quinta-feira, outubro 18, 2018

Os Erros de Haddad

O jogo se complica para o petismo a cada nova pesquisa divulgada pelos institutos. Se havia entusiasmo pela escalada meteórica de Haddad no primeiro turno, impulsionada pela associação com Lula, no segundo, parece que a estratégia certa está longe de ser encontrada. A crise chegou nas hostes petistas.

Haddad não conseguiu crescer acima dos simpatizantes do seu próprio partido. 20% do eleitorado se considera petista, patamar atingido pelo candidato rapidamente depois do apoio de Lula. A escalada para perto dos 30 pontos foi diante dos simpatizantes do PT, mas para além disso, o candidato tem enorme dificuldade de crescer.

Isto se explica pela onda conservadora que vem crescendo e consolidando cada vez mais a posição de Bolsonaro, calcada no antipetismo e na narrativa antisistema. Do outro lado, diante da vitória maiúscula do conservador no primeiro turno e na larga margem aberta nesta segunda etapa, a campanha petista entrou estado de alerta, dando início a confrontos internos.

Isto não ajuda o candidato do PT, que perdeu o discurso e o caminho assim que desembarcou no segundo turno. A troca dos slogans e cores de campanha irritaram a militância tradicional do partido e não ajudaram a conquistar mais votos. Haddad acreditava que seria possível construir uma frente ampla contra Bolsonaro, com apoios nos partidos de centro e especialmente a adesão de caciques do PSDB. Com isso, poderia tentar construir a narrativa da democracia contra o autoritarismo e do progressismo contra o conservadorismo. A tática não funcionou. Sozinho, Haddad tentou uma imagem mais centrista, sem contudo obter apoios mais o centro.

Diante do erro estratégico e da falta de articulação política, ao invés de crescer, Haddad vem caindo e enxergando sua rejeição crescer a cada pesquisa. A curva que se abre entre as intenções de voto de Bolsonaro e do petista é sintomática do momento vivido pelo candidato de Lula. Diante deste cenário, a vitória de Bolsonaro pode se tornar ainda maior e mais significativa do que a de Lula em 2002.

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