sexta-feira, março 21, 2014

Diplomacia Errática

A nova estratégia de Obama na guerra de nervos contra a Putin foi no sentido de atingir financeiramente Moscou com congelamento de ativos financeiros e estabelecimento de sanções. O Presidente americano acredita que, em sua concepção, como funcionou com os iranianos e isto os trouxe de volta para negociação, o mesmo pode acontecer com os russos.

Tudo isso chega a soar ingênuo, primeiro porque há sérias dúvidas se a estratégia realmente funcionou com o Irã. Diversos especialistas em política externa divergem de Obama e dizem que na verdade seu governo deu mais fôlego ao regime dos aiatolás. Mas ele acredita piamente que entrou pelo caminho certo e abriu canais de negociações importantes que podem evitar que os iranianos cheguem ao enriquecimento de material nuclear para a construção de uma bomba.

Além disso, é bom lembrar que a Rússia não é o Irã e mesmo que o Presidente estivesse tomando o caminho correto com os aiatolás, nada garante que a mesma estratégia funcionaria com Moscou. O russos possuem outra cultura e outra forma de pensar. É preciso haver diferentes mecanismos para lidar com nações de culturas e valores diversos. A falta de entendimento desta premissa por alguns líderes deveria preocupar a comunidade internacional.

A Rússia acredita que historicamente a Crimeia faz parte de seu território, assim como a porção da Ucrânia que chega até Kiev. É preciso estudar a história russa para abrir canais e mecanismos que possam ser efetivos. O raciocínio de Putin nada tem a ver com a Guerra Fria, mas com os valores culturais da grande Rússia da época dos czares. O vício em tratar a questão com olhos focados no passado recente não ajuda a desenhar mecanismos efetivos de contenção.

Resta aos americanos e europeus, antes de continuar por estratégias erráticas, entender o que realmente deseja a Rússia e assim antecipar seus próximos passos, afinal, como dizia o Embaixador Roberto Campos, "a diplomacia é a arte de ver antes, não necessariamente de ver mais, e nunca ver demais".

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