamente hábeis, a única conclusão é que muito mais foi discutido dentro das portas do Kremlim e talvez alguns importantes acordos possam ter sido selados.

Parlata em manutenção

Caros leitores,

Uso nosso Blog Diários do Velho Mundo para avisar que o Parlata está passando por uma manutenção técnica.

O site foi alvo de hackers e devido a isto resolvemos mudar alguns itens de segurança. A manutenção deve terminar no dia 17.10.2007.

Até lá agradeço a compreensão de nossos leitores. Estamos deixando o Parlata melhor e mais seguro. As tentativas de invasão provam que o site anda cumprindo seu papel de informar de forma livre e consistente. Se estamos incomodando é porque estamos no caminho certo.

O Parlata a partir desta mesma data poderá ser acessado a partir do endereço www.parlata.org. Isto faz parte de uma estratégia mais ampla que será divulgada com mais detalhes em breve.

Um forte abraço,

Márcio Coimbra
Editor-Executivo
Presidente do Conselho Editorial
Parlata - Política, Economia e Conjuntura
www.parlata.com.br
www.parlata.org