quinta-feira, novembro 18, 2010

Mantega na Fazenda

Com a decisão de manter Mantega na Fazenda, Dilma enviou vários sinais sobre como será o seu governo. O ministro possui idéias e características muito peculiares. Tem um perfil muito diferente de Antônio Palocci, que dirigiu a pasta durante o primeiro governo Lula e por consequência, não pensa como o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Mantega se enquadra em um perfil desenvolvimentista, enxerga o Estado como propulsor do desenvolvimento e possui uma tendência clara em defesa de altos gastos públicos. Mantega, sem Meirelles ou Paulo Bernardo, que ocupa atualmente a pasta do Planejamento, terá mais liberdade para colocar suas idéias em prática. Muitos se questionam se isto seria um risco para o Real.

Politicamente, Mantega fica por um pedido pessoal de Lula. Aliás o atual Presidente tem disparado pedidos pessoais para a Presidente eleita no sentido de manter muitos nomes de sua equipe ministerial. Dilma não gosta de ser tutelada, mas pode mover-se com inteligência política.

Inicialmente a decisão por Mantega não faz muito sentido, especialmente pela influência que Palocci exerce sobre Dilma e pelo fato de Paulo Bernardo ser cotado para um cargo de grande influência no Palácio do Planalto. Entretanto, ao manter Mantega, Dilma atende um pedido imediato de Lula. O jogo político da escolha pode, neste sentido, ser um movimento orientado por Palocci. Mais do que uma decisão técnica, a escolha de Mantega pode ter um caráter político.

Saberemos de fato o rumo da economia com as escolhas para o Banco Central e Planejamento. No Bacen, tudo indica que Meirelles prepara sua saída, já que impôs condições para ficar, ou seja, a manutenção da autonomia do Banco Central. Ao colocar o assunto em pauta e a Presidente eleita na parede, enviou seu recado político: está de saída. Se Dilma insistir para que ele fique, perderá autoridade. Resta saber quem ficará em seu lugar para defender a moeda.

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