O Brasil nasceu com o Plano Real. Antes vivia um sistema econômico caótico. A hiperinflação era apenas a ponta de um problema estrutural que começou a ser resolvido em 1994. O modelo adotado naquele momento foi responsável por fazer com que a economia brasileira desse seus primeiros passos em um sistema global, vendendo confiança e segurança.
Com a chegada de Lula ao poder, a dúvida era sobre a manutenção da estrutura desenhada pelo governo Fernando Henrique, baseado em metas de inflação, câmbio flutuante e equilíbrio fiscal. Sabedor que para seguir adiante com seu projeto de poder era necessário manter o caminho econômico, o petismo manteve as bases da estabilização tucana e ainda no governo Lula conseguiu que o Brasil atingisse o almejado grau de investimento.
Se no segundo governo petista havia espaço para um leve populismo fiscal, foi nos anos Dilma que a economia começou a sucumbir. O plano da nova matriz econômica tinha claro viés populista e consistia em política fiscal expansionista, juros baixos, crédito barato fornecido por bancos estatais, câmbio desvalorizado e aumento das tarifas de importação para "estimular" a indústria nacional. Ao inverter a lógica do tripé econômico do Plano Real, em pouco tempo o país começou a sentir o desequilíbrio.
Este mergulho de Dilma fez com que o país entrasse em recessão econômica com retrações brutais do PIB em 2015 e 2016 e leve recuperação em 2017 e 2018 com a gestão Temer, replicando o resultado modesto em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. Com a necessidade de crescimento médio de 3% ao ano, o Brasil precisaria crescer 13% somente em 2020 para simplesmente retornar ao padrão de 2014 – que já estava longe do ideal. Resultado: estamos ficando um país mais pobre.
Com a pandemia, as notícias não são boas. Em abril estimava-se retração de 5,3% em 2020 – número que deve ser superado com folga, ou seja, nosso caminho de volta a 2014 (ano anterior ao debacle econômico petista) ainda será longo e penoso.
Não existe qualquer sinalização de que a recuperação econômica brasileira seja rápida. Não possuímos arcabouço institucional confiável, plano de reformas definido, base parlamentar governista sólida ou equilíbrio fiscal, que se perdeu com Dilma e nunca mais se encontrou. Com a pandemia deve alcançar patamares medievais, algo que deve demorar mais de uma década de trabalho no rumo certo para ser revertido.
Os caminhos de nossa economia são realmente preocupantes e sinalizam uma série de erros e populismos que jamais podem ser revisitados. Assim como vivemos a década perdida logo após os desatinos do General Geisel, vivemos outra após os desacertos de Dilma, porém, potencializados por uma pandemia. É melhor não nos iludirmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário