sexta-feira, outubro 18, 2013

Bipartidarismo Necessário

A vitória foi de Obama, sem dúvida, mas o que resta no espectro político depois disso é preocupante. As análises são todas direcionadas ao péssimo momento vivido pelos republicanos e como o assunto rachou o partido mais uma vez. Entretanto, mais interessante do que isso é entender em um aspecto amplo a situação geral do que se tornou a política do país mais poderoso do mundo.

A Casa Branca obteve uma vitória, entretanto, não nos iludamos. Obama vive um momento difícil e tem pela frente três anos dramáticos. Em Washington somente especula-se sobre a sucessão do Presidente que tomou posse para seu segundo termo apenas 10 meses atrás. O início do segundo mandato é o período natural de avanço e implementação da agenda vitoriosa, uma vez que não há o compromisso de concorrer a uma reeleição. Entretanto, o que vemos é uma Presidência enfraquecida e sem iniciativa. Isto é preocupante.

Barack Obama chegou a Washington com o discurso da união e construção de pontes de entendimento entre republicanos e democratas. Quatro anos depois de assumir a Presidência enxergamos que nunca a distância entre os dois partidos foi tão grande. A responsabilidade não pode ser jogada completamente em Obama, mas seu estilo e inabilidade para lidar com determinadas situações certamente ajudaram a jogar o mundo político em uma situação de preocupante polarização, pois é uma divisão que paralisa o país.

Não há dúvida de que a situação precisa melhorar, mas para isso precisam ser criados canais de comunicação. O país está paralisado. Hoje estas pontes não existem e por conseguinte as negociações estão travadas. Esta iniciativa precisa vir da Casa Branca. Obama precisa colocar em prática uma agenda mínima, chamar os republicanos moderados e construir um entendimento. Não é uma tarefa fácil, mas enquanto nada for feito, a agenda permanecerá retida nas mãos dos grupos mais radicais de ambos os partidos e os episódios como os mais recentes continuarão a se repetir.

Repito, a iniciativa precisa partir de Obama. Caso contrário, a próxima campanha presidencial será uma batalha nada amistosa entre grupos rivais e distantes que não se toleram. A radicalização da política americana não interessa a ninguém. Caso persista no erro, Barack Obama se tornará, como chamamos na política, um pato manco, um homem sem capacidade de liderança. Conduzirá uma Presidência vazia, sem reformas, maior alcance ou impacto, carregando o perigoso legado da radicalização política, o que seria terrível para a sociedade americana.

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