Chegamos na reta final do primeiro
turno das eleições com uma certeza: este é um pleito que não encontra paralelo
nos anteriores. A polarização já no primeiro turno dá o tom de uma disputa que
mais uma vez se dará entre petismo e antipetismo. A diferença desta vez é que
os tucanos perderam o posto de antagonistas do PT, que se deslocou para
Bolsonaro.
Outra característica é o voto
silencioso. Os dois protagonistas do pleito guardam esta carta na manga. Ambos
possuem um considerável contingente de votos de eleitores que preferem não
externar sua preferência, seja pela polêmica criada em torno do capitão, seja
pelos escândalos de corrupção dos governos petistas. Resta saber qual dos dois
possui maior força nesta frente.
O eleitorado de Bolsonaro sempre foi
mais silencioso, o que poderia causar uma grande surpresa no dia da eleição,
entretanto, diante da tentativa de assassinato na mineira Juiz de Fora, este
quadro passou a se alterar. O seu crescimento nas intenções de voto ocorreu de
forma sólida e consistente, o que significa que não ganhou eleitores por
simpatia ou pena, mas porque sentiram-se livres para assumir sua opção.
Bolsonaro, em minhas projeções pré-atentado já possuía uma margem de votos
perto dos 30% - sempre considerei que seu contingente de voto silencioso girava
entre 5% e 7%.
Haddad disparou para o segundo lugar
diante do apoio de Lula. Escrevi aqui neste espaço que o PT jamais aceitaria
ser vice de qualquer outro candidato. Disse que Jacques Wagner não trocaria a
segurança de um mandato de oito anos no Senado pela Bahia diante da incerteza
de uma eleição presidencial, o que jogaria a tarefa no colo de Haddad. Por fim,
disse que o PT chegaria facilmente aos 20%, o que realmente ocorreu. Sempre
alertei para o potencial do partido.
O teto atingido por Haddad, portanto,
é o total de votos petistas convictos, que votariam em qualquer nome indicado
por Lula. O desafio agora é ampliar esta base, portanto, já conversa com
tucanos e líderes do centrão para formar uma grande frente no segundo turno.
Seguramente Haddad chega aos 20%, mas seu salto até os 25% pode se dar pelo
voto envergonhado no PT. Esta é uma variável a ser considerada.
Curiosamente enquanto o petista mais
cresce, maiores são as chances de Bolsonaro vencer no primeiro turno. Esta semana
será decisiva no que tange a transferência de votos antipetistas que hoje ainda
repousam com Alckmin, Amoedo, Meirelles e Alvaro. Se o medo do retorno do
petismo atingir estes eleitores, a migração pode ocorrer em massa e de forma
rápida nos dias que antecedem a eleição. Se somarmos este potencial ao voto
daqueles que não assumiram publicamente a opção por Bolsonaro, o capitão pode
levar ainda no primeiro turno. Como vemos, o trunfo do voto silencioso pode
decidir os rumos desta eleição.
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