quinta-feira, novembro 15, 2007

O primeiro grande teste de Sarkozy

De Viena, Áustria. Como prometido pelos sindicatos, finalmente a onda de greves começou na França. O objetivo é frear uma reforma no sistema de previdência proposto pelo governo de Nicolas Sarkozy. Este, entretanto, é o primeiro ato de um processo que deve continuar pelos próximos anos, já que esta é apenas a primeira reforma robusta que Sarkozy pretende passar contra os privilégios de certos grupos na economia francesa. Depois da previdência, virá a grande e profunda reforma, no próxima ano: a trabalhista.

Mas um fato deve ser ressaltado nesta semana de agitações pela França: o apoio recebido pelo seu Presidente. A maioria dos franceses está ao lado de Sarkozy e até os jornais mais identificados com a esquerda, como o Libération, mostram pesquisas que apontam quase 60% de apoio da população em relação as medidas. O apoio certamente é maior do que isso.

Além do mais, Sarkozy não entrou despreparado nesta guerra. Primeiro, vale lembrar, foi eleito pela imensa maioria dos franceses com a promessa de acabar com os resquícios de 1968 e de reformar as arcaicas estruturas paternalistas francesas, que em diversos casos acabam com a inovação, dinamismo e oportunidades. "A França precisa trabalhar mais e melhor", disse Sarkozy na campanha. Sua estratégia está sendo posta em prática.

Vale lembrar também que os protestos já estão cedendo e que a adesão está abaixo do esperado, especialmente perdendo terreno para aqueles que aos poucos voltam ao trabalho. A possibilidade de se criar uma frente única contra Sarkozy perde força, apesar da paralisação de várias universidades, cerca de 1/3. A líder estudantil Julie Coudry, da Confederação Nacional dos Estudantes, que colocou Chirac de joelhos há 18 meses, está ao lado de Sarkozy e contra a paralisação. Pelo visto as chances de uma frente única contra o Presidente se dissipam na medida que o movimento se enfranquece e suas frentes apresentam fissuras.

Mas como disse, tudo isso é um teste. Sarkozy tem reformas muito audaciosas pela frente e estas manifestações servem apenas como um teste para sua rede de apoios que sustentarão o grande passo e a profundas reformas que vem pela frente.

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