Bolsonaro segue sendo o principal
personagem desta eleição. Isto ocorre não somente por liderar as pesquisas, mas
porque tornou-se o centro das atenções dos seus opositores. Entretanto, sua
estratégia vai além. Falando de forma simples, diretamente ao brasileiro médio,
alcança uma conexão que poucos políticos conseguiram estabelecer com o
eleitorado.
Vivemos tempos de sentimento de
renovação e de uma revoada conservadora pelo mundo. É natural, como em outros
momentos, que o Brasil seja influenciado por essas ondas. Bolsonaro se
aproveita disso e apesar de ser classificado como raso e superficial, até o
momento foi o único que conseguiu posicionar seu discurso nesse sentido.
A opção de Geraldo Alckmin foi a
oposta. Usa modelos antigos, como alianças amplas, privilegiando o tempo de
televisão, apoios de políticos tradicionais e divisão dos cargos entre a velha
política para vencer as eleições e governar. Contudo, vivemos em um período de
entressafra política, que ocorre a cada 30 anos, que tende pela rejeição ao
sistema, algo que geralmente resulta em renovação, levando aqueles que se posicionam
como outsiders ao poder.
Assim como Bolsonaro, Álvaro Dias
entendeu este movimento, mas não conseguiu até o momento criar esta conexão
direta com o eleitor. Hoje posiciona-se como uma opção racional entre Bolsonaro
e Alckmin. O candidato do Podemos, que fala sobre a refundação da República,
busca representar um centrismo renovador, sem alianças com as velhas estruturas
de poder e tenta dialogar diretamente com as ruas. Corre o risco que não
agradar ambos os lados, sendo jogado em um limbo eleitoral estacionado nos 6%,
porém, se sua estratégia vingar, pode drenar eleitores de Alckmin e Bolsonaro e
decolar.
Percebemos que todos estes
candidatos buscam transitar na mesma faixa do eleitorado, mas por caminhos
opostos. Alckmin segue a trilha mais segura, as vias mais conhecidas, dentro da
política tradicional onde foi forjado. Álvaro é mais ousado que o tucano,
entende mais claramente o movimento do eleitor e busca uma fórmula alternativa,
porém com prudência. Bolsonaro resolveu atacar as estruturas tradicionais e
posiciona-se como outsider. A hostilidade da mídia tradicional e os ataques
viscerais de seus opositores, apenas consolidam esta imagem.
O ponto central do debate é até que
ponto o sentimento de renovação será a tônica desta eleição presidencial.
Quanto mais reforçado estiver este movimento, maiores as chances de Bolsonaro.
Se este sentimento refluir, Alckmin tem mais chances de se viabilizar, com Álvaro
correndo por fora nestes dois cenários. O fato central é que o eleitorado
mostra uma guinada conservadora e aquele que souber explorar melhor este
fenômeno, na calibragem correta, tem grandes de chegar ao segundo turno e
inclusive vencer as eleições. Até o momento, que soube explorar melhor este
caminho foi Bolsonaro.
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