quinta-feira, outubro 10, 2013

Um Novo Momento

A política do Ocidente para as questões envolvendo o Oriente Médio e o Mundo Árabe tem tomado contornos cada vez mais problemáticos. Os capítulos envolvendo a chamada "Primavera Árabe", com Síria e Líbia, além do Iraque, apenas comprovam a falta de uma política coerente para a região. Apesar de existir a possibilidade de rever ações e reorientar políticas, falta uma diretriz clara para a região.

O Iraque foi o primeiro problema. Não há dúvida que Saddam Hussein representava um perigo em termos de segurança. Entretanto, ao custo de milhares de vidas de soldados norte-americanos e outros aliados, o país hoje está nas mãos de um grupo xiita que possui laços estreitos com o Irã. Certamente existiu um erro de cálculo político. A retirada de Saddam traria outro grupo para o poder. Diante do fato de que o ditador deixaria o comando em razão da guerra, faltou estabelecer o próximo passo, ou a construção de uma situação de estabilidade política no país que se traduzisse em tranquilidade na esfera internacional.

A Síria tinha potencial para tornar-se um Iraque piorado. A saída de Assad traria uma instabilidade enorme para a região. O país é comandado por um ditador, mas diante de seus opositores, talvez ele seja a opção mais segura para o Ocidente, afinal nenhum país deseja que a Síria seja comandada por um grupo rebelde ligada aos terroristas da Al Qaeda com acesso ao armamento químico de Assad. Portanto, pelo menos neste momento, a opção de atacar a Síria é um risco que precisa ser muito bem calculado.

O mesmo problema ocorreu na Líbia. Kadafi foi destituído e o país submergiu em uma situação complicada com tribos na disputa pelo poder, milícias com ligações a grupos terroristas que comandam parte do país e um governante que não consegue controlar a situação. A escalada da violência é cada vez maior, a produção de petróleo despencou e o Embaixador americano foi brutalmente assassinado. É preciso perguntar se para o Ocidente valeu a pena. Kadafi era um ditador, mas mantinha os grupos internos sob controle e a comunidade internacional mais tranquila.

A região é permeada por ditaduras. Algumas delas simpáticas ao Ocidente, como foi Mubarak no Egito, entretanto, as intervenções externas na região acabaram por fortalecer grupos hostis aos Estados Unidos e ao Ocidente de um modo geral. É preciso parar de agir somente na demanda das situações, mapear os grupos e criar uma política consistente em relação a região. É preciso encarar o quebra-cabeças do Mundo Árabe e do Oriente Médio como parte de um todo, onde forças que não representam os preceitos morais do Ocidente estão em constante disputa pelo poder.

A sucessão de intervenções realizadas até aqui somente trouxeram mais instabilidade para a região e para o mundo. Vivemos um novo momento. É preciso parar e repensar a política. Talvez esta seja a medida que crie maiores condições de segurança para todos.

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