quinta-feira, setembro 20, 2018

2018 é 1989

Há tempos venho falando dos ciclos de 30 anos que impactam a política brasileira. Os exemplos são nítidos e marcaram as chegadas de Collor, Jânio, Getúlio e Deodoro. Todos representaram uma ruptura com o sistema anterior, a saber, Império, República Velha, Getulismo, Regime Militar e agora com a Nova República, personificada pelo duelo PSDB vs. PT e a onipresença do MDB. Partimos para um novo momento a partir de 2018.

Exatamente em função disto não podemos fazer correlação direta do pleito deste ano com aquele de 2014. Os alckimistas mais aguerridos agarram-se na dinâmica do pleito anterior, quando Aécio ultrapassou Marina nos últimos dias, para justificar uma campanha que até agora não mostrou a que veio. Faltou lembrar que o processo de 2018 é completamente diferente de 2014.

Quatro anos atrás, Marina era atacada ferozmente por Dilma. A candidata do PSB não soube reagir, tampouco possuía enorme respaldo popular. Seu salto ocorreu com a trágica morte de Eduardo Campos, ou seja, não foi um crescimento orgânico e seguro. A admiração por Lula paralisou Marina, que capitulou nos debates, selando de forma negativa uma conjunção favorável que poderia facilmente ter levado seu nome ao segundo turno. Como vemos, não existem semelhanças entre estes dois pleitos.

Também não podemos correlacionar com 2010, 2006, 2002, 1998 ou 1994 e presumir que teremos a reedição do duelo entre tucanos e petistas, o que sugere uma falta de capacidade de leitura de cenários e nuances. Desde o começo do pleito venho dizendo que caminhávamos para uma polarização entre esquerda e direita, que Bolsonaro não cairia com os ataques, que Alckmin seguiria estagnado e que Haddad, escolhido candidato pelo PT, chegaria aos 20%. Tudo muito parecido com 1989.

30 anos atrás, um candidato com pinta de outsider liderava as pesquisa na faixa dos 30%. O segundo lugar era disputado por PT e PDT, Lula e Brizola, hoje personificados nas figuras de Haddad e Ciro. O candidato tucano tinha enormes dificuldades de chegar ao segundo turno. Naquela ocasião, Covas, desta vez Alckmin. Ulysses e Aureliano, donos do maior latifúndio de tempo no rádio e televisão, não decolaram. Alckmin tornou-se a versão 2018 destes nomes, carregando alianças similares, as mesmas virtudes e defeitos. Deve acabar a eleição como eles.

Portanto, a busca por um paralelo com 2014, é um mero exercício retórico. O paralelo é com 1989.

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