segunda-feira, julho 06, 2020

As Mazelas do Racismo

Ayn Rand dizia que “como toda forma de determinismo, o racismo invalida o atributo específico que distingue o homem de todas as outras espécies vivas: sua faculdade racional. O racismo nega dois aspectos da vida do homem: razão e escolha, ou inteligência e moralidade”.

O racismo está na pauta mundial, especialmente depois da morte de George Floyd nos Estados Unidos. O movimento se espalhou pelo mundo inteiro com desdobramentos em vários vértices, o que serve para mostrar que o assunto é importante e merece ser discutido, escancarado e superado.

Discriminação, diante de qualquer ângulo, é algo que nos limita enquanto civilização. Todos somos miscigenados, a soma de diversas culturas, povos e etnias que fazem parte de nossas famílias. No Brasil, assim como nos Estados Unidos, mais do que em qualquer outro lugar, fazemos parte deste incrível resultado que é ser parte de uma terra de imigrantes. Contudo, assim como nos Estados Unidos, o Brasil ainda não superou as mazelas do racismo.

A campanha pesada que se abateu sobre o professor Carlos Alberto Decotelli é mais um exemplo de como não estamos preparados para enfrentar a questão racial. Afinal, para nossa sociedade infelizmente ainda é difícil aceitar um negro dirigindo uma pasta da importância que possui a Educação. Para além dos erros do professor, existe um componente de destruição e invalidação. É preciso destruir, não só desmascarar.

Os erros cometidos por outros não justificam as atitudes equivocadas de Decotelli. Precisamos nos perguntar, entretanto, porque estas pessoas públicas que cometeram o mesmo erro não passaram pelo escrutínio visceral e a mesma campanha devastadora contra sua reputação do que a enfrentada por um professor negro em posição de destaque.

A atitude covarde usada neste episódio expõe também um outro viés cruel desta dinâmica polarizada pela qual passa o Brasil. O autoritarismo narrativo que expôs este caso com maior virulência por um negro ocupar um lugar de proeminência em um governo de viés ideológico de direita.

O racismo velado no episódio Decotelli quebrou a falsa narrativa politicamente correta que vinha sendo explorada pelo mainstrean brasileiro de forma artificial após o caso George Floyd. Ao escancarar as duas realidades, entendemos que o tratamento é distinto quando as tintas da ideologia mascaram a cor das narrativas.

Falta, entretanto, o entendimento real de que a tragédia do racismo é elemento supraideológico e a politização do tema em nada engrandece o debate. Partidarizar não produz melhora em uma questão tão sensível e crítica. Muito pelo contrário.

O Brasil precisa debater muito esta questão. Os casos Floyd e Decotelli carregam elementos racistas que precisam ser discutidos e superados por ambas sociedades. Vivemos uma oportunidade impar de amadurecer como país. Devemos valorizar nossos cidadãos apreciando seus atributos racionais, intelectuais, de inteligência e moralidade. Não podemos deixar que o racismo nos diminua como povo e nação.

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