segunda-feira, setembro 10, 2007

Espionagem industrial na Fórmula 1

Repercute por aqui a atitude de Fernando Alonso, mesmo depois de vencer a corrida de Monza neste domingo.

Alonso, que é um bom piloto (não é extraordinário), é também muito mimado e não esconde sua insatisfação com a McLaren e a relação próxima que a escuderia possui com seu companheiro Lewis Hamilton.

Mas o caso todo é sobre espionagem industrial na principal categoria do automobilismo. O projetista-chefe da McLaren, Mike Coughlan, foi encontrado com 780 páginas de informações técnicas da Ferrari em sua casa na Inglaterra. Estas informações teriam sido repassadas pelo engenheiro Nigel Stepney, já demitido da escuderia italiana. Coughlan foi suspenso da Mclaren em julho. No mesmo mês, uma primeira audiência da FIA decidiu não impor nenhuma sanção à equipe inglesa, já que não poderia ser provado que o time teria se beneficiado dos dados sigilosos que vazaram da Ferrari.

E aqui entra em cena Alonso e sua vingaça barata contra o seu próprio time. A FIA apertou o cerco para descobrir algo mais e o asturiano entregou à entidade emails trocados com o piloto de testes da equipe, Pedro de la Rosa, que provam, em tese, que a McLaren se beneficiou dos dados da Ferrari.

A FIA prometeu uma espécie de "delação premiada" aos pilotos que entregassem informações, ou seja, somente puniria os times, deixando os pilotos de fora. Como Alonso deseja deixar a McLaren, a punição à equipe inglesa seria a brecha no contrato entre escuderia e piloto para que o espanhol deixasse o time. Alonso, desta forma, puniria a equipe, deixaria a escuderia, manteria os pontos e escaparia de qualquer punição. Um quadro perfeito.

Hamilton, ao contrário de Alonso, calou-se, assim como todos os outros envolvidos. O espanhol foi o único que cedeu a pressão da FIA.

O interessante é que Alonso alega motivos morais para "entregar" a McLaren. Pergunto qual a moral de Alonso para denunciar a McLaren se ele mesmo se beneficou de informações sigilosas da Ferrari para vencer corridas? Não há dúvidas de sua hiprocrisia neste caso. Se a McLaren possui culpa, ele também é culpado, não há como separar uma coisa da outra. Falta na realidade espírito de equipe para Alonso, honradez, alma de vencedor, atitude de um real desportista. Não há atitude moral em suas ações, mas vingança e malandragem para se esquivar de um contrato que não deseja cumprir.

A decisão será dia 13, em Paris. A McLaren, do sério e competente Ron Dennis, pode ser suspensa por dois anos - o que é difícil de acreditar que possa acontecer. As consequências sérias como quebras milionárias de contratos com a Mercedes, Vodafone, mecânicos, engenheiros podem ocorrer. Confesso que gostaria mesmo era de ver o time inglês demitir o espanhol ainda durante esta temporada. Hamilton daria conta do recado sem as frescuras e manhas do asturiano.

Por essas e outras a popularidade de Alonso se restinge à Espanha, quando muito.

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