Confesso que não esperava uma recuperação política de Yuliya Tymoshenko como ficou provada neste domingo. Os números ainda não são exatos, mas são claros. Os donos da Revolução Laranja pró-Ocidental que movimentou a Ucrânia receberam mais uma chance dos eleitores.
A Ucrânia estava dividida. Desde o rompimento do bloco laranja, Viktor Yanukovych, o derrotado nas Presidenciais de 2004, havia retornado triunfalmente ao poder como Primeiro-Ministro. Isto rachou o país uma vez mais: de um lado o PM Yanukovych, pró-Rússia, do outro, o Presidente Yushchenko, pró-Ocidente. A Ucrânia estava estagnada politicamente, refém de um agenda antagônica, de rivais políticos que dividiam o poder. A saída seria uma eleição para reagrupar as forças no Parlamento. O sistema parlamentarista felizmente possui essas variações que ajudam a preservar a democracia.
Estas eleições poderiam gerar dois cenários. No caso de vitória de Yanukovych seria o início do fim do período laranja, já que o nome do PM sairia fortelecido para disputar a Presidência. A Ucrânia, nesta caso, penderia mais para Moscou. Já no caso de vitória de Yuliya Tymoshenko, como foi o que ocorreu, o Presidente Yushchenko sai fortalecido e o governo de Kiev tenderá mais para Bruxelas e Washington.
Apesar da aliança vitoriosa ser laranja, tudo indica que o partido mais votado será o de Yanukovych. Existe um equilíbrio de forças delicado a ser negociado.
Caberá a bela e esperta Yuliya Tymoshenko e ao Presidente Yushchenko obter uma convivência pacífica que resulte nas reformas necessárias para modernização e abertura da Ucrânia, que já cresce mais de 7% ao ano. Se a aliança laranja vacilar uma vez mais como no passado, Yanukovych surgirá com mais força. Por enquanto, Yuliya deve ser confirmada como a nova PM mais uma vez.
Yuliya e Viktor, donos de um casamento político tenso e regado a interesses econômicos, tem uma segunda chance para selar um belo futuro para um país espetacular e com enorme potencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário