terça-feira, junho 30, 2009

Sarney sofre pressão

Os dias andam tensos no Senado. A pressão sobre Sarney aumenta a cada dia, mas a proporção mudou com a tomada de posição por algumas bancadas partidárias.

O Psol, como era esperado, atacou com dois pedidos de investigação no Conselho de Ética, uma contra Sarney e outra contra Renan Calheiros. O DEM propôs que Sarney se licencie do cargo enquanto durarem as investigações. O PDT também firmou posição pelo afastamento de Sarney.

E os tucanos acabaram em um racha, de um lado Sérgio Guerra e do outro Marconi Perillo. Guerra propôs o afastamento temporário de Sarney e a implementação de uma comissão de senadores que adotariam medidas corretivas. Perillo, que é o Vice-Presidente do Senado, sentiu-se atingido, uma vez que tal atitude atingiria suas prerrogativas diretivas sobre a Casa, em eventual afastamento de Sarney.

Resta saber até quando Sarney resistirá, pois as pressões intensificam-se. Isto será decidido sobretudo pelo tamanho do apoio que Lula fará o PT prestar a Sarney, inclusive publicamente. Mas está claro que o PT, que alega ainda não ter tomado posição, trabalha freneticamente por Sarney nos bastidores.

Sarney é um aliado do qual Lula não pode prescindir.

segunda-feira, junho 29, 2009

Em Buenos Aires, Kirchner surge derrotado e abatido

Kirchner jogou tudo nesta eleição e apesar de este pleito estar longe de ser seu enterro político, o ex-Presidente argentino sofreu um duro golpe das urnas.

A diferença não foi brutal onde ele pessoalmente jogou com seu nome, mas foi suficiente para abater o líder do peronismo. Kirchner, em ato contínuo, deixou o comando do Partido Justicialista. As derrotas foram inúmeras, a começar pela província dele próprio, Santa Cruz, vencida pelo Acordo Cívico Social com 42,54% dos votos. As derrotas seguiram por Córdoba, Mendoza, Catamarca, Corrientes, Entre Ríos e Neuquén.

E a jóia da coroa, a província de Buenos Aires, também ficou com a oposição, com 34,58% dos votos. Os peronistas dissidentes aliados aos conservadores impuseram uma dura derrota a Kirchner.

Estas eleições possuem um caráter especial porque não deixam de ser uma ante-sala da disputa presidencial. Macri fortalece sua liderança, especialmente em Buenos Aires e um dissidente peronista está angariando votos e consolida-se, Francisco De Narváez. Estes, por enquanto, são os pesos pesados que se apresentam.

O importante é verificar o desgaste dos Kirchner, que apesar de ainda controlarem o Senado, perdem força no Parlamento. Será um ajuste crítico daqui para frente. Nestor já deixou o comando do Partido. Precisará de muita habilidade política par segurar o poder.

sexta-feira, junho 26, 2009

Da tribuna, Simon pede afastamento de Sarney

Já foi o tempo que o senador Pedro Simon derrubava ministros com seus empolgantes discursos da tribuna do Senado. Conhecido pela irrepreensível defesa da bandeira da ética, é um dos senadores mais respeitados da Casa.

Mas no governo atual parece que tudo mudou. Sem uma Oposição profissional, com uma agenda clara e pontual, que deixa de explorar de maneira efetiva as faltas do Planalto, o Brasil parece viver em sensação de plena letargia cívica.

Em época de Oposição forte e aguerrida, que busca ressonância na sociedade, discursos como o do Senador Simon encontram eco na população. Entretanto, nos dias de hoje, suas palavras, infelizmente perdem-se jogadas no vazio.

Simon pediu o afastamento do Presidente Sarney. Não como forma de puní-lo, mas como forma de trazer isenção ao processo de investigação. Mas nada ocorrerá. O sistema está blindado em si mesmo e a ninguém interessa que qualquer coisa venha à tona neste momento.

Bons eram os tempos que os discursos do senador Simon causavam desconforto no governo. Tempos em que havia balisamento ético. Certamente já fomos melhores do somos.

quarta-feira, junho 24, 2009

Jogadores do Irã punidos

O cerco da linha dura iraniana se fecha mais a cada dia. As vítimas, além daquelas várias já conhecidas, desta vez foram os jogares de futebol da seleção.

Seis jogadores entraram em campo usando munhequeiras verdes, cor adotada por Mir Hussein Moussavi em sua campanha. Foi um ato de protesto, visto como algo muito mais grave pelo regime dos aiatolás. A punição veio a galope.

Os jogadores foram expulsos e seus passaportes, como se já não fosse o suficiente, foram confiscados. As informações são desencontradas e ainda não se sabe ao certo se a punição foi para todos ou parte deles ou qual deles recebeu qual punição.

Mas a guerra da contra-informação já começou.

O vice-presidente da federação iraniana de futebol, Mehdi Taj, negou hoje que os atletas tenham sido expulsos, mas que saíram por decisão própria, profissional e totalmente pessoal e negou que seus passaportes tenham sido confiscados.

Enquanto o cerco se fechava contra os jogadores, informações chegadas de Teerã informam que a cidade enfrentou um buzinaço ensudercedor durante o dia de ontem. E os protestos tendem a se intensificar.

terça-feira, junho 23, 2009

A Crise no Irã

Jornalistas presos e desaparecidos no exercício de seu trabalho, outros com vistos não renovados são obrigados a deixar o país. A internet foi a saída natural para milhões de iranianos que buscam informar o mundo o que ocorre dentro de suas fronteiras, mas ainda com o bloqueio do regime dos Aiatolás a muitos sites, poucas portas permanecem abertas. Assim o Irã busca fechar o cerco no que tange a informação.

É possível estimar, mas ninguém sabe ao certo a magnitude dos protestos, o número de mortos, presos e sabe-se lá o que mais, por todo país.

Como prova de força, o Parlamento já agendou a posse de Ahmadinejad entre 26 de julho e 19 de agosto. O Ministério do Interior já teria advertido Mir Hossein Mousavi a respeitar a lei e o voto do povo.

O problema é que não sabe-se ao certo qual foi o voto dado pelo povo. As denúncias de fraude espalham-se e o governo já admitiu fraude em várias seções eleitorais, onde o total de votos foi fartamente superior ao número de eleitores. Portanto não sabe-se ao certo se a fraude se espalhou pelo resto do país. Dadas as manifestações, estima-se que foram extensas e novas eleições deveriam ser convocadas.

Enquanto a liberdade for cerceada, uma das poucas portas abertas é a internet e o Twitter tem exercido função crucial em informar o que ocorre por lá, mas o regime dos aiatolás, atento, já começou a guerra de contra-informação.

Entende-se que a ferida aberta no Irã, diante de tantos episódios, é profunda. A questão está em saber se como o regime reagirá frente ao que se apresenta.

sexta-feira, junho 19, 2009

Lula escorrega feio

Lula escorregou feio ao defender, de maneira lamentável, o ex-Presidente Sarney. Se o fizesse, deveria ser de outra forma, certamente. O fato ocorreu um dia depois do Senador esquivar-se das denúncias que atingem o Senado e sua própria figura pública.

O Presidente encontrava-se em Astana, no Cazaquistão e de lá mesmo disparou sua declaração. Disse que Sarney não poderia ser tratado como uma "pessoa comum", classificando as denúncias sobre as contratações secretas como denuncismo.

A declaração do Presidente imbute claramente a idéia de que aqueles que ocupam ou ocuparam um cargo púbico estão acima da lei. Discordo, assim como praticamente toda a opinião corrente e discordaria Lula se fosse membro da oposição, como fazia no passado.

Aqueles que ocupam cargos públicos, ao contrário do que pensa o Presidente, devem submeter-se de forma mais rígida à lei. Sempre lembro que o Presidente Nixon renunciou para cercar-se das garantias legais relativas a uma "pessoa comum" que não se aplicam ao Presidente dos Estados Unidos. Ou seja, fora do Salão Oval dispunha de mais garantias legais do que ocupando a Presidência.

Contudo, infelizmente, em nosso País, pensa-se diferente. Lula materializa essa fórmula como seu principal fiador, assim, termino esta postagem com suas próprias palavras, que infelizmente representam a realidade brasileira: "Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim, e depois não acontece nada".

É, ele está certo, "depois não acontece nada", como sempre, tudo acaba em "pizza". Lula, que um dia já chamou Sarney de corrupto, hoje é seu mais fiel fiador.

Mudou o Natal ou mudamos nós?

quarta-feira, junho 17, 2009

Fim da Chantagem?

Obama esteve hoje com o presidente da Coréia do Sul, Lee Myung-bak, na Casa Branca. Conversaram sobre vários assuntos, mas claro, o ponto principal da coletiva foi sobre as ameaças nucleares da vizinha Coréia do Norte.

O Presidente americano mandou seu recado ao ditador Kim Jong-il quando falou sobre as seguidas chantagens impostas pelo regime comunista. Pelo primeira vez em muito tempo vi um ocupante da Casa Branca falar tão duro e diretamente sobre um assunto tão delicado. Obama disse que não tolerará chantagens e que chegou ao fim o tempo de recompensas em forma de comida, combustível, empréstimos e outros benefícios em troca de promessas vazias. Ou seja, não adianta a Coréia do Norte mostrar seus dentes e depois negociar. Haverá um jogo duro pela frente.

As palavras de Obama foram bem recebidas, afinal de contas, ouvir isso dele é diferente de ouvir de outros Presidentes que já passaram pela Casa Branca.

Acabou o período de barganha. Se Obama levar a cabo suas palavras, esta é uma ótima notícia para o mundo.

terça-feira, junho 16, 2009

Ahmadinejad ganhou com ampla maioria?

Apesar dos protestos em Teerã e das denúncias de fraude, a eleição de Ahmadinejad foi confirmada pelo Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei.

O curioso foi ver a censura imposta pelo governo, jornalistas com autorizações cassadas e imagens editadas. Algo lamentável depois das expressivas manifestações democráticas durante as eleições. Além disso, o enfrentamento entre os partidários de ambos candidatos, Ahmadinejad e Moussavi, e policiais da tropa de choque e milícias islâmicas deram um ar mais dramático a uma uma eleição que parece cada vez mais mal resolvida.

Já ocorreram mortes e existem vários feridos. Os apelos do Aiatolá Ali Khamenei não foram atendidos e o povo continua ocupando as ruas, especialmente de Teerã, onde Mousavi é muito mais popular. São os maiores movimentos de massa desde a Revolução Islâmica de 1979.

A conferir os resultados dessas manifestações, ainda mais quando outros países já convocam seus Embaixadores para pedir explicações.

segunda-feira, junho 15, 2009

BRIC reunido na Rússia

Os países do chamado Bric - Brasil, Rússia, Índia e China, concentram 40% da população mundial, 14,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, 12,8% do comércio e 25% da superfície terrestre do planeta.

A idéia central seria reunir potências emergentes, mas para completar o clube dito, emergente, ainda faltariam outros países, que certamente dariam maior envergadura ao grupo, como Coréia do Sul, Austrália e África do Sul, por exemplo.

Além disso, vale lembrar que talvez falte aos membros do BRIC uma real agenda comum, pois os pontos divergentes talvez superem em muito os de convergência, a começar pelas barreiras comerciais que colocam de um lado Brasil e do outro China. Isto sem falar nos exportadores de commodities, como Brasil e Rússia e as colossais diferenças democráticas entre todos.

A reunião em Ekaterimburgo, nos Urais russos, não deve trazer novidades, apenas linhas gerais sobre assuntos da agenda internacional. Dmitri Medvedev, Hu Jintao, Manmohan Singh e Lula tem apenas uma oportunidade para reafirmar sua agenda ao lado de líderes internacionais.

Se nada de relevante surgir, como é o esperado, o BRIC corre o risco de tornar-se tão somente um acrônimo criado pelo economista Jim O'Neill do grupo Goldman Sachs.

sexta-feira, junho 12, 2009

Eleições tomam conta do Irã

Tudo indicava um passeio para Ahmadinejad, mas a coisa se complicou nas últimas semanas. Uma eleição que parecia fácil, tomou contornos inimagináveis e o Irã foi tragado para uma das mais ferrenhas campanhas políticas já vistas no país. O comparecimento recorde nos colégios eleitorais na data de hoje mostram o grau de engajamento presente nesses dias.

Como disse, tudo parecia ganho para Ahmadinejad até os debates ocorrerem na televisão. O Presidente iraniano perdeu a linha e atacou seus oponenetes, inclusive aquele que ameaça mais fortemente a sua recondução, Mir Hossein Mousavi, que já foi Primeiro-Ministro e possui trânsito com aqueles que desencadearam e implementaram a Revolução Islâmica de 1979. Hoje, Mousavi surge como um moderado, com propostas de liberalização, flexibilização e a firme idéia de mudar a imagem deixada por Ahmadinejad. Assim, como um conservador moderado, angariou apoio de jovens e mulheres.

