sábado, junho 22, 2013

Joaquim e Marina

Começaram a surgir as primeiras pesquisas que indicam alguns pontos importantes sobre os manifestantes que tomaram as cidades brasileiras nas últimas semanas. Os resultados são uma espécie de quebra-cabeça que nós, cientistas políticos, montamos com o máximo cuidado no intuito de desenhar os cenários futuros.

O ponto principal é o indício de declínio da popularidade de Dilma. Ainda é cedo para dizer que sua reeleição está comprometida, entretanto, podemos dizer com certeza que está seriamente ameaçada. O PT já considera alternativas, como o retorno de Lula - que se ocorrer, será apresentado com muito cuidado.

Mas o que as pesquisas sugerem, na esteira da indignação geral é o nome de Joaquim Barbosa, o Ministro do Supremo, relator do caso do Mensalão e que defendeu penas duríssimas para os acusados. Joaquim, que surge com a preferência de 30% dos manifestantes, personifica os ideais de probidade e justiça defendidos nos protestos. Ninguém conhece suas posições políticas com clareza ou sua idéia de País, mas todos conhecem sua probidade, origem humilde e ascensão meritocrática. Eis o mais importante para o povo neste momento. Joaquim é o nome que canaliza a solução para a indignação geral que tomou conta do povo brasileiro. Seus eventuais projetos de país neste momento pouco importam. Ele buscou fazer justiça encarcerando políticos que desviaram recursos públicos. É isto que importa para o povo.

Outro nome que surge com muita força entre os manifestantes é o de Marina Silva. Aparece com 22%. Por ser política de carreira e já ter disputado uma eleição presidencial, merece ser encarada com seriedade. Monta, no momento, um partido sem o nome "partido", mas "rede" e mira claramente nas eleições presidenciais de 2014. Sua imagem também carrega um ideal de probidade e seriedade, aliada as causas ambientais e sociais. Sua fragilidade é o conservadorismo exacerbado, travestido de modernidade. Mas dentro do quadro político, é quem mais se beneficia do quadro como se mostra hoje.

Dilma aparece com 10%, Aécio com 5% e Eduardo Campos com 1%. É um claro recado de repulsa aos políticos e estruturas partidárias conhecidas. Os manifestantes preferem algo afastado da política tradicional. A pesquisa não levou em conta o nome de Lula.

O mais perigoso é o vetor de rejeição a política tradicional. Situações como essa, se consolidadas, tendem a gerar aventureiros sem compromisso com programas sérios para o País e com tendências autoritárias. As pesquisas mostram que o eleitor manifestante está disposto a tentar o novo e o desconhecido. No balanço geral, por circular entre as duas esferas, Marina se fortalece, mas um nome novo, como Joaquim Barbosa, se decidir entrar no páreo, dentro do quadro atual, pode fazer toda a diferença.

Nenhum comentário: