sexta-feira, agosto 31, 2007

A Princesa do Povo, 10 anos depois

Nesta sexta-feira o Reino Unido está completamente envolvido nas homenagens a Princesa Diana. Especialmente em Londres, mas também em outras cidades como Manchester, Bristol, Aberdeen e Cardiff.

As homenagens são justas para aquela que foi a Princesa do Povo, expressão cunhada por Tony Blair após o acidente fatal em Paris.

É impossível não lembrar da Princesa Diana com carinho, afinal de contas ficamos todos marcados pelos seus gestos de amor e desprendimento em prol de causas humanitárias e de como conciliava isto tão bem com a vida glamourosa de uma Princesa. Sua busca pelo amor e sua dor foram acompanhados com a mesma intensidade que seus atos humanitários. Quando se foi deixou marcas profundas e fez a monarquia britânica se curvar e entender o que seu povo sentia.

Dez anos depois me parecem interessantes as considerações feitas pela "The Economist": "Se Diana não tivesse falecido, eventuamente teria se tornado menos bonita, menos interessante, talvez, menos triste. Morrendo, ela imortalizou-se. (...) truouxe a monarquia a uma desordem temporária, que quando passou, deixou esta ordem intacta, ou mais forte".

Não concordo totalmente. Acho que a Princesa de Wales teria se tornado muito mais bonita e interessante e realmente mais feliz. O fato é que sua morte abalou as estruturas da monarquia, temporariamente, mas o suficiente para trazer a Coroa para mais perto de seus súditos.

Morrendo tão nova, Diana talvez deixe uma imagem de vida incompleta, mas preenchida. Sua breve passagem pelo mundo fez com que entendessemos melhor nossas próprias vidas, assim como ocorreu com a Rainha Elizabeth. Diana fez toda a diferença em sua breve caminhada e aí está o verdadeiro sentido de uma vida plenamente vivida.

Que sua memória nos sirva para sempre de inspiração.

terça-feira, agosto 28, 2007

Abdullah Gül, o novo Presidente da Turquia

A notícia do dia aqui na Europa é, sem dúvida, a eleição de Abdullah Gül para Presidente da Turquia. A escolha de seu nome já era esperada, entretando, isto não nos livra de todos os receios do que ele possa pretender no novo cargo.

Gül disse que respeitará o secularismo da Turquia como salvaguarda da liberdade religiosa e garantidor da paz social. Em seu discurso falou da importância da democracia, Estado de Direito, liberdades individuais e Direitos Humanos. A UE diz enxergar a eleição de Gül com bons olhos. Entretanto estou certo de que também com uma ponta de receio.

Apesar do compromisso reformista do partido de Gül, o AK, não existe certeza sobre suas reais intenções. Vale lembrar que o novo Presidente, que foi eleito para o Parlamento pela primeira vez em 1991, foi representante de dois partidos já banidos da política turca exatamente por não respeitarem o secularismo. Um deles formou o primeiro governo pró-islâmico, desde a fundação da República em 1923. O AK, partido atual de Gül, agora Presidente, e Recep Tayyip Erdogan, Primeiro-Ministro, nasceu das ruínas dos antigos partidos pró-islâmicos - e o receio reside neste ponto.

Como se não fosse o bastante, o véu islâmico usado pela esposa de Gül não ajuda mesmo o trabalho do novo Presidente.

Resta saber a reação dos militares, até agora os responsáveis por manter a necessária presença do secularismo na Turquia. Entretanto o fato curioso é perceber que Gül, de certa forma, saiu mais fortalecido exatamente em conseqüência da reação negativa dos militares ao seu nome para Presidente. Novas eleições foram chamadas e o AK teve uma vitória arrasadora, o que no entender de Gül fortaleceu seu nome. Ele estava certo. É o novo Presidente da Turquia.

O mesmo povo que deu a vitória para Gül e o AK, também se manifestou veementemente em favor do secularismo nas ruas há poucos meses com apoio dos militares. Será um governo onde Gül deverá operar com o máximo cuidado e talvez esta seja sua maior virtude.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Espionagem chinesa na Alemanha

O serviço de inteligência chinês é reconhecido como eficaz, bruto e cruel. A revista Der Spiegel divulgou que espiões chineses monitoraram computadores do alto escalão do governo alemão. Tudo indica que a operação dos hackers chineses chegaram até a Chancelaria e os ministérios de Relações Exteriores e Economia.

Como sempre, o governo chinês negou as acusações, ou seja, a cartilha oriental não muda na mesma velocidade em que cresce a economia.

A descoberta de espionagem evitou que 160 giga-bytes de informações fossem transferidos para a China. Entretanto, tudo leva a crer que muitas informações conseguiram ser roubadas pelos chineses antes que os alemães descobrissem o esquema de vazamento em maio.

Coincidência ou não, a notícia foi divulgada em meio a uma viagem de Merkel ao oriente, durante sua passagem pela China. Curiosamente, os resultados da visita foram muito mais tímidos do que o esperado segundo a Deutsche Welle.

Isto prova o que sempre digo. A China não é um país confiável. Qualquer investimento por lá deve ser bem calculado, inclusive com o risco de perdas significativas. Ou seja, deve-se investir na China aquilo que pode se dar ao luxo de perder. Não podemos esquecer que estamos lidando com um governo totalitário, ditatorial e onde não existe certeza do cumprimento das regras como um Estado de Direito normal. Vale lembrar que ainda existe uma China feudal que desconhece a existência e trabalha pelas benesses do capital das Zonas Econômicas Especiais. Isto ainda pode se tornar uma combinação explosiva.

Infelizmente a Alemanha aprendeu da forma mais difícil os perigos que o cinismo de Pequim representa.

domingo, agosto 26, 2007

Turquia se rende ao talento de Felipe Massa

O domingo teve um sabor especial. Mais uma vez Felipe Massa deu um show. Os noticiários esportivos da noite na Europa destacam a bela corrida do competente brasileiro que teve um final de semana perfeito, para lavar a alma depois do infeliz GP da Hungria, onde seu carro apresentou sérios problemas.

Massa foi perfeito, pole position e depois de ponta a ponta. Não há o que dizer, nem comentar, apenas dar os entusiasmados parabéns.

Quanto aos outros corredores, Halmilton teve má sorte com o pneu estourado de sua McLaren e o antipático e chato espanhol Fernando Alonso herdou um terceiro lugar que não deveria ser dele por mérito. Räikkönen fez a corrida de sempre, um competente segundo lugar sem brilho.

Brilho mesmo foi de Felipe Massa, que vence pela segunda vez em Istambul: "É uma sensação incrível! Sinto-me bem na pista, gosto do lugar". Este blog que admira sua simpatia, ótimo caráter e competência dá os parabéns com entusiasmo a um piloto que finalmente honra a história do Brasil na Fórmula 1. Ele merece o título e toda a torcida possível.

Parabéns, Felipe!

sábado, agosto 25, 2007

Sérvia pressiona pelo futuro do Kosovo

Mais um capítulo segue na questão envolvendo Sérvia e Kosovo. A situação de tensão interna é cada vez maior em Pristina, assim como no interior, uma vez que a maioria albanesa do Kosovo é extremamente hostil em relação aos sérvios (com no mínimo uma ponta de razão, valeria dizer). Do outro lado a Sérvia ameaça aumentar o tom contra o Kosovo e quando os sérvios falam em aumentar o tom, ninguém quer realmente descobrir o que pode estar por acontecer.

Em meio a essa tensão, o trio de mediadores, Estados Unidos, União Européia e Rússia, se encontraram com servios e kosovares aqui em Viena no dia 30 de agosto para tentar aparar as arestas. Não será uma tarefa fácil. O enviado especial da ONU, o finlandês Martti Ahtisaari, sugere uma "independência sob supervisão internacional" para aquela que hoje ainda é uma província sérvia. Belgrado considera a proposta do enviado das Nações Unidos um ultraje, ou seja, nada ocorre fora do previsto.

Do lado dos mediadores, Estados Unidos mantém firme apoio a proposta da ONU, contudo, a Rússia, bem a Rússia mantém seu apoio a posição sérvia, é obvio. O desentendimento está posto exatamente porque Rússia e Sérvia sabem que o Kosovo contará com apoio da Otan para manter a tranquilidade na região entre albaneses-kosovares, na sua maioria muçulmanos, e sérvios, ortodoxos. Afinal de contas foi a Otan que conseguiu colocar ordem depois de 78 dias de bombardeios para fazer as forças sérvias recuarem há alguns anos.

Sérvia e Rússia não querer ceder nem mais um milímetro de influência em seu antigos territórios para o ocidente. A Sérvia viu desmoronar o que um dia foi a Iugoslávia (Sérvia, Montenegro, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina e Macedônia - e a suas regiões autônomas - Voivodina e Kosovo) e a Rússia perdeu influência até na Ucrânia, seu antigo quintal industrial.

Até dezembro o trio de mediadores apresenta um relatório ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O primeiro-ministro da Sérvia, Vojislav Kostunica diz que não aceita a independência de parte de seu território, atualmente administrado pela ONU. Mas tanta confiança e determinação deve ter um motivo. Qual será? Não é difícil de imaginar.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Putin, o czar da Rússia e o FMI

Tradicionalmente os Estados Unidos apontam o Presidente do Banco Mundial e os europeus o Diretor Gerente do FMI. A Espanha emplacou o mais recente diretor do Fundo, o ministro da economia de José María Aznar, Rodrigo Rato.

Por uma decisão pessoal, Rato deixará o cargo e voltará a Espanha. Abriu-se a disputa para que a Europa apontasse seu sucessor. Por aqui, o velho continente fechou-se em torno da indicação francesa de Nicolas Sarkozy, o ex-ministro da economia do Partido Socialista, Dominique Strauss-Kahn.

Agora Putin apresenta sua cartada, o antigo governador do Banco Central e ex-primeiro ministro da República Tcheca, Josef Tosovsky, que atualmente dirige o Instituto de Estabilidade Financeira da Suíça. A indicação russa não conta com respaldo do governo tcheco, que fechou questão com os colegas da UE em favor de Strauss-Kahn.

Está é mais uma jogada de Putin para tentar consolidar poder na esfera internacional. Moscou alega que existem vários países que apoiam o nome de Tosovsky, mas que por enquanto não iria divulgá-los. Tá bem. Se existem apoios, eles somente podem vir de países emergentes, sem o peso necessário para virar o jogo. Os Estados Unidos e a União Européia têm 49,85% dos votos do conselho de direção do FMI.

Tirar esta eleição das maõs de Strauss-Kahn é praticamente impossível, já que conta com apoio dos Estados Unidos, Europa e diversos outros países, como a China. O que Putin quer é mostrar a cara e firmar posição. Depois pode barganhar e mostrar que a Rússia não se alinhou com as grandes nações. Tudo um jogo armado pelo Kremlin.

Aliás, para quem deseja conhecer um pouco mais sobre Putin e seus métodos de governo, sugiro a leitura da The Economist que acaba de sair por aqui: "Putin's People: The Spies who run Russia". www.economist.com

Deixo uma pequena pergunta para refletir...Quem disse que a Guerra Fria acabou?

quinta-feira, agosto 23, 2007

Boas notícias da Alemanha

É de Frankfurt a boa notícia européia de hoje. A Alemanha finalmente conseguiu o primeiro excedente orçamentário após a unificação. É a administração de Angela Merkel mostrando resultados. No primeiro trimestre houve excedente de 1,2 bilhões de Euros, algo em torno de 0,1% do PIB.

A estratégia é primeiro arrumar a casa e controlar os gastos, o que já está em curso. Depois virá a próxima etapa, diminuir os impostos e encargos.

Merkel é muito habilidosa e a Alemanha aos poucos vai acordando do sono profundo imposto pelo governo de Gehard Schoröder, do SPD e sua política dispendiosa e assistencialista. A popularidade da líder conservadora também é alta, assim como da sua coalizão CDU/CSU. Os únicos que não gostam de Merkel são aqueles que adoram de viver das benesses do Estado.

A Chanceler alemã tem mão firme e depois de organizar a casa, impondo uma feroz disciplina fiscal, como mostram os números, certamente passará a ações mais efeitvas para desonerar o peso do Estado nos ombros dos cidadãos alemães que realmente trabalham.

quarta-feira, agosto 22, 2007

A jogada política de Berlusconi na Itália

A imprensa italiana de hoje está dominada pela notícia sobre a mais nova jogada política de Sílvio Berlusconi: a criação de um grande partido de centro-direita conservador que substituiria o Forza Italia.

A líder dos Círculos pela Liberdade, a bela Michela Vittoria Brambilla, ou "La Rossa”, como é conhecida por aqui, registou o nome e o símbolo do que seria o Partido da Liberdade. O jornal "La Stampa" deixa claro que Brambilla seria a secretária-geral do novo partido, presidido por Berlusconi. O anúncio formal pode ser nesta sexta durante um ato político em Courmayeur, nos Alpes italianos.

O Corriere della Sera diz que o novo nome e o símbolo do novo partido já estão a disposição de Berlusconi. O objetivo do movimento político seria aglutinar todas as forças de centro-direita em um único grande partido. É sobretudo uma resposta ao Partido Democrático, que aglutinará os partido de esquerda sob a liderança do prefeito de Roma, o "sinistro" Walter Veltroni, apontado como sucessor de Prodi.

Il Cavaliere, como é conhecido Berlusconi, desmente que estaria articulando esse movimento. Entretanto, tudo indica o contrário. E se tratando de Berlusconi, fica mais fácil deduzir o que realmente está acontecendo.

terça-feira, agosto 21, 2007

Habilidade política francesa

A visita de Bernard Kouchner, ministro do exterior francês, ao Iraque é cheia de significados.

Se de um lado é um reflexo claro da política de proximidade de Sarkozy com os Estados Unidos, do outro mostra que o Presidente francês pode ir muito além do imaginado.

As eleições americanas, bem como a pressão do Congresso, levam os americanos a natural diminuição de sua ingerência na região. Da mesma forma, o governo britânico de Gordon Brown cada dia deixa mais claro seu gradual afastamento da situação. Neste ponto cria-se um vácuo importantíssimo onde a França cabe de maneira perfeita em uma nova fase do Iraque. Não é preciso dizer que Sarkozy há tempos entendeu isto.

O Presidente francês já coopera com os americanos em assuntos relativos a Síria, Líbano e Irã. Mas com o Iraque será diferente. Apoio político aos americanos e a certeza de que a presença inteligente dos franceses pode ajudar a estabilizar a região. A França, de maneira hábil, pouco a pouco pode passar a ocupar um lugar estratégico, talvez com o apoio da ONU e dos Estados Unidos. O fato é que a estratégia política de Sarkozy, aliada a figura de Bernard Kouchner, parece imbatível e talvez inevitável.

Sarkozy mudou a face da política externa de seu país. É objetivo, pragmático e decidido. De forma inteligente se posiciona de forma estratégica em diversos círculos. A França voltou ao protagonismo ativo na UE, aproximou-se dos Estados Unidos, lança as bases de uma união mediterrânea e agora pode assumir o papel internacional mais importante no Oriente Médio, após o desgaste de Estados Unidos e Reino Unido.

A visita de Bernard Kouchner evidencia muito mais do que se possa imaginar.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Gallardón em busca do poder em Madrid

O prefeito de Madrid segue com sua habitual falta de timing político. Será?

Alberto Ruiz-Gallardón é um ótimo prefeito. A capital espanhola está muito satisfeita com seu trabalho. Sua vitória nas recentes eleições municipais impressionou, pois o prefeito mostrou uma musculatura eleitoral maior do que se imaginava.

Entretanto, Gallardón nunca escondeu que sempre mirou em Moncloa, ou seja, seu objetivo político é um dia tornar-se Presidente de Governo da Espanha.

Contudo, o prefeito de Madrid é filiado ao Partido Popular e internamente sua figura desperta receio e incertezas. Gallardón, no passado, já entrou em confronto com Aznar e realizou um movimento político contra Esperanza Aguirre - uma das estrelas dos populares. Apesar de ser considerado um moderado e atrair votos do centro, nunca pareceu um político confiável internamente, especialmente por sua relação, digamos, próxima, com os socialistas. Um forteleza que na falta de boa condução política, torna-se uma debilidade.

Agora, mais uma vez, Gallardón coloca seu nome disponível ao partido para fazer parte das listas ao Congresso de Deputados na próxima legislatura. Tenta na realidade pressionar os dirigentes populares usando seu capital político.

A jogada de Gallardón é simples, porém bem planejada. Ele conta com um empate ou uma estreita margem para o PP nas eleições gerais de março, algo muito provável. Os populares, neste caso, teriam que formar um governo de minoria, entretanto, seria um trabalho árduo de alianças que poderia facilmente não alcançar êxito no atual espectro político. Neste caso, o nome de Gallardón, mais ao centro, surgiria naturalmente como um consenso, ou seja, a única forma de os populares ocuparem novamente o poder.

É uma estratégia arriscada, mas com chances de êxito. Talvez a única que Gallardón tenha para chegar em Moncloa.

Como dizia Churchill, na política os opositores são os adversários, os reais inimigos sentam ao nosso lado.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Eleições antecipadas na Grécia

Mais um país europeu convocará eleições antecipadas. Depois da certeza da breve convocatória de eleições parlamentares na Polônia, agora é a vez da Grécia. As eleições que deveriam ocorrer em março de 2008, serão provavelmente por meados de setembro deste ano.

A antecipação das eleições legislativas é uma prática comum no Parlamentarismo, onde o partido com maioria no Parlamento tem o direito de formar governo, realizando a indicação do Primeiro Ministro. O mecanismo que serve muitas vezes para a população externar um voto de confiança no governo (como ocorreu recentemente com o partido AK na Turquia) ou desacreditá-lo por completo, pode ser manipulado no sentido de favorecer um novo termo a um governo que acredita na possibilidade de perder apoios no futuro. Mesmo assim, tem se mostrado um mecanismo efetivo, pois evita que governos podres se arrastem de forma desacredita por anos até o fim do seu mandato.

As reformas propostas pelo PM conservador Costas Karamanlis e a feroz oposição do Partido Socialista levarão a Grécia a antecipar as eleições. Com a solitação de antecipação em mãos, o Presidente grego, Karolos Papoulias, deve dissolver o Parlamento e convocar as eleições legislativas.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Turquia. Secularismo em risco?

A Turquia começa novamente os movimentos para decidir quem será o seu próximo Presidente. E acreditem, quem tem grande chances de ser eleito pelo Parlamento é Abdullah Gul.

Gul é o Ministro de Relações Exteriores que desencadeou as tensões políticas mais recentes na Turquia. Quando seu nome foi indicado pelo partido do governo para ser o candidato a Presidente houve uma forte mobilização contrária, tanto dos militares, quanto da população, que teme o passado de Gul no partido islâmico.

É neste ponto que reside o problema. A Turquia é conhecida pelo seu secularismo e Gul, mesmo após entrar para o partido reformista e alegar que seu passado não influiria no seu governo, ainda não convence totalmente. A questão reside na dúvida acerca das reais pretensões de Gul, uma vez que o primeiro-ministro, o também reformista Recep Tayyip Erdogan, assim como o possível futuro Presidente, tem um passado no partido islâmico. Dois ex-partidários do partido islâmico, que hoje se dizem reformistas, dirigiriam a Turquia. Qual o real risco desta combinação?

Tudo ainda fica mais curioso quando sabe-se que a esposa de Gul usa o véu islâmico para cobrir a cabeça. Este fato, por exemplo, evidencia desconforto em alguns lugares da Europa em relação ao candidato reformista.

O partido de Erdogan e Gul, o reformista AK, saiu vencedor das últimas eleições, mas vale lembrar que os votos recebidos foram uma clara indicação que o povo deseja uma divisão clara entre o governo e as mesquitas turcas.

Felizmente o secularismo ainda vive na Turquia. Resta saber as reais intenções de Gul e Erdogan frente ao país. Qualquer erro em direção a islamização pode jogar a Turquia, na fronteira da Europa, em uma situação, no mínimo delicada, para não dizer mais. O mais preocupante é que um problema como este não ficaria circunscrito ao território turco e as consequências poderiam ser mais sérias do que imaginamos.

terça-feira, agosto 14, 2007

Le mystère Cécilia

O The Times de forma espirituosa se pergunta na edição de hoje: "Cécilia Sarkozy: Jackie Kennedy ou Maria Antonieta?".

O jornal não deixa de ter razão, uma vez que o comportamente da primeira-dama francesa é érratico e estranho, desde a campanha, como bem me recordo.

Cécilia não foi votar no segundo turno. Não apareceu nas primeiras comemorações e depois, quando surgiu, parecia ter cara de poucos amigos. Neste final de semana, não compareceu ao encontro com Laura e George Bush, alegando que passava mal. Logo depois estava passeando. Na reunião do G-8 foi embora mais cedo.

Como confidenciou Sarkozy na festa de 14 de julho em Paris: "No fundo, minha única fonte de preocupação é Cécilia". Por sinal, ela não apareceu no concerto organizado em frente a Torre Eiffel.

A bela primeira-dama francesa é um mistério.

Kaczynski demite 4 ministros na Polônia

Não faltam aqueles que comentam por aqui que os irmãos Kaczynski estam enlouquecendo. Entretanto, eu custo a acreditar nisto.

Os irmãos gêmeos que governam a Polônia parecem ter acertado tudo para designar as eleições para o dia 21 de outubro, já que a coalizão que os levou ao poder entrou em colapso.

Entretanto, ontem Jaroslaw Kaczynski, o PM, decidiu fazer uma limpa em seu gabinete e governar em minoria até as eleições. Nada menos que 4 ministros foram dispensados, todos de partidos pequenos que apoiam o governo.

Os irmãos Kaczynski parecem estar cada vez mais enfraquecidos. Sua coalização governamental entrou em colapso e as pesquisas mostram que a oposição aumentou a margem de vitória, de 10 para 14 pontos.

Resta saber o que realmente passa pela cabeça dos irmãos Kaczynski.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Muro de Berlim e a Stasi

O muro de Berlim foi construído pelos comunistas com o objetivo de manter os cidadãos da antiga República Democrática da Alemanha (que de democrática não tinha coisa alguma) presos em seu território. A construção do muro, em 13 de agosto de 1961, completa hoje 46 anos.

Antes da construção do muro, entre 1949 e 1961, mais de dois milhões e meio de pessoas abandonaram o socialismo vergonhoso da Alemanha Oriental. Assim se decidiu que algo deveria ser feito para conter a saída de pessoas do mundo comunista.

Mas felizmente o muro construído pelo governo esquerdista alemão não conseguiu segurar muitos daqueles que buscavam a liberdade do lado capitalista. O muro de 120km não conseguiu segurar 5 mil pessoas que simplesmente fugiram da ditadura socialista que dominava o leste da Alemanha.

Impedir que as pessoas fugissem dos horrores dos regimes ditatoriais de esquerda não era fácil, assim o muro foi concebido com valas de cerca metálica, cabos e alarmes, trincheras para evitar a passagem de veículos, outros diversas cercas e mais de 300 torres de vigilância e 30 bunkers.

O muro da vergonha foi derrubado em 9 de novembro de 1989, quando os regimes ditatoriais socialistas caíram, economicamente falidos e socialmente podres, no leste da Europa.

Exatamente hoje a imprensa alemã divulga um informe secreto da Stasi, a polícia secreta socialista. O teor do documento, sempre negados pelos governos de esquerda, fornecia autorização para a polícia atirar para matar qualquer "inimigo do regime" que tentasse fugir para o lado capitalista e livre. A autorização valia para o assassinato de mulheres e inclusive crianças. A preocupação era também com os guardas de fronteira, que por estar em posição estratégica, também tentavam fugir para o lado capitalista. O documento que me refiro está na foto ao lado e foi descoberto nos arquivos da Stasi em Magdeburgo e data de 1 de outubro de 1973.

O número de pessoas executadas que tentavam fugir do socialismo alemão passa de 1.200.

As cicatrizes ainda são muito fortes no Leste. Hoje, vivendo em uma região que fica praticamente no Leste Europeu, na fronteira com cinco países que viveram os horrores do comunismo, percebo as profundas marcas que o regime deixou nesses povos.

E depois ainda me peguntam porque não gosto da esquerda. Pessoas que se postaram e justificam esses atos criminosos e ainda justificam, como ocorre em Cuba, merecem meu total desprezo, nojo e repulsa. A esquerda é podre e hipócrita. Sempre foi. A história está aí para provar. Só não enxerga quem não quer.

