sábado, setembro 14, 2019

Até Breve (21/01/2019)

Foram mais de dois anos escrevendo no jornal O Tempo. Mais de 100 colunas, desde Brasília ou de qualquer parte do mundo, desde que o ponto central de análise fosse a política. Acompanhamos o governo Temer praticamente em seu início, vimos a crise se instalar com o episódio JBS e como a habilidade política foi importante para o ex-Presidente segurar-se no cargo e passar um cardápio de reformas que asfaltaram o caminho para economia reagir. Temer, refém da baixa popularidade, conduziu um governo descolado do povo, porém sem sobressaltos. Ainda é cedo para avaliar que lugar ocupará na história.

Analisamos nesta coluna também a mais importante eleição presidencial dos últimos 30 anos. Foi o fechamento de um ciclo e o nascimento de um novo equilíbrio de forças que ainda está por se definir. O processo que começou com as manifestações de 2013, que esboçaram os primeiros sinais de fraqueza da Nova República, atingiu seu ápice em 2018, mas ainda continuará pelo menos por mais quatro anos. Sobre isso, falamos aqui sobre os ciclos de 30 anos, que iniciaram com Deodoro da Fonseca, atravessando a República Velha, reiniciando com Getúlio Vargas até 1960, quando Jânio Quadros rompe o sistema vigente. Os militares desenharam o ciclo que se estendeu até a Nova República, com a Constituinte, a eleição de Fernando Collor e o Plano Real. Um modelo que se esgotou e foi sepultado pela eleição de Jair Bolsonaro.  Todos os presidentes que simbolizaram um rompimento de ciclo eram insiders, pessoas que habitavam o sistema, mas que chegaram ao poder com o discurso de outsiders.

O significado de 2018 é essencial para entender o futuro, algo que chamamos aqui de Sétima República. Estamos diante de um equilíbrio de forças que irá desenhar as próximas três décadas de dinâmica política. Foi aqui nesta coluna que delineei esta tese ainda antes das campanhas do último ano, alertando que o sentimento de renovação na política poderia fazer estragos na elite política tradicional. O resultado das urnas traduziu esta tese em realidade.

Vivemos, portanto, tempos de mudança. A oportunidade de analisar a conjuntura política nas páginas de O Tempo foi um privilégio enorme. Aqui tive plena liberdade de expressar minha opinião e a possibilidade de acompanhar jornalistas competentes, uma equipe preparada e dedicada. Portanto, fica meu agradecimento especial aos editores, jornalistas, direção e toda equipe que faz deste veículo uma fonte confiável e segura de informação. Um jornalismo comprometido com o leitor.

Não posso considerar esta coluna como uma despedida, mas apenas um até breve. Sigo na missão de trabalhar pelo nosso país, agora em uma posição que infelizmente colide com a honrosa oportunidade de manter esta coluna. Meu até breve é o sinal de que nunca deixarei de fato de fazer parte desta família. Aqui aprendi a amar ainda mais Minas Gerais, que tem uma importância muito maior do que ser o termômetro político do Brasil. Minas é a essência, o equilíbrio e a vanguarda de nosso país. Saio muito mais mineiro do que entrei e este foi o maior presente destes felizes dois anos. Sentirei muita falta de todos vocês. Até breve.

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