quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Ucrânia e Crimeia

A guerra civil na Ucrânia pode ter começado. Não falo dos confrontos que arrastaram Yanukovitch para fora do poder. Este foi apenas o início. Os desdobramentos são os verdadeiros problemas que o país passará a enfrentar. O primeiro já teve início com as primeiras demonstrações na Crimeia, uma república autônoma do sul do país que está insatisfeita com os resultados dos protestos em Kiev.

Sabe-se que a Ucrânia é um país dividido entre dois mundos, um de influência ocidental e outro oriental. Enquanto parte do território é de origem russa, do outro lado vemos fortes traços culturais ocidentais. Um governo em Kiev, portanto, sempre sofrerá desta fricção entre duas realidades. Se Yanukovitch agradava o leste e desagrava o oeste do país, neste momento, depois de sua queda, a equação se inverteu.

A Crimeia, assim como metade da Ucrânia, começa a resistir. Se o governo central agora insistir em uma aproximação com a Europa, a situação política no leste do país irá começar a ferver. Os primeiros sinais começaram a aparecer também no sul. Ali, 60% da população é de origem russa. Durante os protestos dos últimos dias, a bandeira russa foi hasteada em prédios púbicos em Simferopol.

O que ocorre na Crimeia é o primeiro sintoma do que pode se espalhar por boa parte do leste do país, pois surge em um território que era originalmente parte da Rússia, mas depois do fim da União Soviética ficou sob a jurisdição da Ucrânia. A Rússia mantém forte influência na região, em especial no porto de Sebastopol, sede de sua frota no Mar Negro. Portanto fica clara a equação. Em uma região autônoma, de maioria russa, com presença de frotas de Moscou, surgem os primeiros movimentos de cisão dentro da Ucrânia.

O país pode estar dando o primeiro passo em direção a uma guerra civil. Os russos entenderam isso e já começam, agora que os Jogos Olímpicos de Inverno terminaram, a realizar movimentos militares na fronteira com a Ucrânia. Em um país dividido entre dois mundos, a chance de um confronto interno infelizmente parece cada vez mais real. O que ocorre na Crimeia é o primeiro sintoma disso.


Nenhum comentário: