Já escrevi aqui sobre o vazamento das ações de espionagem norte-americanas. É fato que governos espionam. Não é bonito, mas o serviço existe. O problema, neste caso, foi a falta de cuidado - que respinga diretamente na agenda diplomática. Vazamentos evidenciam um sistema com falhas. Informações que foram coletadas pelo Estado vazaram para as mãos de terceiros.
Além disso, quem detém e vaza estas informações no momento desejado possui uma arma muito poderosa. É um instrumento que, usado de forma eficaz, pode influenciar a agenda externa norte-americana. O vazamento das informações de espionagem no Brasil, por exemplo, foram publicadas no mesmo período em que ambos os países preparavam uma visita de Estado da Presidente brasileira em Washington. Chega a ser ingênuo falar de coincidência.
Enquanto as denúncias de espionagem respingam na Casa Branca e a imagem do país segue arranhada mundo afora, na imprensa americana o assunto não é tratado com relevância. A questão do momento, depois da batalha entre Obama e o Congresso sobre o orçamento e o aumento dívida, paira sobre a funcionalidade do sistema de saúde. Quando o assunto é espionagem, a preocupação é com o monitoramento interno dos americanos. As denúncias sobre espionagem na França, Alemanha e México, veiculadas nesta semana, estão fora dos temas relevantes da semana.
É preciso mais atenção com este assunto. A preocupação com a espionagem interna deve ser tão debatida como a espionagem externa. A imagem dos Estados Unidos está sendo afetada de forma muito negativa com esta sucessão de denúncias. É preciso que a imprensa noticie o assunto de forma clara de modo a trazer o assunto ao debate nacional. Enquanto a população não entender o que seu governo vem promovendo, não conseguirá pressioná-lo em sentido contrário. Manter alianças externas e uma boa imagem no mundo faz parte de uma estratégia política e de comunicação que tem se mostrado falha. É preciso tomar providências sérias antes que valiosas alianças sejam ainda mais comprometidas.
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