terça-feira, outubro 02, 2007

Putin mostra o jogo e prepara volta

Para quem esperava o movimento de Putin para manter o poder na Rússia, já pode ficar tranquilo. Tudo indica que ele deu sinais definitivos da manobra que arquitetava. O Presidente russo encabeçará as listas de seu partido para a Duma.

Isto significa que Putin deseja tornar-se Primeiro-Ministro da Rússia, preparando a volta, no outro termo, ao cargo de Presidente. Contorna, desta forma, a limitação constitucional de dois mandatos consecutivos.

As peças do jogo começam a encaixar e tudo passa fazer sentido. A indicação recente de Viktor Zubkov para o cargo de Primeiro-Ministro indica que realmente Putin deseja lançá-lo ao Kremlin. Zubkov, leal a Putin, seria o nome perfeito para ocupar "temporariamente" a Presidência, pois não possui envergadura política para fazer sombra ao chefe. Com 66 anos, Zubkov seria eleito facilmente com o apoio de Putin e se por ventura não terminar seu termo, por qualquer motivo que seja, renúncia, falecimento ou qualquer coisa parecida, as portas do Kremlin já estarão abertas para Putin, inclusive para terminar o mandato de seu fantoche.

Sim, Zubkov é apenas um fantoche de Putin, fraco suficiente para não fazer sombra e forte o suficiente para barrar outros afoitos candidatos que desejam estar no comando do Kremlin.

Enquanto isso, Putin ocupará o cargo de Primeiro-Ministro catapultado por uma votação estrondosa que seu partido deve alcançar, já que seu nome encabeçará as listas.

A questão que fica é: o que fazer com os aliados Seguei Ivanov e Dmitri Medvedev, virtuais pretendentes ao cargo que Putin deixa e pretende retomar? Estes já devem estar bem encaminhados, com acordos selados e lugares estrategicamente reservados. Putin não faria o anúncio de seus planos antes de ter todas as arestas políticas aparadas. E lembrem-se, existe uma lealdade entre o grupo de São Petesburgo. Os "siloviki" dão as cartas.

Mesmo assim, mesmo com São Petesburgo, mesmo com "siloviki", todo cuidado é pouco, afinal estamos falando da Rússia e de acordos selados por políticos russos. O diferencial, o avalizador dos acordos que gera a confiança em seus compromissos ainda é o Presidente.

Por isso, Putin, que tem todos na manga, prepara seu retorno, sem sequer ter deixado o poder.

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