Felizmente hoje a Alemanha é livre e o muro faz parte da história. Mas como dizia Hayek, devemos aprender com o passado e evitar um futuro indesejável e perigoso.

sábado, agosto 11, 2007

Sarkozy e Bush

Esta foto é cheia de significados e recados. Sarkozy e Bush encontraram-se informalmente na casa do pai do presidente norte-americano em Walker's Point. A repercussão da visita é forte aqui pela Europa neste sábado.

O significado fica por conta de Sarkozy passar férias nos Estados Unidos, o que deixou a esquerda francesa (ou o que sobrou dela) furiosa. A decisão de Sarkozy de viajar até o lago Winnipesaukee, em New Hampshire, foi muito bem justificada pelo próprio Presidente. Ele disse que escolheu os EUA como destino exatamente como fazem outros 900.000 turistas franceses todos os anos. Sarkozy tem resposta para tudo. Mas o objetivo da viagem não foi certamente para descansar.

Um movimento político foi construído habilmente. Sarkozy ainda não visitou formalmente Washigton como Presidente. Nada melhor que um encontro informal, portanto, com o presidente Bush neste momento. Vejam o sorriso de Sarkozy e a satisfação de Bush. O recado político está dado.

A simbologia também é um recado. A casa de George Bush em Walker's Point é um local para convidados muito especiais. Na Presidência do pai do atual mandatário passaram Mikhail Gorbachev e Margaret Thatcher. Na atual administração, a visita de Putin foi extremamente comentada. Ou seja, é um local restrito, onde são recebidos convidados extremamente especiais.

A imprensa publica que foram discutidos temas como o Iraque e o Sudão, entretanto, a simbolgia do encontro, do local e das fotos é um recado para o mundo. França e Estados Unidos voltam a ser parceiros muito próximos.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Bolsas caem na Europa

Depois da Ásia e Oceania, com quedas acentuadas em Tóquio (maior desde 13 de março) e Sydney (maior desde os ataques de 11 de setembro), as bolsas na Europa seguem em queda.

Tóquio fechou em baixa de 2,37%. Hong Kong em baixa de 3%, Seul em baixa de 4,2% e Cingapura baixa de 2,89%.

No início da tarde aqui na Europa, Paris apresenta baixa acentuada de 3,05%. Londres também opera em forte queda, de 2,87%. Frankurt, a queda um pouco menor, de 1,51%.

O BCE, Banco Central Europeu, injetou ontem um volume recorde de 94,8 bilhões de euros no mercado. Hoje já chegou a 61 bilhões e o BC japonês US$ 8,5 milhões. O FED americano injetou ontem US$ 24 bilhões.

Toda a atenção agora se volta para o mercado americano. Ontem a queda foi de 2,8% no Dow Jones e 2,2% na Nasdaq.

A crise gerada pelos créditos hipotecários de risco nos EUA, chamados de subprime, está se alastrando pelas bolsas do mundo inteiro. Resta saber até onde chega, especialmente com as intervenções dos Bancos Centrais, que tanto podem ajudar a resolver a crise, como gerar mais desconfiança ainda no mercado.

Há no momento uma limitação da liquidez em circulação que os BCs estão tentado cobrir. Os bancos não querem emprestrar entre si e isto afeta diretamente a Europa, já que o PNB Paribas anunciou o congelamento das operações de resgate e de depósitos de três de seus fundos especializados no crédito imobiliário de alto risco nos Estados Unidos.

Se o mundo entrar em crise realmente, o impacto no Brasil será fortíssimo, pois já que o governo é omisso e está aproveitando o período de bonança no mundo, uma crise encontraria o País sem sustentação econômica própria.

Irmãos Kaczynski, mais um capítulo

Os irmãos que governam a Polônia são pessoas tão curiosas e caricatas que chega a ser divertido acompanhar seus movimentos.

Tudo indica que realmente as eleições serão antecipadas, em outubro. Lech, o irmão Presidente, acertou os detalhes com o líder do principal partido de oposição, chamado "Plataforma Cívica", Donald Tusk, de cunho liberal.

Antes do Parlamento ser dissolvido serão votadas diversas leis, consideradas "importantes". Uma delas pelo menos é: a adesão da Polônia ao acordo Schengen da UE.

Resta saber o que os irmãos Kaczynski estão planejando. Seguerei acompanhando de perto e manterei os leitores informados.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Memorial lembra vítimas de Stalin

Dia 8 de agosto de 1937 Stalin iniciava mais uma série de execuções na antiga URSS. O ditador esquerdista mandou assassinar, em uma localidade ao sul de Butovo, Rússia, cerca de 20.000 pessoas, considerados inimigos do regime socialista, cidadãos que clamavam por liberdade.

70 anos depois, 500 pessoas participaram da inauguração de um memorial em homenagem as tristes vítimas das brutais atrocidades socialistas. Uma cruz, feita com a madeira usada nos campos prisionais de Stalin, similares aos campos de concentração da Alemanha Nazista, virou o símbolo do local.

A cruz foi erguida, em silêncio, enquanto todos lembravam das vítimas fatais assassinadas pelo regime de esquerda soviético, que cairia podre em 1991.

Os irmãos Kaczynski atacam novamente

Eu não disse que eles tinham um plano? Eles sempre tem um plano.

Jaroslaw Kaczynski, primeiro-ministro da Polônia demitiu o ministro do Interior, Janusz Kaczmarek, sob a acusação de que vazou informações para o ex-vice PM Andrzej Lepper.

Acontece que Janusz Kaczmarek era um homem de extrema confiança dos irmãos Kaczynski, apesar de não ser filiado a seu partido, PiS.

A estratégia dos gêmeos que governam a Polônia é chamar o Autodefesa, partido de Andrzej Lepper, de volta para a coalizão governamental, minando a liderança do ex-vice PM em seu partido.

Enquanto Jaroslaw Kaczynski diz que pode chamar eleições antecipadas (seriam em 2 anos), as pesquisam mostram que seu partido, o PiS está 10 pontos atrás do partido liberal.

Mas não se assustem, se Kaczynski fala sobre eleições antecipadas é porque ele tem um plano. E como sempre digo, os Kaczynski sempre tem um plano.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Enigma Francês

Como se movimentam as estratégias políticas de Nicolas Sarkozy?


