domingo, outubro 28, 2018

Mão na Faixa

Tenho recebido muitas mensagens com dúvidas sobre o resultado eleitoral deste domingo. Como acompanho eleições há pelos 25 anos e conheço os institutos de pesquisa por dentro, deixo algumas considerações sobre a eleição deste domingo.

Seguindo a tendência eleitoral do primeiro turno + as semanas de segundo turno, a tendência inequívoca é a eleição de Jair Bolsonaro.

Ele deve vencer com cerca de 60% dos votos, podendo alcançar entre 58% e 63%, chegando ao redor dos 60 milhões de votos.

Não há chance real de Bolsonaro ser alcançado por Haddad. A narrativa da imprensa, de um modo geral, é em favor do candidato do PT, como previ aqui. Assim como disse que muitos líderes políticos, especialmente ligados ao tucanato, apoiariam o petista.

A narrativa é de desgaste de Bolsonaro e onda petista. Mas isto não se comprova nas pesquisas e nas ruas. O PT tentou, sendo ecoado pela imprensa tradicional, criar fatos sucessivos, especialmente na última semana, para virar a eleição. Não teve aderência em qualquer camada da população.

Ao contrário da narrativa do senso comum, adiantei aqui que o candidato do petismo seria Haddad, que os tucanos escolheriam Alckmin, que haveria uma aliança em torno do tucano, mas que o tempo de televisão e rádio não fariam ele sequer se mover nas pesquisas. Afirmei que esta é uma eleição atípica, similar ao pleito de 1989 e sem qualquer relação entre os pleitos que ocorreram nas últimas três décadas. Desenhei a tese, há quase dois anos, em coluna no jornal O Tempo, que a sociedade brasileira opera uma mudança de fundo na política a cada trinta anos e que este processo começou em 2013 e chegaria ao seu ápice em 2018 com a eleição de um outsider.

Bolsonaro encarnou a figura do outsider melhor do que qualquer outro candidato, assim como Collor em 1989, Jânio em 1960 e Getúlio em 1930 (que perdeu, mas chegou ao poder). Todos quebraram o sistema político anterior, refundando as bases que iriam guiar a política pelos 30 anos posteriores. Alerto que viveríamos este processo novamente em 2018, portanto, candidatos como Alckmin não teriam qualquer aderência no pleito.

A onda que irá eleger Bolsonaro neste domingo se originou na inconformidade do povo com as estruturas de poder e a fadiga do modelo de bem estar social implementado pela Constituição de 1988, que estrangulou o Estado e as contas públicas. Este movimento começou com as manifestações de 2013 e chega ao seu ápice com a faxina geral na política, impulsionada pela Lava Jato, nas eleições de 2018.

Portanto, a onda maior, que move as estruturas da República, levará ao poder alguém que esteja disposto a duelar com o sistema. Não existe uma onda eleitoral que impeça a onda maior. Se há uma pequena reação de Haddad na reta final, é comparável a uma marola, enquanto aquela que elegerá Bolsonaro é um tsunami de proporções épicas que passa pelo Brasil a cada 30 anos e que desta vez chega impulsionado por uma reação conservadora.

Minas Gerais é o estado que prevê o resultado das eleições. Mesmo se levarmos em consideração os números de Datafolha e Ibope, Bolsonaro vence em Minas com folga. 60% - 40% Pró-Bolsonaro no Ibope e 59% - 41% no Datafolha. Isto deve medir o que acontecerá nacionalmente com apenas um detalhe - Ibope e Datafolha, por realizarem medições presenciais, não captam o voto silencioso, grande aliado de Bolsonaro como visto no primeiro turno. Por isso, o capitão pode acabar com números acima da medição Ibope/Datafolha em Minas Gerais.

Estamos falando de uma distância de 17 a 20 milhões de votos pró-Bolsonaro neste domingo. Ele deve ultrapassar a marca de Lula em votos absolutos (58 milhões) em 2006 e talvez seu percentual em 2002, 61,27%. Como já escrevi aqui, Bolsonaro está diante de vitória maiúscula.

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