quinta-feira, outubro 17, 2013

Vitória de Obama

O Presidente americano jogou com o brio dos republicanos e venceu. Alguns adversários classificaram o triunfo de Obama como vitória de pirro. Não foi. Foi mais. A expressão do Presidente, que se dirigiu aos jornalistas antes mesmo do acordo ser aprovado na Câmara, mostrava a confiança que emanava da Casa Branca. O Presidente, em tom vitorioso, anunciou duas conquistas: o aumento do teto da dívida e a reabertura do governo.

Os republicanos mostraram que não sabem ainda usar a sua maioria. Portando, o derrotado maior é o Presidente da Câmara, republicano John Bohener. Sua expressão de contrariedade após o acordo mostrava que realmente algo havia saído errado para seu partido. A oposição não conseguiu impor qualquer limite ou restrição aos gastos do governo. Ficou a promessa de que a Casa Branca revisará os custos com o intuito de baixar impostos no futuro. Nada mais vago.

Obama disse que não negociaria. Não negociou. Jogou duro com os republicanos e saiu vitorioso. O Presidente não recebe a pressão dos distritos como os deputados, que voltam toda semana para casa e são bombardeados pelos eleitores com reclamações e demandas. Os deputados enfrentam eleição no ano que vem. Obama está garantido até 2016 e já venceu sua reeleição. Será um Presidente de dois mandatos. No segundo termo, em tese, ele tem mais liberdade de ação. A reclamação dos eleitores que não recebem seus cheques, benefícios ou são prejudicados pelo governo geralmente batem nas costas dos deputados.

O final de semana aqui em Washington foi intenso. Meus amigos que trabalham no Congresso cancelaram compromissos e ficaram inteiramente dedicados ao processo de costura do acordo. Sabíamos que algo viraria até ontem. A maior preocupação era realmente com o limite de endividamento. Se os americanos não passassem o aumento do endividamento do país até ontem, o país começaria a não honrar seus papéis. Agências de classificação de risco não sediadas nos Estados Unidos já realizaram um pequeno rebaixamento do país, pelo simples fato de ter sido tão penoso chegar a um acordo. É um sinal. Alguns disseram que os chineses estão vibrando com isso. Calma. Nada mais interessante aos chineses que uma América rica e compradora de seus produtos, além do mais, os chineses também carregam estes títulos que os americanos deixariam de honrar.

No final das contas, o governo será reaberto, os republicanos ficaram desmoralizados por ter cedido e o Presidente da Câmara com sua liderança contestada. Obama não ofereceu qualquer coisa em troca e levou tudo que pediu. Em janeiro o drama se repete. Obama vai ceder? Agora você já sabe a resposta.

Um comentário:

San Tell d'Euskadi disse...

Só há uma saída para os Republicanos, a bancarrota. Apenas se houver brecha para um "eu avisei, não quiseram ouvir" é que eles poderão voltar a ficar por cima.

O problema dessa maioria na Câmara é que ela é de pouca valia. Se eles não aprovam medidas pró-governo, são tachados de ter apenas uma "agenda negativa"; se aprovam legislação própria, barra no Senado, e eles ficam como radicais ideólogos. O mesmo valeria para o outro lado, mas eles têm a Casa Branca e ela é o pivô da balança.

O GOP ainda paga pelo governo Bush o qual deveriam ter criticado mais abertamente.