quinta-feira, junho 18, 2020

A Origem

Na medida que o Brasil aos poucos vai reabrindo e tentando retomar atividades laborais que estavam impedidas em razão do isolamento social, muitas perguntas ainda precisam ser respondidas. É preciso saber se nosso país está reabrindo cedo demais, se corremos o risco de sofrer com uma segunda onda ou até mesmo se realmente atingimos o pico da primeira.

Antes de tudo precisamos entender as origens do vírus que mudou o mundo como conhecemos, a desinformação inicial e as teorias conspiratórias que há meses fazem parte do imaginário popular. Isto tudo pode nos ajudar a impedir novas pandemias no futuro.

Existem evidências que levam a suspeitas de que o Instituto de Virologia de Wuhan, China, localizado no epicentro da pandemia, possa ser o nascedouro do problema. Ali são realizadas pesquisas com vírus altamente contagiosos originários de morcegos e o DNA da composição do vírus possui um perfil semelhante em 96% a de um morcego encontrado 1.000km ao sul de Hubei, Wuhan.

O controle inicial da doença foi falho. A Universidade de Southampton realizou estudo neste sentido. Segundo esta pesquisa, uma intervenção inicial e combinada teria sido crucial para evitar a propagação viral. Estima-se que esta ação poderia ter reduzido o contágio em 66% na primeira semana, 86% na segunda e 95% na terceira. Se isto tivesse sido feito com antecedência, dizem os pesquisadores, teríamos evitado a situação atual e a doença não teria se espalhado pelo mundo.

Wuhan passou por período radical de lockdown, entretanto, o governo comunista chinês ainda precisa explicar porque os voos desta província para dentro do país foram suspensos, ao mesmo tempo que a malha aérea para a Europa, no mesmo período, ficou aberta, servindo como porta de entrada para o vírus no continente. Estas e outras são questões que ainda precisam ser respondidas no contexto das relações internacionais.

Assim, no período pós-pandemia haverá uma discussão profunda sobre a relação internacional com a China por diversos países e blocos. A União Europeia já tem se movimentado neste sentido, uma reação puxada por Suécia e França, que vem encontrando apoios na medida que a reação de Pequim se torna mais dura. Já os americanos há tempos questionam a sino-dependência mundial e encontraram um caminho que justifica suas preocupações.

Por certo o Brasil fará parte deste jogo internacional e já é possível sentir um distanciamento entre Pequim e Brasília. Um movimento que, impulsionado pela tendência mundial, pode levar nosso país a diversificar seus parceiros comerciais diminuindo a dependência comercial brasileira dos chineses. Estes são fluxos que podem inclusive levar a um derretimento dos BRICS.

Fato é que esta pandemia mudará para sempre o mundo. Desde as relações pessoais, profissionais, hábitos e costumes, o que convencionou-se chamar de “novo normal” até as relações comerciais e os movimentos diplomáticos internacionais. O mundo pós-pandemia tende a ser muito diferente. Ao mesmo que é preciso evitar um novo surto, torna-se vital um minucioso trabalho de rastreamento das origens e buscar as causas da disseminação do contágio iniciado na província chinesa.

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