sábado, novembro 14, 2020

Eleição da Pandemia

Esta eleição será marcada pela pandemia de covid-19. De Washington até a Nova Zelândia e de São Paulo até Serra da Saudade em Minas Gerais. Em todos os locais, o tema da eleição é a pandemia e aqueles que buscam a reeleição serão julgados pela população, antes de tudo, sobre como combateram a pandemia. 

Em Wellington, Nova Zelândia, Jacinda Ardern foi reeleita para mais um mandato na direção do país. Ela é considerada uma das líderes mais duras no combate ao novo coronavírus, colocando a população de seu país em primeiro lugar. Foram apenas 1.530 casos e 25 mortes. Usando técnicas inteligentes de rastreamento na disseminação do vírus e distanciamento social real, a Nova Zelândia já venceu duas ondas desta pandemia. 

Se em 2016 enxergamos uma revoada de outsiders que acabaram vencendo as eleições, quebrando a tradição de nomes ou grupos políticos tradicionais, vemos um novo direcionamento em 2020. Os outsiders não convencem mais por virem de fora da política. Com a emergência do vírus, se tornou muito mais importante quem soube lidar com a pandemia, aqueles que negaram sua existência e quem se enrolou com ela. 

Trump, que vinha na onda dos outsiders em 2016, tem encontrado enorme dificuldade para conseguir a reeleição e pode ser atropelado por um candidato que não empolga sequer o seu próprio partido. O mesmo deve ocorrer com muitos prefeitos no Brasil que perderam o caráter de novidade e que precisam mostrar como resolveram lidar com o coronavírus. 

Bolsonaro busca se distanciar do quadro eleitoral para que não confundam sua imagem com a dos eventuais derrotados. Tampouco deseja queimar seu capital político para alguém que não seja si mesmo. Entretanto, decidiu entrar no jogo em São Paulo, apoiando Celso Russomano, e no Rio de Janeiro, ao lado de Marcello Crivela. Deve colher duas tristes derrotas que deixarão evidente que Bolsonaro não possui o mesmo messianismo de 2018. Como todos os líderes negacionistas da pandemia, Bolsonaro pode pagar um preço eleitoral muito alto – agora e em 2022. 

No Brasil, as pesquisas deixam claro que aqueles gestores que souberam conduzir a crise do coronavírus de forma a preservar vidas estão sendo recompensados pelos eleitores. O contrário também é verdade. Gestores atrapalhados e corruptos estão enfrentando campanhas difíceis e com poucas chances de vitória. As principais capitais demonstram este cenário. Aqueles que vencerem, ganharão exclusivamente por seu mérito. 

Fato é que aqueles mandatários negacionistas, que rejeitaram a existência e força do vírus, aos poucos perdem espaço. A tendência eleitoral mundial, seja em Belarus, Estados Unidos ou Nova Zelândia está chegando ao Brasil. Depois de gerar estragos nas eleições municipais, esta onda certamente ainda terá embalo para chegar em 2022. Muitos já estão com as barbas de molho e certamente devem naufragar por seus erros.

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