quinta-feira, novembro 14, 2013

O Jogo Francês

A estabilidade do Oriente Médio passa pelo Irã. Enquanto por várias presidências se buscou, nos Estados Unidos, um acordo entre árabes e judeus, muito pouco se fez em relação ao regime dos aiatolás. Entretanto, a eleição de Rohani abriu uma grande e boa oportunidade de negociação com Teerã. Obama, em um dos seus maiores lances de política externa, se aproximou dos iranianos e iniciou as tratativas para um acordo, juntamente com Alemanha, China, Rússia, Reino Unido e França.

Mas o acordo pode não sair. A culpa não é dos americanos, que se esforçaram para criar as condições para tal. Desta vez, os franceses estão dificultando o jogo, colocando seus interesses comerciais acima da necessidade de estabilidade da região. Claramente em Genebra, onde foram desenvolvidas as rodadas de negociação, o ministro de relações exteriores francês, Laurent Fabius, chegou com a missão de dificultar a conclusão de um pacto entre os envolvidos.

As razões da França tem cifras. Em outubro, o ministro da defesa fechou um acordo de 1,5 bilhões para a venda de cinco navios para a Arábia Saudita. Os aliados dos saudistas, os Emirados Árabes Unidos, também foram as compras em Paris e levaram dois satélites de alta resolução por 913 milhões. Além de Riad despejar dinheiro na produção de alimentos e agricultura francesa, está tudo alinhado para um acordo para compra de armas. Não preciso dizer que os sauditas são céticos a um acordo com o Irã.

Em Genebra havia uma França pouco interessada em um acordo. Do lado dos americanos e britânicos, por mais interesse e esforço, as notícias dos bastidores informam que John Kerry, Secretário de Estado dos Estados Unidos, vacilou em um último momento, parecendo mais um Senador do Comitê de Relações Exteriores em Washington do que o chefe da diplomacia do país mais interessado em fechar o acordo. Dizem que Kerry deixou muito a desejar em Genebra.

Enquanto isso, os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham, saudavam a França por ter impedido o acordo do sexteto com os aiatolás, talvez pelo acordo tratar mais do enriquecimento de urânio do que a questão do plutônio ou talvez porque Israel enxerga tudo isso com muitas reservas. Mesmo assim, uma boa oportunidade de se avançar mais um passo foi perdida. Por enquanto a estratégia entre sauditas e israelenses, defendida pela França, atingiu resultados. Entretanto é preciso entender que este obstáculo pode levar a um conflito armado onde os americanos assumiriam o protagonismo e o ônus. Ainda há tempo da diplomacia agir.

Nenhum comentário: