quinta-feira, agosto 01, 2013

Os Erros de Serra

Serra parece obstinado a concorrer ao Planalto. Na falta do PSDB, onde é fundador e já lhe concedeu legenda para disputar o cargo de Presidente da República, procura o PPS. Diz que se Lula precisou de quatro eleições para vencer, porque não poderia acontecer o mesmo com ele, afinal ele teve dezenas de milhões de votos no último pleito presidencial.

Para começo de conversa Serra erra ao achar que foi seu nome que levou as tais de dezenas de milhões de votos. Não foi. Serra era o candidato da oposição e em seu nome foram depositados os votos dos descontentes com o PT e com Lula. Foi o depositário do voto anti-Lula. Não quer dizer que o eleitor desejasse Serra. O eleitor que votou no PDSB era anti-PT. 

Tudo indica que se Serra concorrer pelo PPS terá uma votação pífia, concentrada em seus redutos eleitorais e onde mais angariar apoios pontuais. Corre o risco de ver a campanha de longe. Seu atual partido está fechado com Aécio Neves e colocará toda a estrutura nacional em favor do mineiro. A geografia não ajuda Serra, que possui reduto eleitoral no anti-petismo paulista, sem qualquer penetração em Minas Gerais ou Nordeste - o que resultou em sua derrota em 2010. Aécio tende a atrair inclusive serristas por ser uma opção mais viável e aberta de poder. 

Os tucanos e Serra terão pela frente outra parada dura. A eleição não tende a se polarizar como no passado. Tucanos e petistas terão a companhia do novo. Pode ser Marina Silva reforçada pelo discurso politicamente correto e o barulho das ruas ou Joaquim Barbosa, o juiz implacável do Mensalão. Podem ser os dois. Mas certamente aí está um fato novo que mexe com toda a estrutura da eleição. 

Por fim, Serra não é Lula. Não possui apelo popular, tampouco uma base sólida, como o PT possui no meio sindical, o que impulsiona a campanha e mobiliza as bases. Serra está sozinho. É um homem de idéias e um bom quadro. Mas a arte da política também ensina quando é a melhor hora de recuar.

Serra pode se tornar um estadista, fortalecendo seu partido e lutando pela implantação da agenda do PSDB na campanha de Aécio e sair da campanha como uma liderança paulista de expressão. Pode também se tornar uma figura menor, pensando sempre na próxima eleição. A decisão está em suas mãos.

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