quinta-feira, junho 28, 2018

Tucanos em Transe

Três décadas atrás ocorreu um racha no PMDB. Um grupo de parlamentares, intitulado de "grupo ético", partia da agremiação com vistas a formar um novo partido. "Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas", como estava escrito em seu programa. Ganhava forma o PSDB.

Sob a liderança de Mário Covas, Franco Montoro, Fernando Henrique, José Richa, José Serra, Pimenta da Veiga, entre muitos outros nomes, os tucanos nasciam dentro da constituinte, deixando acéfalo o PMDB, que ali começou seu caminho para se tornar apenas um partido de articulação, enquanto o PSDB tornava-se um partido programático.

Os tucanos, social democratas por excelência, sempre foram de centro-esquerda. Chegando ao ringue contra Lula, passaram a ser vistos como centro-direita, levando o partido a uma crise de identidade que perdura até os dias de hoje. A vergonha em defender a política de privatizações de Fernando Henrique é sintomática.

Nesta semana, comemorar os 30 anos de forma acanhada, na cobertura de um hotel de Brasília, as vésperas de uma eleição presidencial, evidencia a falta de unidade e empolgação do partido. Liderado por um Geraldo Alckmin que patina nas pesquisas, mostra-se um partido apático. Na corrida pelo Planalto, depois de rifar João Doria, tudo indica que o PSDB caminha para, assim como Alemanha, ser eliminado na fase de grupos.

Aliado de Temer desde os primeiros dias, o partido colhe também o desgaste de um governo impopular e rejeitado pela população. Refém de seus conflitos e da falta de comando, o PSDB, suprema ironia, chega aos 30 anos perto da benesses oficiais do partido com quem rompeu e muito distante do pulsar da ruas. Triste reflexo da política brasileira.

Nenhum comentário: