terça-feira, junho 11, 2013

Reação Européia

Enquanto a Alemanha ataca, o Reino Unido se defende. Ainda sob o impacto das revelações de Edward Snowden, os líderes mundiais e, em especial os europeus, começam a dar os primeiros sinais dos reflexos que a crise gerada pela violação de informações pelos Estados Unidos pode exercer nas relações internacionais.

Em Londres o movimento foi de cautela, isto porque o Guardian fala sobre a possibilidade de o governo britânico ter se beneficiado da espionagem norte-americana, que pode ter vigiado cidadãos ingleses. Downing Street nega e o ministro de Relações Exteriores, William Hague, veio a público dizer que os britânicos atuam somente dentro da lei. Sabemos que sempre existiu uma cooperação muito próxima entre Londres e Washington. Caso provas do envolvimento do governo de Cameron surjam, o preço político será alto.

Se em Londres havia cautela, em Berlim o tom já foi outro. A Alemanha é um país que já sofreu a brutal vigilância do Estado durante o regime comunista em sua parte oriental. A reação, portanto, foi proporcional ao conhecimento que os germânicos guardam destas práticas. Obama estará em Berlim na próxima semana e Angela Merkel prometeu cobrar explicações. Certamente a recepção ao Presidente americano será muito diferente daquela recebida quando, enquanto candidato, empolgou 200 mil alemães no Portão de Brandemburgo em 2008. Obama pretendia repetir o feito. Resta saber se, diante dos escândalos em escalada internacional de seu governo, manterá a agenda.

Em Bruxelas, políticos de vários países da União Européia disseram que a Europa sente-se indefesa frente aos movimentos de espionagem americanos. Uma reunião ministerial entre Europa e Estados Unidos esta semana em Dublin tem tudo para se tornar o primeiro foro formal de discussão e cobranças européias ante os Estados Unidos.

Fato é que se Bush ainda ocupasse a Casa Branca, a situação seria muito pior. A complacência com que o governo Obama é tratado na imprensa não dá a real dimensão do escândalo e incentiva a continuidade de práticas obscuras. O caso é sério, mas se fosse um Presidente republicano, a gritaria seria ensurdecedora. Enquanto isso, Obama tenta resgatar os cacos de sua imagem, que se desfaz aos poucos frente ao mundo e em especial em relação a Europa, afinal, a justificativa de que os americanos não espionavam americanos, apenas estrangeiros, deixou os líderes europeus ainda mais enfurecidos.

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