Depois de totalizados os votos, com
a confirmação de que o segundo turno seria entre Bolsonaro e Haddad, começaram
as movimentações em busca de apoio dos partidos e candidatos derrotados na
primeira fase. Enquanto de um lado o bloco de agremiações de esquerda se uniu
em tornou de Haddad e PTB e PSC rumaram na direção de Bolsonaro, a maior parte
dos partidos fez a opção marota pela neutralidade.
Sabemos que um dos principais pecados
na política é a omissão. A opção pela neutralidade mostra o tamanho da
insegurança que ronda os principais caciques partidários, quase que em sua
totalidade abatidos pelas urnas. A limpeza que o população promoveu na última
semana ligou o sinal de alerta para os políticos. O eleitor em fúria
apresentou-se para votar com o fígado e seu recado ecoou nas direções
partidárias.
O objetivo de declarar a
neutralidade é liberar os candidatos dos diferentes estados, especialmente
aqueles que enfrentam o segundo turno, para buscar seu próprio caminho, sem
fechar portas. Como estamos diante de duas propostas antagônicas, assumir
declaradamente o apoio, tanto a Haddad como Bolsonaro, pode obstruir canais que
levam a votos importantes.
Os tucanos entraram em crise. Diante
do fiasco de Alckmin as brigas internas já começaram e o partido saiu rachado.
Enquanto Fernando Henrique diz que não votará em Bolsonaro, Doria segue em
sentido oposto, assim como Expedito Júnior em Rondônia, Eduardo Leite no Rio
Grande do Sul e Reinaldo Azambuja no Mato Grosso do Sul. Permanecem neutros ou
indefinidos os candidatos ao governo de Minas Gerais, Antônio Anastasia e
Anchieta Júnior em Roraima – neste dois estados os oponentes Romeu Zema e
Antonio Denarium já estão com Bolsonaro.
A neutralidade serviu, de um lado,
para evitar a contaminação do antipetismo em candidaturas que poderiam ser
facilmente prejudicadas pela associação com a opção por Haddad, como Rodrigo Rollemberg
no Distrito Federal, Valadares Filho em Sergipe, Eduardo Paes no Rio de Janeiro
e Márcio França em São Paulo. Do outro lado, visa trazer prudência em um
segundo turno em que Bolsonaro mostra-se cada vez mais perto da vitória.
O condomínio chamado centrão somente
espera a confirmação do vencedor para tentar impor seu jogo. A neutralidade
marota faz parte da estratégia de se posicionar diante do novo governo. A opção
preferencial é por Haddad, pois em uma eventual administração petista sabem seu
lugar no jogo, ao contrário de um Planalto comandado por Bolsonaro – onde paira
a incerteza para fisiologismo. A eleição do candidato do PSL tende a romper com
as estruturas tradicionais de negociação e irá diminuir o poder da burocracia,
um movimento que assusta os partidos, mas seduz o eleitor.
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