quinta-feira, novembro 01, 2018

Xerife Moro

A notícia do dia é que Sergio Moro aceitou o convite do Presidente-Eleito Jair Bolsonaro para ocupar um remodelado e poderoso Ministério da Justiça. Nesta pasta estarão concentrados todos os órgãos de controle e instrumentos de combate à corrupção do país. Ali estarão COAF, Transparência, CGU e o comando da Polícia Federal inserido no pacote. Moro terá todos os instrumentos possíveis para travar uma guerra sem tréguas contra a corrupção.

O movimento político de Bolsonaro foi inteligente. Carrega para seu Ministério um nome acima de qualquer suspeita e popular, alguém que personifica a moralidade que seu governo deseja encarnar. Fornece também um equilíbrio maior de forças dentro da Esplanada, permanecendo como coordenador de uma equipe de nomes competentes em seus setores, assim como foi prometido em campanha. Retira também a narrativa de militarização de seu governo, além de afastar qualquer sensação de traço autoritário usado como propaganda pelas esquerdas durante as eleições.

Na esfera internacional os benefícios também são grandes. Ao trazer Moro para coordenar as estratégias contra o crime organizado em nível nacional, os demais países começam a olhar para o Brasil com outros olhos, sem o receio de que o próximo governo tenha qualquer laço com práticas anti-democráticas, assegurando o império da lei como modelo institucional. Nada mais republicano.

No âmbito da Lava Jato, o receio é que a operação sofra alguns atrasos, pois as defesas irão usar o argumento da troca de magistrado nos processos para tentam atrasá-los, afinal, haverá um novo Juiz na frente da Operação Lava Jato em Curitiba. Nos próximos meses, quando muitos políticos perderão o direito ao Foro Privilegiado e deixarem seus cargos eletivos, as investigações ganharão impulso, com uma série de prisões, começando mais um capítulo deste processo.

Moro terá diante de si cerca de dois anos para organizar o sistema anti-corrupção e de segurança pública, pois especula-se que a promessa seja de que ele será o próximo indicado para o STF, provavelmente na vaga do decano Celso de Mello. Percebe-se que o tempo é curto e o trabalho profundo. O novo ministro terá que dedicar-se intensamente ao trabalho na pasta. Para isso, nada melhor que um nome técnico-estratégico como de Moro.

Moro ganhou um desafio. Bolsonaro fez um gol de placa.


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