sexta-feira, novembro 08, 2013

O Caminho do Meio

Enquanto o partido republicano parece estar cada vez mais capturado pela agenda conservadora, o eleitorado manda seu recado. Nesta semana foram dois. A escolha de Chris Christie e a derrota de Cuccinelli. Os moderados foram recompensados com votos enquanto os mais conservadores foram mandados de volta para casa. Isto abriu um debate dentro do partido que tem como foco as eleições presidenciais.

O GOP, Grand Old Party, como são reconhecidos os republicanos por aqui, encontram-se em uma profunda crise. Existem pelo menos três grupos dentro do partido: moderados, libertários e conservadores. Os últimos são que tem mais voz hoje dentro da estrutura, especialmente por um motivo: são dos grupos mais conservadores que vem os maiores recursos para o partido. Deste grupo emergiu Cuccinelli, o candidato derrotado na Virgínia. Dento deste grupo também não há harmonia. Sua mais nova estrela, o senador Ted Cruz, do Texas, está longe de ser uma unanimidade entre seus pares.

Os moderados, entretanto, tem votos, mas não tem voz dentro do partido. Chris Christie é o maior exemplo. Eleito dentro de um dos estados mais democratas da federação, avançou com uma agenda de entendimento com os adversários e conseguiu uma vitória maiúscula. Falta-lhe, entretanto, penetração na estrutura partidária e trânsito entre os conservadores, que se arrepiam apenas em ouvir o nome de Christie.

Existem também os libertários, hoje representados pelo senador Rand Paul. Estes possuem menos densidade, mas entram com mais facilidade no território democrata. Estão mais próximos de Christie em termos de entendimento, mas também conversam com os conservadores, apesar do enorme abismo que divide suas agendas.

O GOP precisa de união e especialmente de liderança. Não chegará a lugar algum fragmentado. No início dos anos 90, Clinton conseguiu unir um partido em cacos, longe do poder por mais de uma década, e tornou-se Presidente. Os republicanos buscam seu Clinton. Fala-se em Christie, que hoje seria o único republicano com possibilidades de chegar a Casa Branca. Mas os conservadores parecem preferir perder do que vencer com um moderado. Pior para o partido, que até o momento se tornou refém de suas divisões internas.

Christie tem os votos que os conservadores desejam. Como diz a Time, o elefante está na sala. Agora é preciso lidar com ele.

Um comentário:

Roberto disse...

Gostei das observações mas elas são um tanto complicadas para quem está out side como eu. Pelo que entendi, a situação no Brasil é exatamente inversa. O PT agarrou-se de tal forma no poder que dificilmente perderá a Presidencia graças ( e aí vai situação inversa) a alianças às vezes até espúrias. Rotularam o PSDB como um inimigo conservador. Entretanto o centro e a direita do PMDB tem livre trânsito no Governo. É o toma lá dá cá. A direita já cheira a ranço e por baixo dos panos adora os evangélicos e exorcisa os verdes. Neste quadro, se Marina Osmarina brigar com Eduardo Campos pela cabeça de chapa, vai dar Dilma de novo ou Lula, o grande conservador...