Com uma plataforma mais reformista apresenta-se Mehdi Karoubi, este sim com propostas mais claras de distensão, liberalização maior da economia e dos rígidos controles da sociedade e diálogo, especialmente com o Ocidente. O quarto concorrente é o conservador Mohsen Rezai, que aparece com poucas chances.

Tudo indica um duelo entre Ahmadinejad, que tinha a eleição nas mãos, e seu concorrente direto, Mousavi. A esperança dos reformistas é que Mousavi possa evitar a vitória de Ahmadinejad no primeiro turno, forçando um novo embate eleitoral somente entre os dois. Em um eventual segundo turno, Mousavi receberia o apoio de Karoubi e tudo pode mudar.

O favoritismo de Ahmadinejad pode ter sido fatal. Se não vencer no primeiro turno, enfrentará um páreo durissimo logo adiante.

Acima de qualquer debate eleitoral, é fabuloso enxergar os iranianos participando de forma ativa no debate sobre os rumos de seu país. A democracia, pelo menos por esses dias, felizmente tomou conta do Irã. Agora é esperar os resultados.

quarta-feira, junho 10, 2009

Mitchell e Solana movimentam-se

Javier Solana e George Mitchell movimentam-se pelo Oriente Médio. O assunto principal de todas as conversas é o Estado Palestino. Obama, durante seu giro pelo Oriente Médio, foi responsável por desencadear as discussões, já travadas nos bastidores por seus emissários, como já comentamos aqui.

Javier Solana fala pela Europa e Mitchell pelos Estados Unidos, que neste momento encontram convergência maior do que a usual sobre o assunto. A pressão sobre Netanyahu é forte e espera-se para este domingo alguma declaração (a favor do entendimento) do primeiro-ministro israelense. Certamente a história seria mais fácil se o líder do governo israelense fosse o Ehud Barak, hoje ministro da Defesa, ou Tzipi Livni, líder do Kadima. Bibi é sempre mais difícil de ceder.

Institucionalmente Israel já se posicionou por meio de Shimon Peres, seu Presidente. Ele já fala de fronteiras provisórias com um futuro Estado Palestino, que podem vir a se tornar definitivas.

Mitchell encontrou-se, juntamente com Solana, no lado palestino, com Mahmoud Abbas e de lá seguiu para o Egito para conversar com general Omar Suleiman, mediador-chefe das negociações de reconciliação entre os grupos palestinos. Seu roteiro ainda inclui Líbano e Síria depois de passar pelo Cairo. Minha opinião é que algo de concreto e muito interessante pode surgir dessas negociações.

terça-feira, junho 09, 2009

Fine Gael vence na Irlanda

Nunca escondi minha admiração pela Irlanda, especialmente depois das espetaculares reformas que fizeram o país crescer e se tornar o que convencionou-se chamar de "Tigre Celta". Desde então, para entender melhor a situação, visitei Dublin algumas vezes. O que foi feito por lá impressiona.

Durante muitos anos a política irlandesa foi liderada pelo tradicional Fianna Fáil, que modernizou-se através das décadas e alcançou sua reinvenção nos últimos anos, tornando-se fiador das reformas estruturais liberalizantes que mudaram a cara da Irlanda.

Entretanto, um outro partido, de cunho centrista, como seus sócios no Partido Popular Europeu, começou a mostrar sua força recentemente e alcançou pela primeira vez um patamar excepcional nas eleições locais da última sexta, derrotando o Fianna Faíl, o Fine Gael.

Os democratas-cristãos do Fine Gael possuem uma agenda clara e nela estão disciplina fiscal, Estado Mínimo, impostos baixos, responsablidade individual e empreendedorismo, tudo aquilo que tornou a Irlanda em um Tigre Celta.

O mais especial para a União Européia é a posição favorável do Fine Gael em relação ao Tratado de Lisboa e a integração da UE. A aprovação do Tratado depende praticamente somente dos irlandeses e os votos recebidos pelo partido (32,2%) evidenciam que Dublin se direcione favoravelmente.

Em 2010 ou 2011 teremos eleições gerais na Irlanda e desde já o Fine Gael, partido fundado pelo legendário Michael Collins, é favorito. A força dos poderes locais aliado ao lugar de maior partido oposicionista nacional pode levar o partido ao poder em breve.

