terça-feira, fevereiro 27, 2007

Fantástico Sarkozy!

Primeiro foi Londres e Berlim. Hoje, Madrid. Nicolas Sarkozy esteve na capital espanhola para pedir o voto dos franceses que moram por aqui. Esteve representando o governo francês em reunião com Zapatero e Rubalcaba, ministro do interior como o próprio Sarkozy. Depois das visitas oficiais, se dedicou a sua campanha.

Mais de 2.000 entusiasmados franceses que vivem em Alicante, Murcia, Barcelona, Bilbao, Valencia e logicamente, de Madrid, esperavam Sarkozy no Palacio de Congresos del Campo de las Naciones. O candidato chegou acompanhado de Mariano Rajoy e da esposa de José María Aznar, Ana Botella. Confesso que há muito tempo não via um entusiasmo tão grande de uma platéia com um candidato. Sarkozy foi ovacionado.

O candidato da UMP não deixou por menos. Ouvi seu discurso durante uma hora e fiquei impressionado com sua qualidade. Idéias concisas, objetivos claros, críticas inteligentes e uma oratória espetacular.

De início já deixou claro seu entusiasmo com a centro-direita espanhola, saudando Rajoy e Ana como velhos amigos. Enalteceu Aznar e suas realizações, dizendo: "Vejam só no que se transformou a Espanha! Não foi há muito tempo que a Espanha era considerada um país rural, e vejam na potêncial incrível que se converteu. A França precisa de mudanças como as que Aznar implementou por aqui" e completou: "A grandeza da Espanha de amanhã está encarnada em você, Mariano".

A maneira como expõe suas idéias e envolve a platéia deveria ser estudada por políticos brasileiros da centro-direita (se é que sobrou algum). Seu poder de persuasão é admirável. Sabe se movimentar, acelerar, enfatizar, diminuir o ritmo do discurso. Memorável.

Falou sobre a tristeza que sente em ver franceses que deixam a França, como aqueles que estavam em Madrid. Fala com improviso controlado, consultando tópicos e os desenvolvendo. Para isto é preciso saber discursar, entender a platéia e ter um timing perfeito. Continuou enfatizando que onde quer que estejam, os franceses devem levar a França em sua alma, em seu coração. E a emoção tomava conta da platéia, até dos que não eram franceses, por assim dizer.

Falou do sistema de educação e pesquisa. Diz que é preciso reformar o ensino francês, que jogou a qualidade de lado para se tornar uma fábrica de diplomas sem conhecimento. Uma academica fraca e decadente que perde pesquisadores e estudantes para outros países. A França perdeu um dos maiores pesquisadores na área de HIV há 10 anos para os Estados Unidos. Ele não os culpa, mas os quer de volta na França, e para isso, precisa reformar o sistema de educação. Ainda sobre educação, enfatizou a necessidade de os alunos respeitarem os professores reconhecendo a real hierarquia que existe na sala de aula. Ao meu lado, um professora vibrava entusiasmada.

Disse que é preciso mexer no sistema de bem estar francês, porque "uns não podem viver indeterminadamente às custas dos outros. Uma pessoa não pode ficar se negando a trabalhar para viver as custas do Estado, ou seja, as custas dos franceses que trabalham". É preciso, trabalho, trabalho e trabalho, em suas palavras. "Somos a única nação da terra que se orgulha de possuir uma jornada semanal menor do que a média mundial, ou seja, nos orgulhamos de trabalhar menos. Isto é um absurdo. Trabalhei minha vida inteira e tenho muito orgulho de trabalhar", concluiu.

É preciso tirar o governo do caminho para que as pessoas tenham orgulho de empreender, em sua visão. Abrir um negócio na França de hoje é um risco. "Quero os franceses e os estrangeiros investindo na França. É preciso que nossos empreendedores não deixem mais o nosso país para abrir um negócio".

Atacou os socialistas, dizendo, "a esquerda acredita que protege os trabalhadores mantendo benefícios. Não entendem que esta é a política que faz exatamente o contrário. A política que ceifa postos de trabalho. Quanto mais proteção, mais desemprego. Em meu governo nenhum grupo terá qualquer tipo de proteção. Quando os assistidos ganham o mesmo que aqueles que trabalham, se perguntam, porque devo trabalhar? É preciso mudar esta situação". Para fechar com chave de ouro, criticou o salário-mínimo: "A França deve buscar o topo e não se nivelar por baixo".

Sarkozy é um liberal. Não há dúvida. Se implementar a sua agenda e mudar a cara da França pode se tornar um Estadista, alguém que passará para a história. O mais impressionante é perceber o amor dos franceses por ele.

Sarkozy tem conteúdo, habilidade e sensibilidade política. A eleição francesa está em suas mãos.

Ao fim, todos cantaram entuasiasmados "La Marseillaise" com lágrimas nos olhos, em plena Madrid. Me juntei aos franceses, afinal, não há como ficar impassível diante de um discurso tão arrebatador como o de Sarkozy. Como diz o slogan de sua campanha: "Ensemble tout devient possible"!

Quem quiser conferir os discursos e a brilhante campanha que Sarkozy tem realizado, acessem: www.sarkozy.fr

Um comentário:

Mariana disse...
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