Quando conheci Nicolas Sarkozy, ele se dividia entre o Ministério do Interior e a campanha presidencial. Fazia frio em Madrid e ele visitava cidadãos franceses que moram na Espanha. Contudo, apesar da baixa temperatura, ele conseguiu incendiar a platéia que foi conhecer suas propostas. Em suas palavras pude ver com clareza que sua eleição representaria uma forte e profunda ruptura no modelo social francês. Suas idéias eram claras e seus argumentos diretos e objetivos. Este é o estilo pessoal que certamente ele levaria para a Presidência. Entretanto, muitos se perguntavam se Sarkozy realmente implementaria sua ampla agenda de reformas. Seus primeiros meses de governo já indicam uma direção.

Desde o princípio Sarkozy imprimiu seu ritmo ao Elysée. O corte brutal no número de ministérios traduziu seu estilo direto, similar ao usado na campanha. A nomeação de sua equipe traduziu seus objetivos e deixou clara a direção que iria seguir. Sem período para acomodações, o governo partiu para ações desde o primeiro dia, de acordo com estilo pessoal de Sarkozy. Um governo ágil e firme, uma máquina administrativa enxuta e eficiente. Seu senso prático e disposição para participar de reuniões do G8 ou discutir a política econômica da UE com ministros em Bruxelas levou a revista inglesa The Economist a chamá-lo de presidente hiperativo.

Sua agenda de reformas internas é ampla e acredito que está perfeitamente calculada, passo a passo. De acordo com aquilo que esboçou na campanha, Sarkozy deve promover principalmente maior liberalização do mercado de laboral, mudanças na estrutura do funcionalismo público, reforma universitária e até diminuição da carga fiscal e regulatória. A agenda é ampla, profunda e audaciosa e tende a ir além. Contudo já existem céticos que não acreditam na possibilidade de Sarkozy chegar tão longe. Entretanto, não por ser difícil, mas porque ele simplesmente não desejaria aprofundar tanto as mudanças. Isto nos levaria a crer que a França estaria mais em direção a uma rupture tranquille.

Alguns sinais neste sentido aparecem em pequenas declarações, como na reunião de ministros de finanças da UE, nas divergências com o Banco Central Europeu e na proteção de empregos franceses no consórcio Air Bus. Como Sarkozy não costuma ser dúbio, talvez seja apenas uma estratégia na busca de seus objetivos. Esta dúvida segue sendo um ponto importante de reflexão e interrogação de sua Presidência.

Entretanto este é o mesmo Sarkozy que teria força para passar uma reforma educacional ou enfrentar sindicatos, como resolveu fazer agora. A “Lei de Serviços Mínimos” foi proposta de maneira muito hábil durante o verão europeu. Esta manobra política causou surpresa nos sindicatos, que nestes meses não conseguem organizar manifestações. A lei obrigará o funcionamento mínimo dos serviços de transporte durante eventuais greves, assegurando a presença dos franceses no trabalho. Na França de Sarkozy, nada é desculpa para escapar da labuta diária. Esta iniciativa deve alcançar também o magistério, rádios e emissoras de TV estatais. Aqueles que decidirem entrar em greve terão que avisar com dois dias de antecedência. Além disto, os dias parados passarão a ser descontados.

Essas medidas são preventivas, provavelmente para a tomada de outras no futuro. Sarkozy não brinca em serviço. Outras reformas devem estar planejadas, talvez em setores como eletricidade, gás, serviços postais e telecomunicações. As dúvidas sobre seus objetivos começam a desaparecer quando suas políticas movem-se em sentido comum. Sua próxima ação será o fim da gratuidade dos serviços públicos de saúde. As famílias pobres ficariam isentas de pagamento, mas todos os outros deverão pagar 0,50 centavos de Euro cada vez que visitarem um médico da rede pública, outros 0,50 por prescrição de medicamento e 2 Euros pelo uso de transporte médico. Haverá um limite também, segundo os planos de Sarkozy: cada um somente poderá usar o sistema público até o teto de gastos de 50 Euros por ano.

No jogo político, sua estratégia jogou na lona o partido socialista, que entrou em crise. Muitos líderes da esquerda foram chamados por Sarkozy na hora de compor o seu governo, que aplica medidas liberais e conservadoras. Bernard Kouchner, co-fundador da organização Médicos Sem Fronteiras foi o primeiro, escolhido para o posto de Relações Exteriores. Veio Hubert Védrine e até Jack Lang, um dos conselheiros de campanha de Ségolène Royal. Ao todo ele trouxe seis líderes socialistas para seu governo e ainda é capaz de emplacar Dominque Strauss-Kahn para a direção-geral do FMI. Sarkozy, desta forma, neutralizou o partido socialista, que enfrenta agora uma crise de identidade gravíssima, inclusive com sugestões para troca de nome.

Até o momento, Sarkozy desarticulou a oposição, consolidou maioria na Assembléia Nacional e começa a passar o primeiro bloco de reformas com extrema habilidade política. Pavimenta, desta forma, o caminho para mudanças mais audaciosas e profundas. A ruptura que percebi em suas palavras, há mais de seis meses, começa a se concretizar. Desvendar seus objetivos pode ser mais fácil do que imaginamos. Uma rupture profonde está em curso na França e será realizada por um político hábil, ambicioso e popular.

Rússia e Georgia, o eterno jogo de dissimulações

A situação entre Rússia e Georgia traduz muito o comportamento dos povos europeus na medida que nos dirigimos ao leste, em especial nos países que passaram pelos horrores das ditaduras socialistas.

Os russos, por exemplo, sempre foram dominados, seja por czares ou ditadores da esquerda. O povo que emergiu com o fim da URSS possui essas marcas profundas. O jogo político com o leste europeu é sempre mais dissimulado, mais difícil, um jogo de erros e desconfianças. Alguns povos estão mais adaptados a cultura européia e a UE tem importante papel neste sentido, mas em outros lugares, a situação ainda é complicada.

No caso em concreto, um míssil foi lançado por uma aeronave militar ao norte da cidade de Tsitelubani, apenas 65 km a oeste da capital, Tbilisi, na Georgia. O artefato, de 1.000kg, não explodiu. O ministro do Interior, Vano Merabishvili, afirma com convicção que os radares provam que houve aproximação de aviões Sukhoi-24 da Rússia para o ataque na noite de segunda-feira.

O Kremlin nega, como sempre. O ministério da Defesa russo nega, como sempre. E o ministro da pasta do Exterior foi além, disse que os aviões vistos no radar eram na realidade da Força Aérea da Georgia. Quem estará falando a verdade? Este é o problema que falava no início desta postagem. Vale lembrar que a Georgia é um dos antigos satélites da extinta URSS.