Enda Kenny, líder do partido, não poderia estar mais feliz. Mais um sócio do PPE e da Internacional Democrática de Centro mostra sua musculatura política. Uma nova Europa começa a tomar contornos definidos.

segunda-feira, junho 08, 2009

Eleições Européias

Já havia comentado aqui sobre as eleições européias que ocorreram neste final de semana. A vitória dos conservadores foi esmagadora e possui muitos significados, além daqueles que ouvimos por aí.

As eleições para o Parlamento Europeu servem como um termômetro para alguns países, revelando tendências do eleitorado, entretanto, não pode ser confundido com o significado dos pleitos nacionais, que mobilizam muito mais o eleitorado. O comparecimento, para termos idéia, foi pífio, frente ao esperado, entretanto, revelou aspectos interessantes.

O grupo conservador/liberal econômico (não confundir com a extrema-direta), o PPE, fez a maioria. O mais interessante, contudo, faz-se em perceber onde os conservadores abriram margem: Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália e Polônia, exatamente os países que elegem mais eurodeputados. Portanto, foge daquela argumentação segundo a qual os governos teriam sido derrotados especialmente em razão da severa crise econômica. Vale lembrar que os conservadores governam a França, Itália e a Alemanha e a UMP de Sarkozy e a coalizão CDU/CSU de Merkel ganharam com expressiva folga dos socialistas franceses e dos social-democratas alemães. Berlusconi levou a Itália a ser a segunda força nacional dentro do PPE com 34 eurodeputados. Ao contrário da opinião corrente, não houve voto direcionado pela crise e em política, aí estão contidas várias informações.

As eleições tem menos efeitos na Espanha, por exemplo, que enfrentará eleições gerais só daqui há alguns anos, portanto a perda de espaço PSOE para o PP não possui maiores significados. Entretanto, não pode se dizer o mesmo em Londres, onde a exemplo da surra sofrida pelo PS francês, os trabalhistas amargaram um vexatório terceiro lugar com apenas 15% dos votos. Em meio a crise e as portas de uma eleição geral no próximo ano, Gordon Brown mais uma vez foi atingido.

Os grupos políticos abaixo descritos evidenciam a supremacia dos conservadores que venceram também em outros países como Portugal e Áustria, o que pode ser significativo para a balança de poder em breve.

O que fica praticamente confirmada é a recondução de Durão Barroso no comando da União Européia.

Grupo / Cadeiras:

PPE-DE (conservador) 263.
PSE (social-democrata) 161.
Alde (liberal) 80.
UEN (conservador) 35.
Verdes (ecologista) 52.
GUE/NGL (esquerda) 33.
IND/DEM (eurocético) 19.
Outros 93.

sexta-feira, junho 05, 2009

Brown balança em Londres

Talvez o longo período do Labour no poder, iniciado em 1997 com a vitória de Tony Blair, esteja chegando ao fim. Nesta sexta-feira Gordon Brown perdeu o 5º membro de seu gabinete. Desta vez foi Geoff Hoon, dos Transportes. James Purnell, do Trabalho, deixou sua pasta na noite de ontem e sugeriu que Brown também se retirasse. Também deixaram o governo John Hutton da Defesa, Jacqui Smith do Interior e Hazel Blears de Comunidades e Governo. O gabinete parece estar derretendo.

Existem dois pontos importantes sobre o futuro. A cabeça de Brown está sendo pedida por Trabalhistas e Conservadores, mas de formas distintas. Os Tories sabem que suas chances de chegar ao poder são grandes neste momento de desgaste dos trabalhistas. Querem o fim do governo e a antecipação das eleições gerais imediatamente. Como se não fossse o bastante, Brown sofre ainda com o fogo amigo - a pressão dentro de seu próprio partido.

O governo trabalhista possui mais um de ano de mandato pela frente e a permanência de Brown frente a um governo desgastado, segundo vários parlamentares, pode fazer com que o partido perca o resto do mandato conquistado por Tony Blair. Logo, pedem a substituição de Brown na liderança do Labour imediatamente. As seguidas renúncias estão ligadas a esse ponto.

Brown está por um fio. Por exemplo, se Peter Mandelson, membro de seu gabinete (que não se pode chamar propriamente um aliado), renunciar a pasta de Negócios, o fim do governo estará selado. Portanto, se o Primeiro-Ministro não se mover com extrema habilidade e cuidado, poderá ter que negociar sua substituição com o partido.

Antecipar as eleições, neste momento, seria suicídio político, tanto para o Labour, quanto para Brown.

Mas os Tories fazem seu espetáculo e aproveitam o desgaste do governo para alanvancar sua popularidade.