quarta-feira, outubro 16, 2013

Flanco Aberto

Enquanto Obama segue em Washington para discutir os problemas internos de seu governo, o front externo fica desguarnecido. Apesar de possuir um Secretário de Estado atuante, como John Kerry, muitas vezes a presença do Presidente, ou seja, o exercício do que é chamado de Diplomacia Presidencial, é extremamente importante. O último Presidente que exerceu com força este mecanismo no Brasil, diante das nações ricas, foi Fernando Henrique Cardoso.

Voltando a Obama. Como relatei aqui no post anterior, o Presidente americano tinha duas reuniões muito importantes na Ásia na última semana: os encontros da Asean e da Apec. Depois ele partiria para Indonésia. Ou seja, seria um giro entre Brunei, Malásia e Indonésia que ficou para trás. Como expliquei aqui, os chineses e russos agradeceram a ausência do americano, negociaram, fizeram giros movimentos políticos e posaram de líderes mundiais.

O Presidente americano ficou preso aqui em Washington para discutir dois assuntos: o shutdown, ou seja, o fechamento do governo pela falta de aprovação do seu orçamento e o risco de o país não honrar suas contas, ou seja, atingir seu nível de endividamento máximo, sem aumentá-lo - o que apenas prorroga o problema do déficit. O próprio Obama foi contra medidas assim no passado, quando o Presidente era Bush e ele era senador pelo Illinois. Ele votou contra as medidas que agora precisa tomar como Presidente.

Enfim, o Salão Oval vive dias de tensão e o Presidente está com todas atenções voltadas para a política doméstica, enquanto o flanco internacional fica em aberto. A China ocupa espaços geopolíticos na Ásia Central, a Rússia se posiciona como interlocutora na questão síria e Washington permanece imobilizada  em suas discussões internas.

Os americanos vem perdendo espaço no mundo internacional. Não falo da questão de dominação militar, mas dos meandros diplomáticos e econômicos. A capacidade bélica e humana quanto ao front militar é indiscutível, mas lembremos que este mesmo povo venceu a Guerra Fria por meio da economia sem disparar sequer um tiro. Enquanto isso a China movimenta-se em silêncio - economicamente. Os Estados Unidos precisam colocar a casa em ordem.

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