Haddad não conseguiu crescer acima dos simpatizantes do seu próprio partido. 20% do eleitorado se considera petista, patamar atingido pelo candidato rapidamente depois do apoio de Lula. A escalada para perto dos 30 pontos foi diante dos simpatizantes do PT, mas para além disso, o candidato tem enorme dificuldade de crescer.
Isto se explica pela onda conservadora que vem crescendo e consolidando cada vez mais a posição de Bolsonaro, calcada no antipetismo e na narrativa antisistema. Do outro lado, diante da vitória maiúscula do conservador no primeiro turno e na larga margem aberta nesta segunda etapa, a campanha petista entrou estado de alerta, dando início a confrontos internos.
Isto não ajuda o candidato do PT, que perdeu o discurso e o caminho assim que desembarcou no segundo turno. A troca dos slogans e cores de campanha irritaram a militância tradicional do partido e não ajudaram a conquistar mais votos. Haddad acreditava que seria possível construir uma frente ampla contra Bolsonaro, com apoios nos partidos de centro e especialmente a adesão de caciques do PSDB. Com isso, poderia tentar construir a narrativa da democracia contra o autoritarismo e do progressismo contra o conservadorismo. A tática não funcionou. Sozinho, Haddad tentou uma imagem mais centrista, sem contudo obter apoios mais o centro.
Diante do erro estratégico e da falta de articulação política, ao invés de crescer, Haddad vem caindo e enxergando sua rejeição crescer a cada pesquisa. A curva que se abre entre as intenções de voto de Bolsonaro e do petista é sintomática do momento vivido pelo candidato de Lula. Diante deste cenário, a vitória de Bolsonaro pode se tornar ainda maior e mais significativa do que a de Lula em 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário