quarta-feira, outubro 02, 2013

Shutdown e Obamacare

Obama tem pela frente um desafio enorme. Certamente a iniciativa na área da saúde, o Obamacare, foco de todos os problemas que levaram ao Shutdown do governo, será a marca de sua administração. Se o Presidente não conseguir implementar esta agenda, passará para a história um legado de presidência fraca e vacilante. Será alguém que prometeu mudanças e não conseguiu realizar.

Vamos aos fatos. A Casa Branca levou o Obamacare para votação no Congresso e venceu. Os republicanos questionaram na Suprema Corte. Obama venceu de novo. Houve eleições. O Presidente manteve a Casa Branca e o Senado, mas perdeu o controle da Câmara. Talvez em função da polêmica quanto ao seu projeto na saúde. Não há como ter certeza. Virou o ano e o orçamento. O novo Congresso, de maioria republicana, tenta a última manobra: não aprovar o orçamento com a implementação do projeto aprovado e considerado legal pelo judiciário. Criou-se o impasse.

Acabar com o shutdown é fácil. Basta que Obama retire a previsão de financiamento do Obamacare do orçamento. Seria a vitória suprema dos republicanos. Mas o Presidente diz que retirar seu projeto de saúde está fora de questão, ou seja, não negocia nestas bases. É difícil precisar quem ganha politicamente com este ato. De um lado, os republicanos estão mostrando força para seu eleitorado, do outro podem passar a idéia de políticos intransigentes que decidiram parar o governo dos Estados Unidos. Dependerá muito da qualidade da comunicação de cada um dos lados com o eleitorado.

O impasse é maior e mais grave do que se imagina e o shutdown pode se arrastar por muito mais tempo do que o esperado, pois não há uma solução bipartidária no horizonte. Isto também é resultado da política americana atual, onde os dois lados se afastaram do centro e tem dificuldade de se acertar dentro de uma agenda mínima. O espaço para negociação, neste caso, diminui e o estabelecimento de impasses desta envergadura se estabelece.

Obama não possui uma política externa de alta envergadura. Precisa de resultados na política doméstica, mas governa um país extremamente dividido e um Congresso que é um reflexo disso. A eleição de Obama é também uma tradução desta realidade. Ele lida com um Congresso difícil, mas sempre faltou a este Presidente uma maior habilidade de lidar com o Parlamento. Muitos alertaram para os riscos de sua empreitada na área de saúde, mas ele resolveu comprar a briga. Venceu todas as batalhas políticas e jurídicas até aqui para implementar o Obamacare. Falta a última. Depois de aprovar e legalizar, agora precisa financiar. Sem maioria parlamentar, precisará negociar.

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