sexta-feira, julho 06, 2018

Antropofagia Política

Enquanto os tucanos flertam com Aldo Rebelo, que até pouco tempo dava expediente no PC do B, para vice de Alckmin, o Democratas está inclinado a apoiar Ciro Gomes na disputa presidencial. O antigo PFL chegou a cogitar mudar seu nome para "Centro" poucos meses atrás, para deixar claro a guinada ideológica de um partido que sempre foi identificado com a direita.

Do ponto de vista da ciência política é curioso observar estes movimentos. Alguns partidos brasileiros carecem de uma análise mais apurada de timing. O PFL, convertido a Democratas, passou os governos Lula e Dilma protegendo bandeiras da centro-direita, defendendo o legado de FHC muito mais do que qualquer tucano. Pagou um preço alto. Viu sua bancada definhar no momento de maior força do petismo. Agora que o pêndulo toma o rumo da centro-direita conservadora, o partido, que possui em seus quadros nomes como Ronaldo Caiado, que se encaixaria muito bem nesta corrida presidencial, se afasta de sua história, distancia-se do que sempre defendeu e articula apoio a Ciro Gomes, hoje hospedado no partido fundado por Brizola e comandado por Carlos Lupi. Se ainda fosse vivo, Antônio Carlos Magalhães certamente impediria tal movimento.

Os tucanos, que apanharam do petismo nas urnas e no parlamento e viram sua bancada definhar, hoje cogitam trazer Aldo Rebelo, articulador político do Governo Lula, para ocupar a vice de Geraldo Alckmin. Seria curioso, se não fosse trágico. Isto praticamente inviabiliza a candidatura do ex-Governador de São Paulo em setores conservadores, entregando estes eleitores em uma bandeja de prata para Bolsonaro.

O Brasil passa por um processo de guinada conservadora. Infelizmente, alguns partidos que poderiam se beneficiar desse movimento natural do eleitor, tornaram-se clubes de interesses difusos incapazes de defender uma ideologia, apenas os interesses pessoais de seus líderes. Isto explica porque partidos de cunho conservador não conseguem se viabilizar diante de seu eleitorado tradicional. Perde a boa política. Perde o Brasil.

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