quinta-feira, maio 09, 2013

Mensagem de Cameron

A Rainha falou, mas a mensagem foi de David Cameron, responsável por seu governo. Ali foi possível entender as prioridades da coalizão Conservadora/Liberal-Democrata para o próximo ano. No que cabe a Rainha, exclusivamente, foi significativa a presença de Charles ao seu lado, mostrando que, aos poucos, começa uma processo de transição no trono britânico.

Voltando a política, Cameron mostrou as cartas quanto a política de imigração. Com a crise que circula pela Europa, o Reino Unido decidiu que a saída por enquanto é se fechar. O mais notório serviço público inglês, o NHS, relativo a saúde, deixará, aos poucos, de atender os europeus residentes nas ilhas britânicas. Afinal, quando um cidadão europeu fixa residência no Reino Unido passa a usufruir de seu sistema universal de saúde sem pagar uma libra.

O veto de uso do NHS se estenderá aos estrangeiros em visita no Reino Unido, que hoje podem fazer uso do sistema. Se estenderá também para os residentes ilegais, que hoje usam o sistema sem limitações.

E aqui chegamos ao ponto central. O Reino Unido reduzirá o acesso ao seu sistema de saúde pelos estrangeiros, mas também passará a aplicar um sistema mais rígido de controle de fronteiras e sistemas mais rápidos de devolução de ilegais para seus países. Donos de imóveis precisarão verificar se os inquilinos estão legalmente no país e as empresas tendem a sofrer pesadas multas se contratarem ilegais.

As medidas reconciliam os Conservadores com parte do eleitorado que se movimentou em direção dos nacionalistas do UKIP, fechando o cerco na imigração ilegal e limitando o uso do NHS. Cameron enfrentará eleições gerais duras em 2015.

Nada sobre o referendo de permanência do Reino Unido na União Européia. Cameron deslocou-se para direita, mas sem solavancos, pois precisa manter parte do eleitorado ao seu lado. O referendo vem em 2017, se ele for reeleito.

Cameron faz o jogo para se manter no poder, sem grandes reformas, nem grandes feitos.

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