quarta-feira, novembro 21, 2018

Maia em Risco

A situação de Rodrigo Maia para presidir a Câmara dos Deputados pela terceira vez seguida começou a se complicar. Isto tem a ver com a montagem do novo governo. Ao escolher o deputado Henrique Mandetta para a pasta da Saúde, a Esplanada passa a contar com três ministros do Democratas. Certamente os parlamentares não enxergam com bons olhos tamanho acúmulo de poder somente em um partido. Controlar também Câmara, seria demais.

Apesar de o DEM possuir todos estes nomes no governo, isto não significa que o partido segue unido para apoiar o Bolsonaro, apesar da possibilidade ser grande. O governo prefere lidar com bancadas transversais ao invés de negociar diretamente com os partidos. As chamadas bancadas temáticas já acumulam dois ministérios: Agricultura e Saúde. Resta saber se entregarão fidelidade quando forem votados temas sensíveis diferentes de suas pautas.

Enquanto isso, o centrão começa a se articular para viabilizar um nome de um dos partidos da frente. PR, PRB, SDD, PP, PSD e até PSDB e MDB começam as primeiras conversas para decidir quem ocupará a cadeira de Maia a partir de fevereiro. O atual Presidente ainda tentará manobras políticas para se manter em seu posto. Ontem recebeu deputados federais que começam o mandato e alguns líderes antigos para um jantar. Busca caminhos alternativos.

Bolsonaro visa quebrar as estruturas do Presidencialismo de Coalizão, implementado por Sarney e sacramentado pela Constituição de 1988. Os partidos já entenderam que se não se organizarem, podem perder importância na nova configuração de poder. Por isso não deixam um minuto sequer de mostrar ao Presidente-Eleito como podem atrapalhar sua vida se não forem contemplados.

Bolsonaro tem em mente que governará com outro Congresso, onde as forças ainda precisarão se acomodar e aposta que o governo pode ser peça fundamental nesta dinâmica, criando uma base sólida que possa aprovar as reformas. A dúvida é saber se Maia fará parte deste processo.

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