sexta-feira, outubro 11, 2013

Bom para Aécio

A entrada de Marina Silva modifica o jogo eleitoral, entretanto, pode ser de forma diferente da qual ouvimos por aí. Uma análise do mapa eleitoral do Brasil, aliado aos resultados da última eleição nos mostra claramente onde são os bolsões de votos do petismo, tucanos e Marina e vemos que Aécio tem mais a comemorar do que a lastimar com entrada da ambientalista no jogo ao lado de Eduardo Campos.

Candidato derrotado em 2010, Serra diz ser detentor de 33 milhões de votos no Brasil, ou seja sua votação no primeiro turno. Aí está o primeiro erro. Serra não é detentor destes votos. Eles são votos da oposição. O que vale dizer que qualquer outro candidato escolhido pelo PSDB chegaria a este patamar de votos, ou seja, cerca de 32%.  No segundo turno pulou para quase 44%. Em 2006, Geraldo Alckmin obteve no primeiro turno cerca de 42%, praticamente 40 milhões de votos. Aécio deve partir deste patamar de 30% pelo geografia do voto no Brasil. A região Sul, somada a parte do Sudeste e Centro-Oeste, especialmente no cinturão do agronegócio, tem uma tendência forte em votar com um nome de centro tucano.

Marina Silva, apesar de tomar alguns votos dos tucanos, não ataca diretamente seu eleitorado. Marina venceu apenas no Distrito Federal e teve boa penetração nos estados do Norte e Rio de Janeiro, onde tomou o segundo lugar de José Serra. Vemos que em nenhum destes lugares o PSDB conta com uma expressiva votação. Marina tirou mais votos de bolsões petistas e empurrou Serra, com uma robusta votação no Centro-Sul para o segundo turno.

Eduardo Campos, ao lado de Marina, terá uma penetração mais difícil no Centro-Sul. Nenhum deles possui estrutura partidária e qualquer identificação cultural nestas regiões. Será um trabalho muito difícil. A chapa Eduardo-Marina, entretanto, tem condições de realizar uma boa votação no Nordeste, bolsão petista, no Rio de Janeiro, onde os tucanos nunca emplacam e na região Norte, reduto de Lula e Marina.

Aécio tem todas as condições de chegar ao segundo turno. Precisa escolher um vice que dê sustentação ao seu projeto e robustez eleitoral onde já é forte. Um vice do Nordeste só faz sentido se for alguém de enorme expressão e que estivesse aliado ao governo, como Eduardo Campos. Juntos, fariam uma coligação imbatível, mas o casamento político do PSB com Marina inviabilizou este projeto. Aécio precisa de um vice do Centro-Oeste, ligado ao agronegócio e que carregue com robustez uma vitória avassaladora pelo interior de São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Aliás, o estado de origem de Aécio, a jóia da coroa que faltou aos tucanos para vencer os últimos pleitos, agora nas mãos do PSDB. Caberá aos tucanos fazer bom uso dela.

A vitória nunca esteva tão ao alcance dos tucanos. Depende, entretanto, como decidirão se movimentar em um jogo que virou, ao contrário do que muitos acham, favoravelmente para o seu lado.

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