quarta-feira, julho 10, 2013

O Erro de Lula

Dilma Rousseff chegou ao poder pelas mãos de Lula. Formou seu ministério sob a batuta do chefe, que foi responsável pela escolha de praticamente toda equipe. Deixou-a de mãos atadas e com o equilíbrio político montado. A escolhida apenas deveria tocar adiante o projeto petista.

Lula, entretanto, pecou em um ponto. Deixou a montagem da equipe econômica a cargo da novata. Enquanto construiu de forma cuidadosa uma engenharia meticulosa que acomodaria aliados e forneceria uma confortável base de apoio no Congresso, esqueceu-se do principal: os fundamentos econômicos do novo governo. Concordamos, entretanto, que o segundo governo Lula distanciou-se muito dos preceitos econômicos traçados pela equipe de Antônio Palocci, mas nem em sonhos imaginou-se uma guinada desenvolvimentista aliada a tal descontrole das contas públicas, como enxerga-se hoje com Dilma.

Talvez o ex-Presidente tenha imaginado que Antonio Palocci atuaria como fiador da estabilidade na Casa Civil, com poderes para segurar arroubos intervencionistas no modelo econômico. Se pensou assim, errou. O antigo Ministro da Fazenda de Lula foi o primeiro a ser ejetado do governo Dilma, quando a "Presidenta" passou de fato a dar palpites no rumo do seu governo.

Lula deveria ter feito diferente. Assim como em seu primeiro governo, deveria ter começado a montagem da equipe de Dilma pela área econômica por um motivo muito simples: Dilma não é petista. Dilma, oriunda dos quadros históricos do PDT de Brizola, enxerga a economia sob uma outra ótica, a desenvolvimentista mediante forte intervenção do Estado e descontrole das contas públicas, a exemplo do governo Geisel. O petismo é mais pragmático e está disposto a impor uma agenda de equilíbrio fiscal e fundamentos austeros que sustentem a moeda se este for o preço para a manutenção no poder. Dilma não foi informada desta lógica. Como vemos, esse desacerto deu xabu.

Hoje, o motor dos protestos é a inflação alta, que aliada ao descontrole dos gastos públicos tem jogado o dólar nas alturas e colocado o Real em perigo. Sem reformas estruturais, o Brasil ainda é refém da gestão econômica do governo para promover estabilidade.

Logo, se Dilma quer sair da crise, é simples. Basta fazer como Lula. Deixar a economia nas mãos daqueles que garantem os fundamentos austeros e consistentes do Plano Real. É preciso trocar Mantega, Tombini e Belchior por nomes como Henrique Meireles e outros que fizeram parte da equipe de Palocci. Serviria também um corte drástico no número de ministérios mostrando disciplina nos gastos públicos.

O erro de Lula foi não blindar a economia. Mas se ele sabia como era Dilma, foi uma forma de pavimentar sua volta ao poder como salvador da pátria. A conferir.

Nenhum comentário: