quarta-feira, junho 30, 2010

E agora, José?

A novela acabou e foi definido o nome do candidato a vice de José Serra. A decisão sacramenta a aliança com o DEM, mas terá desdobramentos políticos no caminho eleitoral.

A eleição de 2010 possui seu caráter peculiar. A oposição tem sua segunda oportunidade real de vencer as eleições. A primeira ocorreu com no final do primeiro mandato de Lula, quando havia o desgaste político do mensalão. Como sabemos, foi perdida. A segundo apresenta-se neste momento. Entretanto, a sucessão de erros, que já ocorreu em 2006, renova-se em 2010.

No quadro eleitoral de 2010, os tucanos precisavam de um vice do eixo produtivo-interior do país, um nome de envergadura nacional. Para vencer, a oposição precisava deste alinhamento. Talvez Serra tenha acreditado que Aécio, que se encaixa neste perfil, aceitaria a vaga. Não aceitou. Foi buscada uma solução doméstica para desarticular um palanque regional em prol de Dilma. Mais um erro. Mesmo assim não funcionou. O DEM reclamou. Optou-se por um nome sem densidade eleitoral e envergadura nacional, o que simplesmente contempla o grupo político regional que domina o partido.

Entretanto, a chapa de Serra precisaria de um nome capaz de aglutinar forças nacionais e mover o peso eleitoral da disputa. Um político municipal não possui tais credenciais. Dentro da aliança tucana, assim como no próprio DEM, não faltam nomes, em especial do eixo Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, de onde, no meu ponto de vista, deveria ter saído o vice.

Dilma, ou melhor, Lula entendeu as fraquezas de sua chapa e moveu-se no sentido de preenchê-las mediante um acordo com o PMDB em unidade, onde contemplou-se os vazios da candidatura petista. Da mesma forma ele compôs com José Alencar oito anos atrás. Aos oposicionistas faltou a mesma clarividência.

Os tucanos não preencheram os espaços vazios da candidatura Serra com a escolha de seu vice. Existem vácuos políticos que permanecerão abertos e tendem a comprometer a possibilidade de vitória da chapa. Falta envergadura nacional com palanques estaduais para os tucanos. Serra não apresenta-se como um fenômeno eleitoral que suplante esta ausência.

Por enquanto, de um lado existe um pragmatismo político profissional, em contraponto a estratégias simplórias e equivocadas. Poderia ser uma eleição disputada e difícil para o petismo, entretanto, o quadro está posto e o exército de um dos candidatos já se mostrou mais inteligente, articulado e preparado para vencer a disputa eleitoral que vem por aí.

Nenhum comentário: