quinta-feira, agosto 29, 2013

Teatro Político

Obama precisa de um fato novo para dar uma guinada em uma administração cambaleante. A imprensa pressiona por uma resposta. É muito difícil que a Casa Branca não inicie uma ofensiva, mesmo que tímida, contra a Síria. Um erro de cálculo, porém, pode jogar em desgraça o governo democrata.

O esforço de Obama agora é no sentido de justificar a ação. A tal linha intolerável, o uso de armas químicas, foi ultrapassado. Agora resta saber se foi Assad. Dizem que sim. O governo americano diz que sim. Será?

Da mesma forma a comunidade internacional se mobiliza. O Reino Unido discute a ofensiva. A França defende uma intervenção. Os americanos desejam montar uma coalizão para não carregar o ônus de mais uma guerra sozinhos. Mas falta combinar com o russos. Putin defende Assad e bloqueará qualquer tentativa mais séria de resolução no Conselho de Segurança. Obama passará por cima do Conselho?

Sabemos que a intervenção na Síria é outro papo. O regime não está moribundo, como Kadafi estava na Líbia. Uma intervenção séria poderia se tornar longa e perigosa. Não existem alternativas confiáveis para a substituição de Assad. A retirada dele do poder abre um vácuo que pode desestabilizar toda a região, iniciando pelo Líbano e com reflexos no Iraque e Irã. Mexer na Síria é lidar com um vespeiro.

Por tudo isso, aqui em Washington, sabe-se que Obama não gostaria de lidar com esta situação. Para ele seria melhor a manutenção prévia, mas o uso de armas químicas está empurrando os Estados Unidos para dentro do conflito. Se de um lado é ruim, de outro é bom, pois politicamente, se bem orquestrada, uma ação militar aumentaria a aprovação de um Obama que flerta com impopularidade. Entretanto, se ele estiver frente a um atoleiro, uma ação errada pode ser danosa ao seu legado político.

A aposta no momento é uma ação pontual para punir Assad, não derrubá-lo. Sua saída não interessa a ninguém. A punição pode estar sendo discutida com a Rússia. Assim, haveria um movimento político, um bombardeio em áreas determinadas, Assad se mantém no poder e as nações mostram que existe limite. Tudo um teatro político. A conferir.

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