terça-feira, novembro 26, 2013

O Acordo com Teerã

Obama comemorou o acordo interino com o Irã como mais um importante passo de sua diplomacia. Na verdade, algo que ele mesmo avalia somente como um bom começo. No front interno, as críticas do lado republicano já começaram a aparecer. No externo, do lado de Israel, também surgem críticas, no sentido de que o Irã deveria negociar mais enfraquecido.

Ambos os lados tem razão, mas desta vez Obama tem realmente o que comemorar nesta equação. Seria muito difícil, como quer Israel, enfraquecer ainda mais o Irã. É possível abalar mais ainda a economia do país com as sanções, ampliando e aprofundando estas medidas, como sugeriu o senador republicano Marco Rubio. Contudo, não podemos deixar de avaliar que existe uma janela negociadora importante que está aberta neste momento. Os primeiros meses de Rouhani na direção do país estão criando esta possibilidade.

Obama parece ter entendido que a estabilização da região passa pelo Irã e um acordo com o regime dos aiatolás. Há tempos os americanos insistem equivocadamente na questão Israel/Palestina como o ponto central da política externa no Oriente Médio. Apesar de importante, a agenda precisa ir além disto. Se de um lado este acordo é o primeiro passo neste sentido, do outro, a aproximação, mesmo que inicial entre EUA e Irã, irrita os sauditas e israelenses, parceiros preferenciais dos americanos na região. Existe receio que os EUA venham a reconhecer Teerã como um interlocutor, deixando os antigos aliados com menor influência. Tel-Aviv e Riad não permanecerão isolados e podem se movimentar politicamente nas região. É preciso que os americanos acalmem os dois países, como já fizeram com os sauditas.

Foi uma vitória da diplomacia, apesar do ranger de dentes de Israel. O mais importante é ter aberto um canal confiável de comunicação, aliviar a situação de hostilidade e tensão e criar uma linha de entendimento, mesmo que primária, entre Washington e Teerã. Este é o ponto central em relação a acomodação de forças na região.

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