Para começo de conversa Serra erra ao achar que foi seu nome que levou as tais de dezenas de milhões de votos. Não foi. Serra era o candidato da oposição e em seu nome foram depositados os votos dos descontentes com o PT e com Lula. Foi o depositário do voto anti-Lula. Não quer dizer que o eleitor desejasse Serra. O eleitor que votou no PDSB era anti-PT.
Tudo indica que se Serra concorrer pelo PPS terá uma votação pífia, concentrada em seus redutos eleitorais e onde mais angariar apoios pontuais. Corre o risco de ver a campanha de longe. Seu atual partido está fechado com Aécio Neves e colocará toda a estrutura nacional em favor do mineiro. A geografia não ajuda Serra, que possui reduto eleitoral no anti-petismo paulista, sem qualquer penetração em Minas Gerais ou Nordeste - o que resultou em sua derrota em 2010. Aécio tende a atrair inclusive serristas por ser uma opção mais viável e aberta de poder.
Os tucanos e Serra terão pela frente outra parada dura. A eleição não tende a se polarizar como no passado. Tucanos e petistas terão a companhia do novo. Pode ser Marina Silva reforçada pelo discurso politicamente correto e o barulho das ruas ou Joaquim Barbosa, o juiz implacável do Mensalão. Podem ser os dois. Mas certamente aí está um fato novo que mexe com toda a estrutura da eleição.
Por fim, Serra não é Lula. Não possui apelo popular, tampouco uma base sólida, como o PT possui no meio sindical, o que impulsiona a campanha e mobiliza as bases. Serra está sozinho. É um homem de idéias e um bom quadro. Mas a arte da política também ensina quando é a melhor hora de recuar.
Serra pode se tornar um estadista, fortalecendo seu partido e lutando pela implantação da agenda do PSDB na campanha de Aécio e sair da campanha como uma liderança paulista de expressão. Pode também se tornar uma figura menor, pensando sempre na próxima eleição. A decisão está em suas mãos.
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