quinta-feira, outubro 24, 2013

Sharif em Washington

Ontem, Dilma Rousseff poderia estar na Casa Branca. O jantar de sua visita de Estado estava marcado na agenda para ontem. Obama jantou com a família, mas um pouco mais cedo recebeu uma visita importante, o Primeiro-Ministro do Paquistão, Nawaz Sharif.

As relações com o Paquistão são importantes para os americanos. O país islâmico é estratégico para as ações de combate ao terrorismo, já que por ali circulam muitas forças hostis aos Estados Unidos. Não foi por outro motivo que o Islamabad entrou com honras na agenda americana depois das ações de Bin Laden.

Mas as relações entre as duas nações andaram estremecidas depois do caos político pelo qual passou o país asiático e com as constantes entradas das tropas americanas e ataques de drones no país islâmico. Existe uma sintonia muito fina que precisa ser traçada entre a manutenção da aliança com os americanos e o xadrez político interno. O Paquistão possui uma política complexa que pode levar a perigosos períodos de instabilidade. A divisão tribal do país e os grupos extremistas fazem parte deste delicado quebra-cabeça.

Foi em um Paquistão, já aliado dos Estados Unidos, que os terroristas da rede Al Qaeda, inclusive Osama Bin Laden, e os membros do Talibã encontraram abrigo depois que as tropas americanas chegaram no Afeganistão. O país governado por Sharif possui muitas complexidades e dificilmente um governante consegue manter o território inteiramente sob controle. A divisão do poder precisa ser negociada com as lideranças locais e assim abrem-se flancos onde grupos hostis ao Ocidente conseguem se impor.

Assim, a visita de Sharif possui nuances importantes. O Primeiro-Ministro reclamou sobre o uso de drones em suas palestras e comunicados para a imprensa aqui em Washington. Mas sabemos que os paquistaneses são gratos aos americanos pelo uso dos robôs. Logo, suas declarações servem para acalmar os ânimos em casa. Nawaz Sharif também está levando US$ 1,6 bilhão em ajuda militar e econômica de volta para Islamabad. Portanto, sabe que a aliança com os americanos rende também em outras frentes.

Sharif esteve por aqui. Fez o jogo político. Falou para os grupos mais duros em casa, reuniu-se os lideranças empresariais, jantou com John Kerry, tomou café da manhã com Joe Biden e encontrou-se com Obama. Levou um cheque de ajuda militar e econômica. Nada além do que se espera de um Presidente do Paquistão que, como todos os outros, tenta manter-se no poder. Ponto para ele.

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