quinta-feira, fevereiro 13, 2014

A Boa Política

Pouco se falou sobre isso, mas alguns republicanos deram uma aula de política colocando o país em primeiro lugar. O líder do movimento foi o Presidente da Câmara, John Boehner. Ele articulou com outros deputados de seu partido o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos. Fez isso sem pressionar a Casa Branca e sem fazer espetáculo. A boa política.

Desde o fechamento temporário do governo e depois com a pressão para não aumentar o teto da dívida, o que deixaria os Estados Unidos sem honrar seus títulos, o país vivia a apreensão da chegada de fevereiro, quando venceria a prorrogação autorizada pelo Congresso e toda a discussão seria retomada. Boehner preferiu costurar um acordo dentro do parlamento e evitar mais uma vez o constrangimento de enxergar Washington em uma situação embaraçosa novamente.

Obama é um Presidente que joga duro. Durante as negociações meses atrás preferiu não ceder em qualquer ponto. Os republicanos mais radicais procuravam pressionar para evitar a entrada em funcionamento do Obamacare, mas foram pouco efetivos. O Presidente deu de ombros e diante da possibilidade de um vexame financeiro, os congressistas cederam.

Apesar do jogo duro de Obama, os republicanos colheram resultados ruins com esta pressão. Pesquisas apontaram que a população culpava Obama, mas também o principal partido de oposição por ser intransigente. Boehner tinha isso em mente. Em ano eleitoral, os republicanos não podem arcar com o custo político de deixar o país insolvente. Assim, o acordo foi realizado com o apoio de alguns deputados republicanos que votaram com os democratas.

Boehner manteve a governabilidade e a boa imagem dos Estados Unidos. Evitou o desgaste de seu partido. Seus pares, entretanto, não pensam como ele. Alas dentro do partido republicano já pedem a cabeça do Presidente da Câmara. Dizem que ele deve ser substituído. Já até existe candidato, Eric Cantor, líder dos republicanos na Casa. Fazer a política da maneira certa, muitas vezes gera desgastes. Boehner, filho de um barbeiro em Cincinnati, experimenta aquela máxima da política: "Do outro lado, sentam os adversários. Os inimigos sentam aqui conosco".

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