quarta-feira, maio 08, 2013

Realidade Política

Dilma colocou o bloco na rua. Na dúvida, articula sua candidatura para não ser atropelada pelos acontecimentos. Precisa mostrar musculatura para que seu próprio partido não acabe por rifar seu nome e optar por Lula. Ela já manobrou para cima do PSB e não descansará até consolidar seu nome.

O movimento desta vez foi em direção ao que restou da oposição. Dilma, que já possui relações políticas estreitas com Kassab, oficializou a entrada de seu partido, PSD, para dentro do governo. O curioso, no entanto, foi perceber o nome do escolhido: Guilherme Afif Domingos, Vice-Governador de São Paulo na chapa vencedora do tucano Geraldo Alckmin, eleito ainda quando Afif era membro do DEM (ex-PFL), antes de embarcar no PSD.

A escolha e o aceite de Afif desnuda inúmeros fatos. O primeiro deles é perceber que o Brasil caminha a passos largos para uma grande coalizão que englobará praticamente todos os partidos encabeçada pelo PT. O projeto de manutenção de poder do petismo está sedimentado e isto levou os políticos a buscarem formas de aderir ao consórcio governista em prol de sua própria sobrevivência política. O PMDB soube disto desde sempre, mas Kassab, com a criação do PSD, foi a ponte para que qualquer oposicionista conseguisse aportar nas hostes governistas.

Assim, a escolha de Afif é sintomática no sentido de mostrar o novo jogo de forças da política brasileira. Como PSDB, DEM e PPS tornaram-se incapazes de produzir uma oposição viável na disputa pelo poder, seus membros, por instinto de sobrevivência política, procuraram agremiações onde pudessem acomodar seus interesses. Assim, a tríade de partidos da oposição murchou e tende a desaparecer.

Os sucessores do PT virão dos quadros políticos abrigados em qualquer um dos partidos que orbitam em torno do governo Dilma. Hoje, muitos tucanos abrigam-se no PSB de Eduardo Campos e muitos democratas no PSD de Kassab - caso de Afif. Estamos passando por um período de acomodação de forças depois de a oposição se mostrar ineficaz na disputa pelo poder.

Uma nova geografia política está sendo traçada. Quem não entender o movimento pelo qual estamos passando, será excluído do processo político - caso do restante do DEM e parte do PSDB. A única forma de suceder o petismo, talvez seja fazer parte de sua órbita política. A única de forma de sobreviver como político no Brasil de hoje, talvez seja fazer parte da grande família governista. A única forma efetiva de fazer alguma oposição, talvez seja dentro do próprio governo.

Alguns me perguntarão, mas e os programas e projetos de País? Respondo: Há tempos deixaram de existir, afinal, os políticos precisam sobreviver. A política no Brasil não é simplesmente uma disputa pelo poder, mas uma engenhosa acomodação de forças e interesses.

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