segunda-feira, janeiro 27, 2014

Mitt

Ontem assisti ao documentário produzido pela Netflix sobre Mitt Romney. O programa é espetacular e deve ser visto por aqueles que se interessam por política. Os bastidores de ambas campanhas estão ali. Em 2008, quando ele abandonou a disputa nas primárias (eu estava lá e acompanhei o momento pessoalmente) e 2012, quando conseguiu a indicação e perdeu para Obama. Em certo ponto do vídeo, ele diz que o partido republicano hoje é sulista, evangélico e popular. Ele, ao contrário, veio do norte, é mórmon e rico.

Na verdade, Mitt poderia ser realmente o que Washington precisava nestes tempos, ou seja, alguém com experiência de sucesso em gestão. Mas ele também não deixou de ser o anti-candidato. Romney é o perfeito exemplo da América que pouco a pouco vai ficando para trás. Um novo país, decorrente de novas ondas de imigração e miscigenação vem sendo construído. Quem está atento a isso, vence eleições.

Ouvi de um amigo, brilhante analista, que a eleição se tornou uma questão de identidade. Ele está certo. As minorias, pouco a pouco vem se tornando maiorias quando votam em conjunto, e assim tem definido eleições. Portanto, a chapa que trazia o havaiano negro, filho de africano com uma americana, criado pelos avós, gerou uma imensa sensação de identidade no eleitorado. Bush, apesar de família tradicional, conseguiu a mesma proeza. Ele era o tipo meio turrão com o qual qualquer americano tomaria uma cerveja. Havia identidade. Enquanto Bush enfrentou Al Gore e Kerry, dois aristocratas, da última vez Obama venceu outro exemplar, Mitt Romney.

Portanto, está lançada a sorte para 2016. Hillary, apesar de mulher, é uma aristocrata. Logo, os republicanos tem tudo para vencer se escolherem o candidato certo. Neste cenário, Chris Christie é o nome certo. Bonachão, popular, governador de New Jersey, acessível, acima do peso e bipartidário. Christie, assim como Bush e Obama, geram identidade com o eleitor. Esta é a senha para o sucesso.

Em 2012 o partido democrata avançou pelo Colorado e Novo México, territórios tipicamente republicanos. Ali, os hispânicos fizeram a diferença em favor de Obama. Se o vice de Mitt Romney, ao invés de Paul Ryan, fosse um político de origem latina da Flórida, o resultado poderia ter sido outro. Uma nova América já é uma realidade eleitoral e ao invés de ser o ponto fraco de Mitt, poderia ter lhe dado a vitória.

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