O curioso é ver, como mostra a foto, a faixa de isolamento de onde caiu o míssil, em inglês.

Este jogo de dissimulações entre a Rússia e seus antigos satélites nos leva a crer que infelizmente certas coisas talvez nunca mudem.

Ato Criminoso

O Brasil resolveu deportar os atletas cubanos que haviam fugido de sua delegação durante o PAN. Devolver fugitivos de ditaduras aos ditadores é um ato criminoso.

O Brasil, assim como fez com a Bolívia no último ano, se rebaixou. Nos comportamos como um poodle da ditadura dos irmãos Castro, que age de acordo com as ordens emanadas do regime criminoso que impera em Cuba.

Os governantes brasileiros responsáveis por este ato criminoso deveriam ser punidos pela justiça penal internacional, já que se trata claramente de uma violação dos Direitos Humanos. Ou seja, ao invés de fornecer asilo, como o governo Lula já fez com um terrorista das FARC, devolvemos os atletas para a ilha cárcere onde certamente serão torturados.

O senador Arthur Virgílio pediu a convocação do ministro Celso Amorim. Certamente Amorim usará de sua retórica diplomática de botequim, se atendo nas questões jurídicas, já que, em tese, a deportação é um ato sob responsabilidade das autoridades locais. Esconderá a questão política, como sempre. Alguém que usou sua desenvoltura para justificar os governos militares, FHC e agora Lula, além buscar argumentos para apoiar ditaduras, não tem autoridade moral para conduzir a diplomacia do Brasil.

O DEM reagiu em nota. Me pergunto porque esses políticos não voaram para o Rio de Janeiro na própria sexta-feira para buscar meios de salvar os cubanos. Reagir em nota depois do ocorrido é cômodo. O Brasil precisa de políticos de ação. Por falar em ação, por onde andavam as ONG's de Direitos Humanos, sempre tão preocupados?

Onde estão os cubanos agora? A ditudura de esquerda não diz ao certo, como fazem todos regimes de exceção. O que se sabe é que estão em uma "casa" da ditadura, literalmente em cárcere, onde "receberam a visita das mulheres e dos filhos". Será?

segunda-feira, agosto 06, 2007

Coalizão governamental em risco na Polônia. Será mesmo?

Os irmãos Kaczynski podem enfrentar problemas. Lech e Jaroslaw Kaczynski, os irmãos gêmeos idênticos que são, respectivamente, Presidente e Primeiro-Ministro da Polônia estão frente a uma crise que abala a coalizão conservadora que governa o país. Será?

Um dos partidos da frente que sustenta o governo de Jaroslaw Kaczynski, chamado Autodefesa, retirou-se do governo levando seus dois ministros, Anna Kalata, da pasta do Trabalho e Andrzej Aumiller, da Construção. Além disso, deixou a coalizão governamental com apenas 203 votos em um Parlamento onde a maioria é alcançada com 231. Como governar agora em minoria? Será que Lech chamará eleições antecipadas? Será tudo isso uma estratégia dos irmãos Kaczynski?

O partido Autodefesa ocupava também o cargo de Vice-Primeiro Ministro pelas mãos de Andrzej Lepper, líder do partido, que foi destituído do cargo por denúncias de corrupção. Ele acusa os irmãos Kaczynski de manipulação para retirá-lo do poder.

Os gêmeos que mandam na Polônia são conhecidas figuras na Europa, em especial pela brutal oposição ao Tratado Constitucional da UE, pelas denúncias de corrupção e apadrinhamento a empresários.

A política polonesa passa uma sensação de instabilidade, autoritarismo e uso de métodos eticamente pouco recomendáveis. Sem dúvida os irmãos Kaczynski tem plano. Eles sempre tem um plano.

Hamilton, caráter e competência em Hungaroring

Quando cheguei a Hungaroring, circuito nos arredores de Budapeste, para acompanhar a corrida do último domingo, a tensão nos boxes era clara e evidente. Fernando Alonso foi desleal, evitando que Hamilton abrisse sua última volta rápida nos treinos - o espanhol temia que o inglês tomasse sua pole position.

A penalização deixou Alonso furioso e acirrou ainda mais o clima entre os dois pilotos da McLaren. Ron Dennis também não gostou. O piloto espanhol largou em sexto e Hamilton herdou a pole. A McLaren também foi punida com a perda dos pontos.

Largar na pole em Hungaroring é ter meia corrida nas mãos, já que a pista possui poucos pontos de ultrapassagem. Hamilton sabia disso e cuidou muito a aproximação de Kimi Räikkönen, da Ferrari. O inglês venceu de ponta a ponta em uma apresentação brilhante, sublime, de enorme perfeição técnica. Segue na frente na classificação geral.

Triste foi assistir Massa enfrentar problemas com sua Ferrari. É um ótimo piloto. A torcida é para que o que ocorreu na Hungria não se repita.

Fiquei realmente surpreso com a quantidade de poloneses em Hungaroring, talvez pela proximidade geográfica. A torcida por Kubica é fanática.

Alonso não sabe correr em desvantagem e sempre chora quando as condições não são favoráveis. É mimado e arrogante. Hamilton, ao contrário, é um piloto de garra, frieza, simpatia e competência. Mereceu vencer. Ao final, passou mais devagar do que o usual agradecendo o apoio da torcida.

Hamilton além de ter competência, tem postura de vencedor. Tem caráter. Merece ganhar o título deste ano. Terá um futuro brilhante na Fórmula 1. Esta foi a impressão que nos deixou em Hungaroring.

domingo, agosto 05, 2007

Aeroportos brasileiros sucateados, diz El País

O jornal espanhol El País foi direto neste final de semana e alertou sobre os riscos da falta de obras de infra-estrutura nos aeroportos brasileiros.

Dos 10 maiores e mais importantes aeroportos do Brasil, somente as pistas de Brasília e Belo Horizonte não apresentam problemas. Entretanto, preocupante é a situação das pistas nos aereportos de Congonhas e Guarulhos em São Paulo, Santos Dumont e Tom Jobim no Rio de Janeiro, além dos de Salvador, Porto Alegre, Fortaleza e Curitiba.

Falta de grooving, fissuras no asfalto, problemas nas placas, entre vários outros.

Do orçamento de 889 milhões de reais gastos em 2006, somente 50 milhões foram parar em obras de infra-estrututra - a enorme diferença de 839 milhões de reais, foi para reformas cosméticas, como a transformação dos aeroportos em shopping centers.

As palavras do diário espanhol ecoam na Europa. Com essa realidade, nenhum turista sensato buscará o Brasil como destino, com toda razão.

Manifestações realmente populares

Sem bandeiras vermelhas, sem a organização de partidos políticos ou sindicatos, ou seja, sem qualquer tipo de "máquina" por trás, milhares de brasileiros protestaram contra Lula em diversas capitais do Brasil.

Em Brasília, o local de concentração foi o aeroporto, onde todos fizeram 1 minuto de silêncio pelas vítimas do vôo da TAM, rezaram e pediram a saída de Lula.

O importante é que os brasileiros começaram a se manifestar por conta própria, meio sem saber como se faz, um pouco sem jeito, mas com vontade. Em São Paulo, a convocação por internet reuniu mais de 12 mil pessoas. Boa parte da imprensa boicotou, é claro, noticiando números inferiores.

Reitero o que disse: o primeiro passo foi dado. Os brasileiros que fizeram sua voz ser ouvida e sua vaia ser sentida estão de parabéns.

sábado, agosto 04, 2007

Pela liberdade dos atletas cubanos

A Polícia Federal brasileira prendeu e agora nosso país pretende deportar para a ilha cárcere de Fidel Castro os atletas cubanos que fugiram de sua delegação durante o PAN. Eles buscavam a liberdade que não possuem em Cuba: liberdade de expressão, liberdade religiosa, liberdade de associação, liberdade econômica, entre inúmeras outras negadas pela brutal ditadura cubana.

Nosso país tem obrigação moral de conceder asilo aos dois atletlas. Enviá-los para Cuba, um regime ditatorial e cruel, que mantém jornalistas presos e pessoas torturadas simplesmente por não serem socialistas é um CRIME.

O asilo neste caso é um ato humanitário, já que é de domínio público as constantes VIOLAÇÕES AOS DIREITOS HUMANOS PELA DITADURA CUBANA.

Durante o tempo que vivi em Madrid, conheci o poeta Raul Rivero, encarcerado pelo regime de exceção socialistas dos irmãos Castro. Felizmente Rivero vive livre na Espanha atualmente, entretanto é assustador saber dos detalhes de uma imunda e hostil prisão política cubana.

Todos que defendem a liberdade devem buscar uma forma de pressionar o governo brasileiro e evitar esta barbárie, que será a deportação dos atletas. Eles perecerão torturados em Cuba, não tenham dúvida.

Onde está o senador Eduardo Suplicy, defensor do asilo humanitário para terroristas? Está na hora de mostrar que o senhor não é sectário e lutar pela vida destes atletas.

Os nomes dos atletas que podemos salvar são: Erislandy Lara, de 24 anos, e Guillermo Rigondeaux, de 25.

Quando a imprensa brasileira tratará do assunto da maneira devida? Acreditar na versão de que os atletas estão sem documentos e querem voltar para Cuba é muita ingenuidade.

Gorbachev estrela campanha da Louis Vuitton

Gorbachev é realmentre surpreendente. Na Paris Match que saiu na última quinta-feira ele aparece como garoto propaganda da Louis Vuitton.

O melhor de tudo foi o cenário: diante do que restou do Muro de Berlim. Foi o próprio Gorbachev que sugeriu o local, já que ele quer ser lembrado como um dos artífices de sua queda.

Pequenos atos que nos fazem lembrar de importantes atos históricos. Se cachê será destinado a sua fundação.

Mikhail Gorbachev foi um imporante homem de noso tempo. Espero que a história lhe conceda um papel justo nos livros. Ele soube entender a podridão do excludente sistema comunista, propor reformas e acabar com um regime assassino e totalitário, libertando milhões de pessoas.

Em frente ao muro talvez tenha se lembrado da célebre frase do saudoso Ronald Reagan: "Mr. Gorbachev, tear down this wall!!".

quarta-feira, agosto 01, 2007

Sarkozy promete. E cumpre.

Sarkozy ataca novamente. O alvo agora são os sindicatos. Cumpre assim o que prometeu na campanha. Seu objetivo é manter o funcionamento mínimo dos transportes públicos durante períodos de greve para que todos possam trabalhar. Na França de Sarkozy, nada é desculpa para escapar da labuta diária.

A Assembléia Nacional deve aprovar amanhã a "Lei sobre o diálogo social e continuidade do serviço público nos transportes terrestres" ou "Lei de Serviços Mínimos", como já está sendo conhecida. Estamos no meio do verão europeu, um período que não propicia manifestações, motivo pelo qual Sarkozy está agindo.

Os sindicatos se revoltaram contra a lei e organizaram manifestações. 2.000 pessoas em Paris, 300 em Lili e Toulouse e 500 em Marselha. Um fracasso de público. "É muito difícil mobilizar pessoas dia 31 de julho" lamentou o líder da CGT, Bernard Thibault.

O problema dos sidicatos não é o 31 de julho, o problema é que do outro lado está a habilidade política de Sarkozy. O Presidente francês encontrou um meio de neutralizar essas manifestações usando o calendário.

A lei de serviços mínimos deve alcançar também os professores, rádios e emissoras de TV do Estado. A idéia é inserir ainda dispositivos que autorizem o desconto dos dias parados em greve. Além disso, aqueles que desejam entrar em greve terão que avisar com dois dias de antecedência.

Prestem atenção: Essas medidas são preventivas, provavelmente para a tomada de outras no futuro. Sarkozy não brinca em serviço.

Como se isso não fosse o suficiente para deixar os socialistas preocupados, Sarkozy foi além e anunciou o fim da gratuidade plena dos serviços de saúde na França. As famílias pobres ficariam isentas de pagamento, mas todos os outros deverão pagar 0,50 centavos de Euro cada vez que visitarem um médico da rede pública, outros 0,50 por prescrição de medicamento e 2 Euros pelo uso de transporte médico. Haverá um limite também, segundo os planos de Sarkozy: cada um somente poderá usar o sistema público até o teto de gastos de 50 Euros por ano.

Mesmo assim, ele continua popular, como mostra a foto acima. Mudanças profundas começam a acontecer na França.