domingo, março 01, 2015

EUA: Republicanos miram nos Democratas

Muitos confundem a cor branca com paz. A neve que cobriu as imediações do hotel onde os conservadores norte-americanos se encontram nestes dias poderia sugerir este cenário. Mas dentro do salão Potomac, a cor vermelha do cenário se confundia com uma platéia incendiada pelas palavras de políticos que miravam em Obama. O Presidente é um alvo fácil, impopular e sem apoio no Congresso. O partido democrata, um demônio que derrete as esperanças do americanos. Os republicanos, aqueles que podem resgatar os verdadeiros valores de liberdade e segurança nacional. Esta é a mensagem da Conferência de Ação Política Conservadora.

Talvez contagiado pelo calor conservador que emana dos jovens que assistem ao encontro dos republicanos, todos rapazes com os cabelos bem cortados, barbas feitas e moças bem vestidas e perfumadas, o antigo Presidente da Câmara, Newt Gingrich usava uma gravata vermelha. O republicano, que tentou a indicação do partido em 2012, mirou em seu adversário preferido, o ex-Presidente Bill Clinton: "O que podemos esperar de um homem que senta com ditadores no intuito de arrecadar doações de milhões de dólares para sua fundação?". Ele foi além: "É preciso realizar uma auditoria nesta fundação, que gasta com iates, viagens e mansões. Esta fundação precisa mostrar de onde vem cada centavo que arrecada". O alvo certamente não foi Bill, mas Hillary, que deve enfrentar um republicano na corrida presidencial.

O sangue latino também corre nas veias conservadoras. Sentimos isso quando Marco Rubio, de gravata azul, chega no recinto. O salão encheu para ouvir o Senador pela Flórida e uma das grandes esperanças republicanas de resgatar o voto de uma minoria que hoje apóia largamente os democratas. Mas a gravata azul de Rubio não esfriou o local, muito pelo contrário: "A América é excepcional. Nós sabemos e o mundo sabe disso". O público foi ao delírio. Logo depois virou seu discurso para a política externa de Obama: "que trata o aiatolá do Irã melhor do que o Primeiro Ministro de Israel". Os aplausos devem ter sido ouvidos em Tel Aviv. Terminou de forma enfática: "Nossos aliados não confiam em nós. Nossos inimigos não nos temem". Uma clara referência aos europeus e Putin. 

Enquanto Rubio deixava o palco ovacionado, Rick Perry preparava-se para entrar. Se houve um encontro entre ambos nos bastidores, certamente o homem que governou o Texas por 15 anos agradeceu ao jovem Senador. A platéia estava aquecida e a neve e gelo lá de fora talvez já tivessem virado água. "Nós não começamos esta guerra, mas nós vamos terminá-la", vaticinou o texano sobre o terrorismo islâmico. Terminou dizendo que "os melhores dias da América estão logo adiante", fazendo referência ao excepcionalismo norte-americano, mas sempre lembrando que o futuro do país abençoado por Deus está em jogo.

Mas não foi Rubio ou Perry que receberam a maior salva de palmas quando o auditório aplaudia os nomes dos prováveis candidatos presidenciais na voz do âncora conservador de televisão Sean Hannity. A turma preferiu Ted Cruz e Rand Paul, que deve colocar o auditório em combustão ainda hoje.


*Texto é parte integrante da cobertura da CPAC 2015 exclusiva para o Diário do Poder pelo corresponde político Márcio Coimbra.
Publicado originalmente em: http://diariodopoder.com.br/noticia.php?i=27609747648

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