segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Rebeldia Democrata

Quem acredita que apenas os republicanos enfrentam problemas internos, não conhece o partido democrata. Existem vários grupos e inclinações dentro do Congresso, mas é em especial no Senado que a situação é mais preocupante, pois sendo a única casa legislativa onde Obama tem maioria, qualquer rebeldia pode colocar em xeque a estabilidade das ações de governo.

A Câmara é hoje um território republicano. Liderados por John Boehner e Eric Cantor, a oposição tem pleno controle das ações, agenda de votações e iniciativas. Já no Senado a realidade é diferente. Ali os democratas conseguiram manter o controle, mas como não é uma maioria tão confortável quanto a republicana na Câmara, qualquer falha na negociação interna pode colocar projetos em risco e deixar indicações engavetadas. O comando da bancada precisa ser exercido com muito cuidado e habilidade.

Por isso preocupam as últimas notícias de ataques de rebeldia de alguns senadores democratas, pois cada um de seus votos pode fazer uma diferença enorme no cômputo de aprovação de iniciativas de Barack Obama. A reação ao ímpeto imperial do Presidente, dizendo que tomaria ações unilaterais, caso o Congresso não agisse, não afetou somente o brio dos republicanos, afinal alguns democratas tiveram coragem de reagir. O senador John Manchin, de West Virginia foi um deles.

Além da situação citada no discurso da semana passada, Obama enfrenta críticas por outras ações. A violação do sigilo telefônico de jornalistas, além da bisbilhotagem da NSA sobre os americanos e líderes estrangeiros não pegou bem. O senador Martin Heinrich do Novo México é um democrata, mas um ferrenho crítico destas ações. O mesmo ocorre com o senador, também democrata, do Oregon, Roy Widen, membro do comitê de inteligência, com quem conversei pessoalmente em outubro passado sobre o assunto.

A posição de alguns senadores também possui relação direta com as eleições deste ano. Um terço do Senado buscará reeleição e existem alguns senadores democratas eleitos por estados de tendência republicana, portanto Obama se tornou radioativo para estes parlamentares. Ou seja, a proximidade com o Presidente pode custar-lhes o mandato.

Por tudo isso, o Senado se tornou um terreno perigoso para Obama. O próprio líder, Herry Reid, do Nevada, já mandou seu recado para a Casa Branca. Se para Barack Obama a situação na Câmara já é difícil, se faltar habilidade política, as coisas podem se complicar também no Senado.



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